Filho de Biden é condenado por mentir sobre uso de drogas ao comprar arma

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Hunter Biden, único filho vivo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi condenado por um júri nesta terça-feira (11) por mentir, em setembro passado, sobre seu uso de drogas para comprar uma arma em outubro de 2018 e a possuir ilegalmente por 11 dias.

Um júri composto por 12 membros em um tribunal federal de Wilmington, no estado de Delaware, o considerou culpado dos três delitos pelos quais foi acusado, tornando Hunter o primeiro filho de um presidente americano em exercício a ser condenado em um processo criminal.

O juiz não definiu uma data para a sentença contra Hunter, mas declarou que o prazo costuma ser de até 120 dias. No limite, a divulgação poderia ocorrer a menos de um mês da eleição presidencial, em 5 de novembro, na qual seu pai busca a reeleição em disputa contra Donald Trump, que no fim de maio se tornou o primeiro ex-presidente dos EUA considerado culpado pela Justiça em uma ação criminal.

Se receber a pena máxima para as condenações, Hunter teria de cumprir até 25 anos de prisão, embora réus primários geralmente recebam sentenças menores. Além disso, condenados que não tenham usado sua arma para cometer crimes não costumam ficar presos.

Em comunicado, Biden declarou que respeitará o resultado. “Eu sou o presidente, mas também sou pai”, disse. “Muitas famílias que tiveram entes queridos lutando contra o vício entendem o sentimento de orgulho ao ver alguém que você ama sair do outro lado e ser tão forte e resiliente na recuperação. Aceitarei o resultado deste caso e continuarei respeitando o processo judicial enquanto Hunter considera um recurso”.

Biden já havia dito em entrevista à ABC News na semana passada, enquanto o julgamento já acontecia, que não concederia indulto a Hunter em caso de condenação.

Hunter, 54, que sempre declarou inocência, assentiu levemente com a cabeça após a leitura do veredito. Deu um tapinha nas costas de seu advogado, Abbe Lowell, e abraçou outro membro de sua equipe jurídica.

Após sair do tribunal de mãos dadas com a mãe, a primeira-dama Jill Biden, e com sua mulher, Melissa Cohen Biden, ele disse estar “mais grato pelo amor e apoio” de sua família do que “decepcionado com o resultado”. “A recuperação é possível pela graça de Deus e sou abençoado por experimentar esse presente um dia de cada vez”, afirmou.

Trump manifestou-se em uma nota divulgada por sua campanha: “Este julgamento não passou de uma distração dos crimes reais da Família do Crime Biden, que arrecadou dezenas de milhões de dólares da China, Rússia e Ucrânia”. Não há evidências de que Joe Biden tenha recebido grandes somas de dinheiro da China ou tenha enriquecido de outra forma como resultado dos negócios de seu filho no exterior.

Um depoimento crucial durante o julgamento e que tornou mais difícil a situação de Hunter foi o da ex-cunhada, Hallie Biden, viúva de Beau Biden, que morreu de câncer em 2015. Ela declarou que frequentemente limpava a picape do cunhado procurando por drogas, na tentativa de ajudá-lo a abandonar o vício, que ele reconheceu publicamente.

Hallie, que admitiu ter mantido um relacionamento com Hunter no fim de 2015 ou início de 2016, disse que numa de suas buscas na picape dele encontrou vestígios de crack e o revólver Colt Cobra calibre 38, que o levou à condenação. Ele afirmou temer que ele ou seus filhos encontrassem a arma e se machucassem.

“Entrei em pânico e queria me livrar dela [arma]”, disse Hallie, que também admitiu ter ficado viciada quando Hunter, segundo ela, lhe apresentou o crack. Ela diz que se livrou da dependência química em 2018.

Durante o julgamento, no dia em que Hallie depôs, os jurados assistiram a imagens de câmeras de vigilância nas quais a ex-cunhada joga a arma de Hunter em uma lata de lixo de supermercado, bem como mensagens de texto onde ela disse que temia pela vida dele.

O argumento que a defesa usou ao longo das audiências foi o de que o filho do presidente havia passado por tratamento de drogas e poderia ter se considerado sóbrio quando comprou a arma, em outubro de 2018.

Na sessão da última sexta (7), o dono e um ex-funcionário da loja onde Hunter comprou a arma testemunharam a pedido da defesa e afirmaram que ele não estava sob efeito de drogas. Os advogados também convocaram Naomi, filha de Hunter, para tentar atenuar o impacto do depoimento de Hallie.

De acordo com a CNN, Naomi admitiu saber que seu pai estava “lutando contra o vício”, mas que nunca o viu usando drogas na frente dela. “Depois da morte do meu tio, as coisas pioraram”, disse ela, referindo-se a Beau Biden. Naomi afirmou ainda que, no fim de outubro de 2018, usou a picape de seu pai e que não viu drogas no veículo.

Redação / Folhapress

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