SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A urbanização desordenada transformou São Paulo em um campo fértil para a multiplicação de favelas e comunidades urbanas, como são as ocupações e os loteamentos informais. As primeiras moradias desse tipo surgiram na cidade na década de 1930, mas foi nos anos 1970 e 1980 que o número cresceu exponencialmente.
A migração em massa criou uma enorme crise habitacional e a única saída para os novos habitantes que chegavam era viver em barracos e casas precárias sem acesso à infraestrutura.
A favela mais antiga da cidade é a Palmas do Tremembé, na zona norte, que começou a se formar em 1934. De lá para cá, surgiram milhares de conjuntos de moradias similares em todas as regiões da metrópole. Segundo dados da prefeitura, em 2023 existiam 1.747 deles, concentrados na periferia, mas erguidos também em bairros que rodeiam o centro.
Entre o Campos Elíseos e o Bom Retiro, localiza-se a comunidade do Moinho, cujas 900 famílias enfrentam a possibilidade de remoção. O Moinho surgiu no começo dos anos 1990, depois que a indústria de processamento de farinha e fabricação de ração Moinho Central foi desativada.
A região central nunca teve muitas favelas, por causa da baixa oferta de terrenos vazios e do maior controle da prefeitura. Prevaleceram os cortiços e mais recentemente as ocupações do movimento dos sem-teto.
Em bairros próximos, porém, como Mooca, Tatuapé, Barra Funda e Vila Mariana, no chamado centro expandido, existiam grandes comunidades de longa existência que deram lugar a empreendimentos imobiliários. Outras sobreviveram.
Na Mooca, havia a favela do Cimento, com 216 famílias, que pegou fogo em 2019. A maior parte dos seus moradores foi transferida para um galpão na rua do Hipódromo, quase na altura do parque Dom Pedro 2º. Alguns habitantes, porém, permaneceram em uma área embaixo do viaduto Alcântara Machado.
No Tatuapé, há uma comunidade chamada Nelson Cruz, na avenida Celso Garcia, ao lado da antiga Febem.
Na Vila Mariana, há a favela Mário Cardim, a Souza Ramos e a Luis Alves, as duas última ameaçadas de despejo por causa da construção de um túnel na rua Sena Madureira. Havia também a favela do Vergueiro, que surgiu na década de 1940, onde hoje é a Chácara Klabin, e foi removida. Ela é citada na música “Mulher, Patrão e Cachaça”, de Adoniran Barbosa.
Outra comunidade com mais de 70 anos de existência removida foi a Ordem e Progresso, na Barra Funda, que ficava perto do fórum. No mesmo bairro havia também a Aldeinha, que desapareceu.
No Bom Retiro havia a favela do Gato, que deixou de existir e deu lugar a um parque, nas imediações da avenida do Estado, Uma parte das famílias que moravam no local foram para o Moinho. Alguns de seus habitantes ainda ocupam uma área próxima do Detran.
Segundo o censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), São Paulo tem cerca de 1,7 milhão de pessoas vivendo em favelas.
A primeira do Brasil foi a do Morro da Providência, no bairro da Gamboa, no Rio de Janeiro. Foi formada no final do século 19 por soldados que retornavam da Guerra de Canudos, não tinham onde morar e construíram barracos no local.
O termo favela se refere a um arbusto típico da região da Bahia onde aconteceram os combates contra Antônio Conselheiro.
VICENTE VILARDAGA / Folhapress