SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – É preciso atenção para encontrar a única diferença na carroceria do Fiat Pulse Impetus 2025 em relação ao modelo 2024. São idênticos, exceto pela plaqueta com a inscrição “T200 Hybrid” colada na traseira do modelo mais novo.
A mudança está debaixo do capô: a adoção de um sistema híbrido leve que combina eletricidade, etanol e gasolina. É o primeiro degrau entre as novas opções disponíveis no portfólio do grupo Stellantis.
A tecnologia adotada consiste em um motorzinho elétrico que substitui o sistema de arranque e o alternador. Isso alivia o trabalho do já conhecido 1.0 turbo (130 cv) usado em boa parte dos carros da montadora à venda no Brasil.
Uma pequena bateria de lítio instalada sob o assento do motorista se encarrega de acumular a energia que será aproveitada em partidas e retomadas. Mas o conjunto eletrificado não dá conta de mover o carro sozinho.
“A partir do híbrido leve, todas as soluções têm a função de reduzir o uso de combustível líquido”, afirma João Irineu Medeiros, vice-presidente de assuntos regulatórios da Stellantis na América do Sul. Ele menciona que o sistema adotado no Fiat testado pode reduzir o consumo em aproximadamente 11% no uso urbano, seja com etanol ou com gasolina.
Um roteiro por ruas da região centro-sul de Belo Horizonte foi o espaço escolhido pela Fiat para apresentar a tecnologia. O objetivo era dirigir ambos os carros pelo mesmo trajeto e, em seguida, comparar os consumos urbanos.
Os tanques estavam cheios de etanol, de acordo com a proposta de reduzir as emissões de poluentes. A primeira parte ocorreu ao volante da versão Impetus híbrida flex, com preço sugerido de R$ 140.990.
Foi fácil achar a posição ideal ao volante, e isso se deve principalmente à regulagem de profundidade da coluna de direção. Mas a Fiat trata esse equipamento como item de luxo, já que só está presente nas opções mais caras de seu SUV compacto.
O câmbio automático do tipo CVT, que simula sete marchas, combina bem com o motor turbo. O Pulse não se intimidou diante das ladeiras de Belo Horizonte, mantendo o vigor nas retomadas mesmo nos trechos mais íngremes.
Nas paradas, o motor a combustão desligava automaticamente, voltando a funcionar logo que o pé era retirado do pedal de freio. Esse sistema start/stop não deu trancos nem emitiu vibrações ao longo do teste, o que mostrou a evolução proporcionada pela tecnologia híbrida flex.
Entretanto, não é possível desabilitar o sistema, já que o objetivo é atingir a máxima eficiência energética e, por consequência, reduzir a queima de combustível. Embora contribua para a redução das emissões de poluentes, pode gerar desconforto em dias muito quentes.
Quando o motor a combustão para de trabalhar momentaneamente, o compressor do ar-condicionado automático também tem o funcionamento interrompido. Os engenheiros da Fiat afirmam que o sistema foi calibrado para perceber o aquecimento da cabine e, quando necessário, religar o conjunto.
Só o uso cotidiano mais prolongado irá dizer se funciona a contento. Além disso, a avaliação foi realizada em um dia de temperatura amena na capital mineira.
Os 11 quilômetros do teste foram percorridos em 43 minutos e a uma velocidade média de 15 km/h. Os dados foram exibidos na tela digital do quadro de instrumentos, que pode mostrar também o fluxo de energia entre motor e bateria.
No fim, a média urbana do Pulse híbrido flex abastecido com etanol ficou em 6,1 km/l. O passo seguinte foi fazer o mesmo circuito com o Fiat sem o sistema híbrido flex.
A pequena diferença de tempo entre um teste e outro foi suficiente para o trânsito se tornar mais fluido em Belo Horizonte. Ao volante, a única diferença perceptível ocorreu nos momentos em que o sistema start/stop antigo entrou em funcionamento. Na hora de religar o motor a combustão, foi possível notar a vibração da partida.
Dessa vez, os mesmos 11 km foram percorridos em 38 minutos. A velocidade aumentou, chegando à média de 17 km/h. Ou seja, a versão convencional do Pulse Impetus foi beneficiada pelas condições do trânsito o que não foi suficiente para se sair melhor em consumo. A média ficou em 5,4 km/l.
O teste curto comprovou que o sistema híbrido leve funciona de fato, embora não seja tão eficiente como os conjuntos que possuem baterias maiores e motores capazes de movimentar o carro. João Irineu Medeiros, do grupo Stellantis, explica que o objetivo do momento é popularizar a tecnologia, atingindo um número maior de pessoas.
Além da versão Impetus, o Pulse T200 Hybrid é oferecido na opção Audace, que custa R$ 125.990. A lista de equipamentos é mais enxuta e não inclui a regulagem de profundidade da coluna de direção.
Há ainda o Fastback híbrido flex, que se destaca pelo porta-malas com 516 litros de capacidade. Nesse caso, os preços começam em R$ 151.990.
*
CONHEÇA OS TIPOS DE CARROS ELETRIFICADOS DISPONÍVEIS NO MERCADO
BEV (Battery Electric Vehicle) São os carros movidos apenas por eletricidade. Possuem plugues para recarga rápida, que podem ser diferentes de acordo com o padrão utilizado pelo país de origem do modelo. O mais comum é o adequado às tomadas CCS, comumente utilizadas em carros de marcas europeias e americanas exceto a Tesla, que tem um sistema próprio.
PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle) a sigla se refere aos veículos híbridos que possuem um plugue externo para recarga, além da possibilidade do uso de gasolina ou etanol, se for flex. É possível selecionar o modo elétrico e, a depender da capacidade das baterias, rodar por algo entre 30 km e 150 km sem queimar combustível.
HEV (Hybrid Electric Vehicle) São os híbridos plenos, a exemplo de Toyota Corolla Hybrid Flex, Honda Civic e:HEV e Kia Niro. Cada um desses carros tem seu sistema próprio, cujo objetivo é gerenciar os motores elétricos e a combustão para escolher a forma mais eficiente de rodar.
MHEV (Mild Hybrid Electric Vehicle) São os chamados híbridos leves. Nesse caso, a eletricidade ajuda a reduzir a queima de combustível nas partidas e fornece torque extra nas arrancadas, entre outros recursos.
EDUARDO SODRÉ / Folhapress