RÁDIO AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO
Botão TV AO VIVO TV AO VIVO Ícone TV
RÁDIO AO VIVO Ícone Rádio

Filho de Cravinhos anula paternidade no STJ

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – A 2ª Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorizou, de forma unânime, que o filho de Cristian Cravinhos, um dos condenados pelo assassinato do casal von Richthofen, retire o nome do pai de todos os seus documentos.

Falta de vínculo emocional pesa para a decisão. Segundo Mario Delgado, advogado especialista em direito de família, a Justiça, cada vez mais leva em consideração os laços efetivos das famílias. “O que une as pessoas é o afeto, por isso, prioriza-se vínculos afetivos”, explica. A ausência desse fundamento foi primordial para que o nome de Cristian fosse retirado do documento do filho —ele só teve contato com o rapaz, que hoje tem 26 anos, em três oportunidades ao longo da vida.

Decisão pode demorar anos. Segundo o especialista, para uma ação como essa é necessário um procedimento ordinário, que seria a apresentação de provas para o juiz, além da oitiva de testemunhas. “Não tem como dizer qual o tempo exato, mas é um processo demorado”, diz o advogado.

Sobrenome Cravinhos já não era usado pelo rapaz desde 2009, como mostrou o colunista do UOL Rogério Gentile. O filho de Cristian tinha três anos quando o crime ocorreu, em 2002. Em 2009, ele conquistou o direito de retirar o sobrenome Cravinhos dos documentos, por causa do constrangimento que isso lhe causava na escola, mas ainda tinha de manter o nome de Cristian como pai nos registros como certidão de nascimento e RG.

“Tenho vergonha”, disse ele à Justiça, na ação na qual pedia a anulação da paternidade. O caso foi revelado pelo colunista do UOL Rogério Gentile em 2020.

Agora, com a decisão do STJ, o rapaz poderá romper legalmente com seu genitor. Caso foi parar na terceira instância da Justiça depois que Cristian tentou evitar que sua paternidade fosse anulada.

Decisão é incomum. “O caso dele é desconstituição de paternidade, que é suprimir o nome do pai nos documentos. Mas não dá para dizer que é cancelar a filiação biológica, porque isso, tradicionalmente, não é permitido. A paternidade é irrevogável, conforme o Código Civil”, diz Mario Delgado.

É possível ter mais de um nome de pai nos documentos, se for necessário. “É o que chamamos de paternidade socioafetiva. A justiça tem, com frequência, adicionado o nome do pai de criação na certidão de nascimento”, diz Delgado.

Outros envolvidos no crime também se desvencilharam de seus sobrenomes. O irmão de Cristian, Daniel, abandonou o sobrenome Cravinhos para adotar o da primeira esposa, em 2014, enquanto Suzane abandonou o sobrenome dos pais para usar o Magnani Muniz, da avó, em dezembro de 2023.

Cristian continua preso. Condenado a 38 anos de prisão pela morte da mãe de Suzane, Marísia, cumpre pena na Penitenciária de Tremembé. Ele voltou ao presídio depois de tentar subornar policiais quando cumpria o regime aberto, em 2018.

RAFAELA POLO / Folhapress

COMPARTILHAR:

Mais do Colunista

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Participe do grupo e receba as principais notícias de Campinas e região na palma da sua mão.

Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.