SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro dia da Feira do Livro, neste sábado (29), em São Paulo, mostrou como foi necessário se organizar para conviver com as obras ainda inconclusas do Pacaembu. O evento literário, que vai até o dia 7 de julho, acontece na praça Charles Miller –justamente por onde operários e materiais de construção precisam circular.
Quem chega ao evento pela entrada principal, no encontro entre a avenida Pacaembu e a rua Alagoas, vê à sua esquerda o canteiro administrativo de obras e, à direita, geradores com alertas de perigo. No lado direito de quem olha para o estádio do Pacaembu, há tendas do almoxarifado da obra, onde ficam guardados materiais de construção.
Já ao lado do auditório Armando Nogueira, no Museu do Futebol, onde acontecem alguns debates, estão as obras da bilheteria.
“Tivemos uma negociação. Trabalhar num espaço público é negociar expectativas”, diz Alvaro Razuk, arquiteto responsável pelo evento e um dos diretores da feira.
“É uma obra que não pode parar. A construtora está evitando passar com veículos durante o fim de semana. Trabalhamos juntos para ter um desenho sem prejuízo para ambos os lados. Entre não fazer a feira e realizá-la nesta condição, que não é a ideal, preferimos fazer.”
Adriano Bastos, gerente administrativo das obras do Pacaembu, lembra que foi acionado há dois meses pela equipe da feira.
“Aqui, durante a semana, é um fluxo bem intenso por causa da obra”, diz ele, que precisou desmontar algumas tendas em um espaço hoje ocupado pela feira, entre outras decisões. “Mas o principal objetivo das nossas conversas foi equacionar a logística mesmo, de caminhões e material de construção.”
Até onde foi possível ver, não houve grandes perturbações para o evento literário. Neste sábado, o debate com o embaixador Rubens Ricupero foi invadido pelo forte barulho de uma furadeira, que depois foi interrompido.
Segundo a organização da feira, o ruído nada tinha a ver com o Pacaembu e sim com outra obra, no museu.
“Falei com a presidente da Organização Social que administra o museu, ela disse que ia ligar lá e pedir para parar. Mas tem que entregar o museu, não é possível parar uma obra durante 15 dias, então temos que ajustar as expectativas. Todo mundo tem que sobreviver”, diz Razuk.
Não é só a Feira do Livro que precisa conviver com as obras. Do outro lado do estádio, acontece até este domingo (30) a Arpa Feira de Arte, no Mercado Pago Hall, o novo espaço de eventos do Pacaembu.
Quem entra, pela rua Capivari, vai dar de cara com alguns tapumes que tentam esconder uma série de andaimes. O espaço da feira é nos andares de subsolo, acima dos quais haverá um hotel, ainda em construção.
“Há certos desafios operacionais que foram sendo sanados. A obra parou um pouco durante os dias do evento”, diz Camilla Barella, fundadora e diretora da ArPa. “Mas de certa forma já convivíamos com a obra em outras edições, quando ficávamos no pavilhão temporário no campo de futebol. Havia a escavação das arquibancadas nas laterais.”
O Pacaembu já teve alguns eventos cancelados este ano depois que já tinham sido anunciados.
Em janeiro, o estádio sediaria a final da Copa São Paulo, por exemplo, mas a Federação Paulista de Futebol, a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e a Allegra cancelaram o evento sob a justificativa de que a estrutura não era suficiente.
Algo parecido aconteceu em abril, com um show de Roberto Carlos, cancelado horas antes da apresentação do cantor, após uma vistoria do Corpo de Bombeiros determinar que o local não era seguro para receber o público.
A concessionária Allegra Pacaembu disse na época discordar da determinação e afirmou seguir todas as normas vigentes na cidade.
“Estava bem confiante que nosso evento não teria esse problema. Estávamos avançando com questões legais, alvarás etc. Acho que aquilo foi um caso pontual”, diz Camila Barella, da ArPa.
MAURÍCIO MEIRELES / Folhapress