Fazer depósito no caixa é algo desconhecido para 26% da geração Z, diz pesquisa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No Brasil, 26% dos jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) nunca fizeram um depósito no caixa eletrônico. Outros 16% jamais tiveram a experiência de ficar na fila do caixa de uma agência bancária e 14% não sabem o que é realizar um saque em cédulas.

Já entre a geração X (nascida entre 1965 e 1980), 24% nunca usaram um cartão de crédito virtual e 23% desconhecem como funciona uma carteira virtual. Entre os baby boomers (quem hoje tem mais de 60), a carteira virtual é algo inusitado para 48% e, o cartão de crédito virtual, para 47%.

Estes são alguns dos resultados do estudo “A nova relação com o dinheiro”, realizado pelo instituto Ipsos a pedido do Nubank, para entender como a digitalização e democratização do acesso transformam a forma como as pessoas se relacionam com o dinheiro e os serviços financeiros. O estudo foi apresentado na manhã desta terça-feira (22) na sede do banco digital, em São Paulo, durante o evento Summit de Impacto Financeiro.

A pesquisa contou com 1.800 participantes das gerações Z, millennials, X e baby boomers do Brasil, Colômbia e México (países onde o banco atua), que responderam entrevistas online. No caso da geração Z, o estudo se concentrou apenas em maiores de 18 anos, embora essa faixa etária inclua os que têm hoje entre 15 e 25 anos.

No Brasil, 4% dos entrevistados são da classe A, 30% da classe B e 66% da classe C. Do total no país, 48% são homens e 52% são mulheres. A maior fatia (34%) pertence à faixa etária de 18 a 34 anos, 21% de 35 a 44 anos, 17% de 45 a 54 anos e 28% a partir de 55 anos. O estudo foi feito entre 20 e 30 de setembro e tem margem de erro de 4 pontos percentuais.

APENAS 10% NO BRASIL VÃO ÀS AGÊNCIAS PAGAR BOLETO

“Me colocaram como geração X, mas eu me sinto millenial”, brincou Lívia Chanes, 43, presidente do Nubank Brasil, que na apresentação exibiu imagens de longas filas de banco e retirada de bastante dinheiro em caixa para dizer que este era o normal da sua infância.

“Hoje os aplicativos [de banco] e o internet banking representam o principal ponto de contato das pessoas com o seu dinheiro”, afirmou, destacando que, no Brasil, nos últimos seis meses, 38% dos entrevistados não foram a uma agência bancária.

De acordo com o levantamento, hoje 74% dos brasileiros se sentem seguros para realizar transações financeiras online, o mesmo percentual entre os colombianos. Já no México este índice é maior, de 85%. Mas entre os três países, o Brasil é onde menos correntistas estiveram em uma agência bancária no último mês: 26%, contra 42% da Colômbia e 43% do México.

No Brasil, atualmente 66% fazem pagamentos pelos aplicativos da conta digital e 33% pelo internet banking. Aqueles que visitam agências para pagar boleto somam 10%. Dos entrevistados, 8% pagam contas pelo telefone e 7% pelo caixa eletrônico.

Também para consultar saldo e extratos os meios preferidos são os aplicativos (66%) e o internet banking (35%). Apenas 10% usam o caixa eletrônico, 9% visitam uma agência bancária para este fim e 7% fazem as consultas por telefone.

30% BUSCAM EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS REDES SOCIAIS; 21% COM AMIGOS OU GERENTE

A pesquisa Ipsos questionou sobre onde o público busca informações sobre educação financeira. No Brasil, 39% responderam no próprio site ou aplicativo dos bancos.

As redes sociais são a opção de 30%, uma fatia próxima dos que procuram nos sites especializados (29%). Os sites de notícias são a fonte de 25%, enquanto 21% se informam com amigos ou com o gerente do banco.

No Brasil, 24% dos clientes do Nubank acima dos 18 anos têm “caixinhas” -como o banco chama as reservas de dinheiro para objetivos específicos. Já entre os que têm menos de 18 anos e somam 3 milhões de clientes, 27% mantêm economias. As reservas mais comuns são para “emergências” e “sonho de consumo”.

Dos atuais 105 milhões de clientes do Nubank, 95,5 milhões estão no Brasil, segundo números de junho deste ano. Em junho de 2023, eram 79,4 milhões no país. No país, 66% dos clientes gostariam que o seu banco fizesse recomendações sobre investimentos, de acordo com a pesquisa Ipsos -um percentual abaixo do observado na Colômbia (73%) e no México (75%).

‘IR À AGÊNCIA FECHAR CONTA FOI UMA EXPERIÊNCIA RUIM’, DIZ JOVEM DE 19 ANOS

No evento, o Nubank apresentou entrevistas gravadas com alguns dos seus clientes, para mostrar o quanto o acesso a crédito via meios digitais pode ser decisivo para a inclusão financeira e a boa experiência de consumo.

No México, a gerente de produto Mayte Guerrero, de 28 anos (geração millenial), diz que, quando começou a querer um cartão de crédito, nenhum banco a atendeu porque solicitava “histórico de crédito”. “Mas como eles esperavam que eu tivesse um histórico de crédito se não me deixam começar?”, questionou.

No Brasil, a aposentada Elza Moraes, 82 (baby boomer), lembrou sem saudades das longas filas nas agências. “A fila começava lá no caixa e a gente estava para fora da porta do banco, na rua.”

Já o estudante brasileiro Lucio Gomes, 19 (geração Z), diz que não consegue se ver no “sistema antigo” dos pais, indo presencialmente ao banco. “O jeito que eu lido com o dinheiro é totalmente virtual”, afirmou. “Só fui uma vez ao banco para fechar uma conta. E foi uma experiência muito ruim.”

A dentista colombiana Mónica González, 48 (geração X), diz que passou por uma crise devido à vida financeira desorganizada. “Cheguei a um ponto que não conseguia mais acompanhar, por causa da minha ignorância de não saber como gastar e o que eu precisava pagar”, afirmou. Com o Nubank, disse, aprendeu a usar o cartão de crédito.

DANIELE MADUREIRA / Folhapress

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