Fed reduz juros em 0,25 ponto percentual pela terceira vez seguida nos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) anunciou nesta quarta-feira (18) um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país. Com isso, ela passa a ser de 4,25% a 4,5% ao ano.

Esta é a terceira redução consecutiva de 0,25 ponto percentual da autarquia financeira, após ficar quatro anos sem diminuição.

O terceiro corte foi definido mesmo com a inflação tendo acelerado nos últimos dois meses e atingido 2,7% no acumulado dos 12 meses em novembro.

Foi a última reunião do Fed neste ano e também a última sob gestão do governo Joe Biden. O presidente eleito, Donald Trump, já anunciou que deve manter Jerome Powell na presidência do Fed, cujo mandato acaba em maio de 2026. Na campanha eleitoral, Trump questionou a independência do órgão.

Os mais de seis anos de Powell no comando do Fed têm sido importantes, mas os próximos meses podem apresentar novos desafios, bem como uma oportunidade de resolver algumas questões em aberto.

PLACA DE “PARE”

A principal missão de Powell é “concluir o ‘pouso suave’ com inflação de 2% e pleno emprego, em um cenário que provavelmente será mais complicado”, com políticas tributárias, tarifárias e de imigração que podem dificultar a leitura do cenário econômico, disse Donald Kohn, ex-vice-chair do Fed, que agora é membro sênior da Brookings Institution.

Apesar de todas as críticas que o Fed recebeu por não ter elevado juros mais rapidamente quando a inflação se acelerou em 2021, os rápidos aumentos que acabaram sendo realizados e o retorno da economia global a um patamar mais normal após a pandemia da Covid-19 têm trazido a inflação para perto da meta de 2%.

Mas o trabalho ainda não terminou. No próximo ano, Powell terá que orientar o debate entre as autoridades sobre quando interromper os cortes nos juros sem ir tão longe que a inflação se recupere ou ir tão devagar que o mercado de trabalho se enfraqueça, tudo isso levando em conta as políticas do novo governo de Donald Trump.

AMBIENTE FISCAL ESTÁVEL

Trump tem prometido mudanças amplas nas políticas fiscais, comerciais, de imigração e regulatórias que podem tornar mais desafiadora a tarefa do Fed de manter os preços estáveis e o pleno emprego.

Com uma economia provavelmente operando dentro ou acima de seu potencial, impostos mais baixos ou regulamentações mais frouxas poderiam desencadear uma inflação mais alta ao impulsionar ainda mais a demanda e o crescimento; a deportação generalizada de imigrantes poderia restringir a oferta de mão de obra e pressionar os salários e os preços para cima; as tarifas poderiam aumentar o custo dos produtos importados.

Porém, os efeitos não serão unilaterais —os preços mais altos das importações podem enfraquecer a demanda ou fazer com que os consumidores optem por substitutos locais, por exemplo— restando ao Fed tentar entender o impacto total das políticas que podem levar tempo para serem promulgadas e implementadas.

FIM SILENCIOSO DO APERTO QUANTITATIVO

Os Treasuries e os títulos lastreados em hipotecas detidos pelo Fed dispararam durante a pandemia como parte de seus esforços para manter os mercados estáveis e apoiar a recuperação econômica.

Agora, o banco central dos EUA está reduzindo seu balanço patrimonial à medida que os títulos expiram, um processo conhecido como aperto quantitativo.

Há um limite para a redução do balanço patrimonial antes de deixar o sistema financeiro com falta de reservas. Powell e seus pares gostariam que o aperto continuasse pelo maior tempo possível, mas também querem evitar distúrbios dos mercados de financiamento, como aconteceu em 2019.

Encontrar o ponto de parada certo e decidir como gerenciar o balanço patrimonial daqui para frente é uma parte do trabalho inacabado do resgate financeiro relacionado à pandemia que Powell precisa concluir para que a política monetária volte ao “normal”.

ESTRUTURA MAIS ROBUSTA

Parte do legado de Powell estará vinculada às mudanças na estratégia de política monetária que o Fed debateu em 2019 e aprovou em 2020, quando a pandemia havia mudado o foco do banco central para a correção do que era, na época, um desemprego maciço.

Tendo como contexto uma década anterior de inflação baixa, eles adotaram uma nova estrutura operacional que dava mais peso à recuperação do emprego e se comprometeram a usar períodos de inflação alta para compensar os erros anteriores.

A abordagem rapidamente se tornou defasada em relação a uma economia na qual o mercado de trabalho se recuperou rapidamente e que, em 2021, mostrou sinais de intensificação da inflação.

Powell reconheceu que as mudanças que ele supervisionou em 2020 foram muito focadas no que provavelmente era um conjunto único de circunstâncias, e uma revisão este ano determinará se a estrutura deve ser alterada novamente.

Um desafio: como garantir que as diretrizes operacionais evitem o comprometimento excessivo com qualquer um dos dois mandatos do Fed.

EVITAR UMA GUERRA REGULATÓRIA

Junto da política fiscal, o governo Trump pode tentar reformular a forma como os bancos são regulados, uma área em que o Fed tem responsabilidade direta como supervisor e interesses mais amplos de estabilidade financeira e política monetária como “emprestador de última instância” para instituições financeiras que, de outra forma, seriam dignas de crédito mas enfrentam problemas.

Powell concentrou grande parte de sua energia como chair do Fed na construção de relacionamentos com membros do Congresso, e esses laços podem ser importantes à medida que os parlamentares debatem possíveis mudanças nas regulações bancárias e na estrutura de supervisão usada para aplicá-las.

Redação / Folhapress

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