Fed mantém juros inalterados nos EUA apesar da pressão de Trump

PELOTAS, RS (FOLHAPRESS) – O Fed (Federal Reserve) decidiu nesta quarta-feira (7) manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50% pela terceira vez consecutiva. A decisão, tomada de forma unânime entre os diretores, ocorre em meio à incerteza econômica induzida pelas políticas tarifárias do governo de Donald Trump e aos apelos do republicano por um corte de juros.

A manutenção da taxa era esperada pelo mercado na reunião desta quarta, uma vez que as autoridades do Fed já vinham indicando que queriam ter uma visão mais clara dos rumos da economia antes do próximo movimento na taxa de juros.

O banco afirmou que a economia continua expandindo em “ritmo sólido” apesar do impacto das variações nas exportações nos dados econômicos. O comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) destacou que a inflação continua um pouco elevada, mas também citou um mercado de trabalho firme e as taxas de desemprego em níveis baixos no comunicado da reunião.

Por volta de 15h30 (horário de Brasília), o presidente do Fed, Jerome Powell, conversará com jornalistas sobre a decisão. “Esperamos que a principal mensagem da entrevista coletiva de Powell seja a de que o comitê está bem posicionado para aguardar mais clareza antes de fazer qualquer alteração na política monetária”, escreveu Michael Feroli, economista-chefe do J.P. Morgan para os EUA.

Na última reunião do Fed, em março, o comitê de política monetária americano (Fomc, na sigla em inglês) já havia dito que “a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou”, sem citar diretamente as tarifas de Trump.

Na reunião de março, as autoridades diminuíram a expectativa de crescimento do PIB neste ano, aumentaram projeções para inflação e projetaram uma taxa de desemprego mais alta no fim de 2025. Powell disse à época que essas perspectivas tendem a ser uma consequência das tarifas.

De lá para cá, as políticas comerciais continuaram muito instáveis. Duas semanas depois da reunião do banco, Trump anunciou tarifas sobre a maioria dos parceiros comerciais dos EUA e acelerou uma guerra comercial com a China.

Em seguida, as tarifas recíprocas sobre a maioria dos países foram pausadas para negociações, e a tensão com os chineses continuou crescendo. Os mercados financeiros também oscilaram violentamente no intervalo entre as reuniões do banco em resposta às tarifas.

Para um banco que vem se definindo como “dependente de dados” nos últimos anos, os indicadores econômicos divulgados nas últimas semanas também ofereceram pouca previsibilidade: enquanto o PIB caiu no primeiro trimestre, a criação de empregos em abril ficou acima das expectativas e os gastos dos consumidores cresceram.

“Os dados que estão chegando não são nem bons nem ruins o suficiente para forçar o Fomc a revelar suas intenções”, escreveu Steve Englander, chefe de estratégia macro do Standard Chartered para a América do Norte. “Não fazer nada e dizer menos é provavelmente uma opção bem-vinda quando há tanta incerteza sobre as políticas fiscais e tarifárias e suas consequências econômicas e no mercado de ativos.”

Enquanto isso, a inflação, medida pelo índice PCE, que o Fed usa para definir sua meta de inflação de 2%, desacelerou em março para 2,3%, taxa mais baixa em cerca de meio ano. O resultado virou argumento para Trump, que voltou a pedir o corte da taxa de juros.

dê um conteúdo

benefício do assinante

Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.

benefício do assinante

Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.

Já é assinante? Faça seu login

ASSINE A FOLHA

Copiar link

Salvar para ler depois

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Oferta Especial: R$1,90 no 1º mês

Assine a Folha

OFERTA ESPECIAL FOLHA

Conecte-se ao jornal mais influente do Brasil

Apenas R$ 1,90 no 1º mês

+6 meses de R$ 9,90/mês

ASSINE A FOLHA

Descrição de chapéujuros

Fed mantém juros inalterados nos EUA apesar da pressão de Trump

Terceira manutenção consecutiva da taxa acontece em meio a incertezas sobre efeitos das tarifas adotadas pelo republicano

dê um conteúdo

benefício do assinante

Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.

benefício do assinante

Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.

Já é assinante? Faça seu login

ASSINE A FOLHA

Copiar link

Salvar para ler depois

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

7.mai.2025 às 15h00

Atualizado: 7.mai.2025 às 15h18

Ouvir o texto

Diminuir fonte Aumentar fonte

Helena Schuster

Pelotas (RS)

O Fed (Federal Reserve) decidiu nesta quarta-feira (7) manter a taxa de juros dos Estados Unidos na faixa de 4,25% a 4,50% pela terceira vez consecutiva. A decisão, tomada de forma unânime entre os diretores, ocorre em meio à incerteza econômica induzida pelas políticas tarifárias do governo de Donald Trump e aos apelos do republicano por um corte de juros.

A manutenção da taxa era esperada pelo mercado na reunião desta quarta, uma vez que as autoridades do Fed já vinham indicando que queriam ter uma visão mais clara dos rumos da economia antes do próximo movimento na taxa de juros.

O banco afirmou que a economia continua expandindo em “ritmo sólido” apesar do impacto das variações nas exportações nos dados econômicos. O comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) destacou que a inflação continua um pouco elevada, mas também citou um mercado de trabalho firme e as taxas de desemprego em níveis baixos no comunicado da reunião.

A imagem mostra o edifício do Federal Reserve, com uma fachada de estilo neoclássico. O edifício é visível entre árvores sem folhas, em um cenário de luz suave do início da manhã. A bandeira dos Estados Unidos está hasteada no topo do edifício, e o céu é claro, com tons de azul.

Sede do Fed em Washington – Joshua Roberts – 26.jan.22/Reuters

Por volta de 15h30 (horário de Brasília), o presidente do Fed, Jerome Powell, conversará com jornalistas sobre a decisão. “Esperamos que a principal mensagem da entrevista coletiva de Powell seja a de que o comitê está bem posicionado para aguardar mais clareza antes de fazer qualquer alteração na política monetária”, escreveu Michael Feroli, economista-chefe do J.P. Morgan para os EUA.

Na última reunião do Fed, em março, o comitê de política monetária americano (Fomc, na sigla em inglês) já havia dito que “a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou”, sem citar diretamente as tarifas de Trump.

Na reunião de março, as autoridades diminuíram a expectativa de crescimento do PIB neste ano, aumentaram projeções para inflação e projetaram uma taxa de desemprego mais alta no fim de 2025. Powell disse à época que essas perspectivas tendem a ser uma consequência das tarifas.

De lá para cá, as políticas comerciais continuaram muito instáveis. Duas semanas depois da reunião do banco, Trump anunciou tarifas sobre a maioria dos parceiros comerciais dos EUA e acelerou uma guerra comercial com a China.

Em seguida, as tarifas recíprocas sobre a maioria dos países foram pausadas para negociações, e a tensão com os chineses continuou crescendo. Os mercados financeiros também oscilaram violentamente no intervalo entre as reuniões do banco em resposta às tarifas.

Para um banco que vem se definindo como “dependente de dados” nos últimos anos, os indicadores econômicos divulgados nas últimas semanas também ofereceram pouca previsibilidade: enquanto o PIB caiu no primeiro trimestre, a criação de empregos em abril ficou acima das expectativas e os gastos dos consumidores cresceram.

“Os dados que estão chegando não são nem bons nem ruins o suficiente para forçar o Fomc a revelar suas intenções”, escreveu Steve Englander, chefe de estratégia macro do Standard Chartered para a América do Norte. “Não fazer nada e dizer menos é provavelmente uma opção bem-vinda quando há tanta incerteza sobre as políticas fiscais e tarifárias e suas consequências econômicas e no mercado de ativos.”

Enquanto isso, a inflação, medida pelo índice PCE, que o Fed usa para definir sua meta de inflação de 2%, desacelerou em março para 2,3%, taxa mais baixa em cerca de meio ano. O resultado virou argumento para Trump, que voltou a pedir o corte da taxa de juros.

Autoridades do Fed já vem afirmando que as tarifas devem aumentar a inflação e podem afastar o banco da meta de 2% -a questão é se esse será um aumento pontual ou o início de um problema de inflação mais persistente. A resposta pode determinar com que cuidado o Fed irá agir em termos de redução.

“Nossa obrigação é manter as expectativas de inflação de longo prazo bem ancoradas e garantir que um aumento único no nível de preços não se torne um problema de inflação contínuo”, disse Powell em um discurso em abril.

Para muitos especialistas, a política tarifária de Trump bota o banco em um dilema entre cortar as taxas para ajudar a evitar uma desaceleração econômica acentuada ou mantê-las altas para prevenir um novo surto de inflação.

HELENA SCHUSTER / Folhapress

COMPARTILHAR:

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.

NOTÍCIAS RELACIONADAS