Filho de Eder Jofre diz que pai influenciou decisão de Maguila de doar cérebro para pesquisa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O pugilista Adilson “Maguila” Rodrigues, que morreu nesta quarta quinta-feira (24) aos 66 anos, terá seu cérebro doado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para pesquisas. A decisão, tomada há seis anos, foi influenciada por Eder Jofre, segundo o filho Marcel Jofre.

Desde 2013, Maguila lutava contra a encefalopatia traumática crônica (ETC), que é incurável e acometeu Jofre também. A doença degenerativa é comum em esportistas que sofrem pancadas na cabeça, como no boxe, rugby e futebol.

“É importantíssimo disseminar a ciência e a consequência do impacto no cérebro”, diz Marcel.

Marcel comemora a evolução do diagnóstico e maior proteção dos atletas, mas admite que é um processo lento. “Cada dia é um passo. Quando meu pai lutava, a doença não era nem conhecida. Hoje, há um maior resguardo, que precisa avançar. A doação é um caminho para que isso ocorra.”

Maguila sempre declarou sua idolatria por Jofre, mas a relação dos dois não para ai.

“Meu pai, à época em que o Maguila se profissionalizou, também deu aval, junto com a Olivetti, para que aportasse recursos na carreira de Maguila. Pouca gente sabe disso, mas a Olivetti pediu um conselho e meu pai falou: pode colocar dinheiro no homem que ele vai arrebentar”, conta Marcel.

“Era uma relação bacana de amizade e consideração”, concluiu.

Além disso, o boxeador sergipano foi treinado pelo tio de Eder, Ralf Zumbano.

“Maguila foi importantíssimo para o boxe brasileiro. Ele e meu pai elevaram o esporte a número dois do pais, à época. Além de ser uma personalidade nota 1 milhão, exemplar”, continua.

DOENÇA DO PUGILISTA

Doença provocada por repetidos traumatismos na cabeça ou no crânio, a encefalopatia traumática crônica, ou demência do pugilista, que acometeu Maguila, morto nesta quinta (24), pode afetar também praticantes de outros esportes.

Embora seja associada a boxeadores, há estudos apontando que praticantes de outros esportes de luta, do rugby, do futebol, entre outros, além de militares que passam por treinos que envolvam impacto na cabeça, podem ser alvos da doença.

Segundo o neurologista Vitor Tumas, professor e pesquisador da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, todo trauma repetido de crânio pode predispor a pessoa a ter doenças degenerativas de uma forma geral, como Parkinson.

A exposição repetitiva ao traumatismo de crânio pode ocorrer em pancadas, golpes e sacudidas na cabeça, situações que fazem com que o cérebro se mova bruscamente dentro da caixa craniana.

“Podem ser traumas até leves, o que importa é o quanto isso é repetido”, diz ele. Segundo ele, o conhecimento sobre o impacto desses traumas no desenvolvimento de doença degenerativas levou a mudanças nas regras esportivas.

DIEGO ALEJANDRO / Folhapress

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