SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS0 – Defensoras dos direitos das mulheres lamentaram, nesta terça-feira (25), que Julian Assange não tenha sido questionado sobre as acusações de estupro e outros crimes sexuais na Suécia. O fundador do WikiLeaks deixou a prisão no Reino Unido na segunda-feira (24) e deve fazer um acordo em um tribunal dos Estados Unidos que o libertará após cinco anos de pena.
Entre 2012 e 2019, Assange se refugiou na embaixada do Equador em Londres para evitar extradição para a Suécia por conta das acusações de estupro de 2010. Ele afirmou que o país nórdico poderia, por sua vez, extraditá-lo para os EUA, onde enfrentava acusações de espionagem.
Assange rejeitou as acusações suecas. As investigações foram encerradas em 2017, por conta da reclusão do acusado na embaixada, mas reabertas dois anos depois.
Em 2019, os promotores suecos encerraram de vez a investigação por estupro dizendo que o relato da autora era crível, mas que o tempo havia enfraquecido as evidências.
“É uma traição contra as mulheres que o denunciaram e que não tiveram a chance de obter reparação legal”, disse Clara Berglund, chefe do Lobby das Mulheres Suecas, uma organização que compreende grupos de direitos das mulheres.
“É um capítulo de vergonha e traição que termina com a sua libertação”, disse ela. “Trata-se de um caso que ocorre nos principais palcos políticos, e à violência dos homens contra as mulheres é dado incrivelmente pouco peso.”
Um porta-voz de Assange não respondeu a pedidos de comentários da agência de notícias Reuters.
Elisabeth Massi Fritz, advogada da autora do caso de estupro, disse que é ruim que Assange não possa ser julgado na Suécia. “Havia evidências e teria sido de grande importância tê-las testadas em um tribunal sueco. Para a autora, é extremamente importante”, disse.
Uma das mulheres que apresentou queixas contra Assange na Suécia por agressão sexual, Anna Ardin, disse no X que recebeu bem a sua libertação. “Eu não tive nenhum poder aqui, mas estou feliz que ele esteja livre e espero que ele possa lutar pela transparência e pelos direitos humanos, sem molestar mulheres”, afirmou.
Redação / Folhapress