LAS VEGAS, EUA (UOL/FOLHAPRESS) – Os minicampos vistos na Copa América 2024, nos Estados Unidos, são um problema com o qual a Fifa vai ter que lidar para a Copa do Mundo de 2026. E a entidade já reconhece isso.
Essa equação entre os interesses dos donos ligados a times da NFL e a Fifa ainda não foi resolvida completamente, por mais que a entidade já saiba desde 2018 que a Copa de 2026 será em solo norte-americano (ao lado de México e Canadá).
A Fifa vai usar na Copa do Mundo oito estádios que estão na Copa América.
Para o Mundial de Clubes, as sedes ainda não foram definidas. Se optar pelos estádios “grandões” da NFL, pode ter dor de cabeça já no ano que vem.
O cenário atual faz como que os gramados tenham perda de 5m de comprimento e 4m de largura na comparação com o padrão Fifa. Ou seja, a Copa América é disputada em campos com dimensões 100m x 64m e não com 105m x 68m, como nos principais torneios do mundo.
A dificuldade de mudança estrutural se dá porque não é lucro para os donos dos estádios quebrar a arquibancada, diminuir a capacidade do estádio e entregá-lo nas mãos do soccer, perdendo tempo e dinheiro que pode ser ganho com a própria NFL, shows e eventos.
A Conmebol observa essa mobilização e ainda não recebeu da Fifa como se dará a operação.
O reconhecimento do problema por parte da Fifa vem desde a formalização da candidatura dos Estados Unidos para ser sede.
O QUE DISSE A INSPEÇÃO DA FIFA
No relatório de avaliação feito para a eleição da sede da Copa 2026, a Fifa pontuou que os estádios tinham problemas.
“A largura maior do campo de jogo em estádios da Copa do Mundo comparada com a dimensão de outros esportes jogados nos estádios propostos pode resultar em um considerável número de assentos com visão obstruída”, indicou o documento.
Durante a visita dos inspetores da Fifa, soluções foram colocadas, como a elevação do campo de jogo em pelo menos nove dos 23 estádios que estavam na candidatura inicial de EUA/Canadá/México.
Só sete desses 23 iniciais atingiram o requisito sem necessidade de intervenção relacionado à dimensão do campo. Ou seja, 16 daqueles 23 estádios teriam que passar por algum tipo de adaptação temporária em relação ao tamanho do gramado.
Ao fim das contas, a Copa do Mundo terá 11 estádios nos Estados Unidos. Alguns têm um cenário mais simples de adaptação ou não precisam de obras tão profundas.
Mas o SoFi Stadium, em Los Angeles, palco da estreia do Brasil é um dos casos mais extremos de demanda por ajuste estrutural para a Copa.
A final será no Metlife Stadium, em East Rutherford, Nova Jersey. Ele já recebeu jogos da seleção brasileira, com dimensões “normais” de campo.
Mesmo assim, a administração já sinalizou com a retirada de assentos para abrir espaço ao que a Fifa deseja. O Metlife é casa do New York Giants e do New York Jets na NFL.
No AT&T Stadium, do Texas, casa dos Dallas Cowboys, deve ter seu campo elevado, segundo a imprensa local, ajudando no campo de visão e no aumento da dimensão.
Por mais que a MLS seja paralisada durante a Copa do Mundo, não é negócio para a Fifa recorrer a estádios de times de soccer. A capacidade é menor, muitos variando entre 18 mil e 25 mil pessoas. Consequentemente, o retorno com bilheteria despencaria algo que a Conmebol não quis nem cogitar. Procurada, a assessoria da Fifa não retornou.
EDER TRASKINI E IGOR SIQUEIRA / Folhapress