Faustão passa por transplante de coração; médicos dizem que cirurgia foi ‘sucesso’

Faustão está internado no Hospital Albert Einsten| Foto: Reprodução Instagram

O novo coração para o transplante do apresentador Fausto Silva, o Faustão, chegou neste domingo (27) ao hospital Albert Einstein, em São Paulo, e ele já recebeu o novo órgão. Faustão, de 73 anos, foi acompanhado pela equipe dos médicos Fernando Bacal, cardiologista, e Miguel Cendoroglo Neto, diretor médico e de serviços hospitalares.

A informação foi confirmada à reportagem pela equipe médica, que em seguida divulgou um boletim dando detalhes da cirurgia.

“O Einstein foi acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo na madrugada de hoje, quando foi iniciada a avaliação sobre a compatibilidade do órgão, levando em consideração o tipo sanguíneo B. A cirurgia aconteceu no início da tarde e durou cerca de 2h30. O procedimento foi realizado com sucesso e Fausto Silva permanece na UTI, pois as próximas horas são importantes para acompanhamento da adaptação do órgão e controle de rejeição”, diz o comunicado assinado por Bacal, Cendoroglo Neto e Fábio Antônio Gaiotto, cirurgião cardiovascular do Einstein.

O Ministério da Saúde divulgou um comunicado informando que, entre 19 e 26 de agosto, foram realizados 11 transplantes de coração no país, não incluindo o de Faustão, neste domingo.

Segundo o ministério, sete desses procedimentos foram realizados no estado de São Paulo. A nota explica também que a rapidez no transplante de Faustão foi devido à gravidade do caso dele.

“Neste domingo (27), mais um paciente na capital paulista foi contemplado com um transplante cardíaco, neste caso, também priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde — o apresentador Fausto Silva. Ele recebeu um coração após constatada a compatibilidade necessária para o procedimento, assim como os outros sete transplantados”, diz a nota.

O apresentador estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital desde o dia 5 de agosto, tratando uma insuficiência cardíaca e fazendo diálise. Por isso, entrou na fila do transplante para receber um novo coração.

Depois do transplante, o paciente precisa manter uma rotina de acompanhamento médico, que até seis meses da operação, consiste em consulta mensal, depois a cada dois meses e depois vai espaçando. Os cuidados se mantêm para evitar a rejeição do órgão.

Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e já estão aguardando em uma lista de espera unificada e informatizada. A posição na lista de espera é definida por critérios técnicos como tempo de espera e urgência do procedimento, compatibilidade sanguínea entre doador e receptor. A compatibilidade genética entre doador e receptores, quando necessária, é determinada por exames laboratoriais.

Outro fator importante é a localização, pois é necessário entender o tempo de duração do órgão fora do corpo. Dependendo do prazo, é preciso um avião para o transporte até o destino.

A operação de transplante de coração é complexa, diz o médico Philipe Saccab, cardiologista pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e pelo Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). “Abrimos o peito, tiramos o coração da pessoa que está debilitada, e o coração do receptor é transplantado. Ele é acoplado pelos mesmos vasos que acoplavam o coração anteriormente”, conta.

“Os corações novos vêm de pessoas que têm o diagnóstico de morte encefálica. Qualquer um de nós que tenha o diagnóstico de morte encefálica, e a família concordar com a doação dos órgãos, pode ser um possível doador de coração”, diz Saccab.

O Brasil, segundo o Ministério da Saúde, tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes no país.

A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.

Segundo os dados do ministério de 16 de agosto, 386 pessoas aguardavam pelo órgão no Brasil.

No Brasil, o órgão mais esperado para transplante é o rim, com 36.690 pessoas na fila de espera. A córnea está em segundo lugar, com 25.689, e o fígado na sequência, com 2.253. O coração, caso do apresentador Fausto Silva, está em 5º lugar.

O estado com mais pessoas na fila de transplante é São Paulo que tem 23.671. O segundo é Minas Gerais, que tem 7.096, seguido por Rio de Janeiro, com 6.138.

Até o último dia 16, foram realizados 11.264 transplantes no Brasil este ano, sendo 5.946 de córnea, 3.544 de rim, e 1.417 de fígado. Foram 244 transplantes de coração.

No mesmo período de 2022, foram 16.733 transplantes no país.

De apenas uma pessoa podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões. Com isso, inúmeras pessoas podem ser beneficiadas com os órgãos e tecidos provenientes de um mesmo doador.

No caso de doador vivo podem ser obtidos um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.

O coração, depois de ser removido do doador, tem prazo de quatro horas para ser implantado no receptor, pois depois desse prazo começa a se deteriorar.

CUIDADOS BÁSICOS PODEM EVITAR O TRANSPLANTE

Segundo João Vicente da Silveira, doutor em medicina e especialista em cardiologia, a insuficiência cardíaca se caracteriza quando o coração, que é uma bomba muscular, não consegue bombear sangue para o corpo todo.

“O coração fica tão fraco que dá cansaço aos mínimos esforços, como escovar os dentes, pentear os cabelos, até falar dá canseira, porque não tem fluxo de sangue no corpo todo. O coração cresce e fica fraco, explica Silveira.

O especialista diz que uma das principais causas que fazem a saúde se deteriorar e levar uma pessoa a precisar de transplante de coração é a falta de atenção aos cuidados básicos com a saúde.

“É importante ir ao cardiologista, aferir a pressão. A pressão alta é um assassino silencioso que dilata e enfraquece o coração. A obesidade também é um fator, o tabagismo, colesterol alto, o sedentarismo, o maldito cigarro eletrônico, tudo isso propicia a doença do coração”, alerta Silveira.

CLÁUDIA COLLUCCI / Folhapress

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