RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Filipe Luís foi apresentado oficialmente como treinador do Flamengo. O ex-lateral disse que a pressão de comandar o Rubro-negro é um privilégio, pediu união entre todos no clube e afirmou que quer recuperar o futebol de Gabigol.
Preparado para o desafio: “Me preparei muito para esse momento aqui e estou muito feliz. Um desafio muito importante. Preciso de todos, dos jogadores, da torcida, da diretoria, precisamos nos unir cada vez mais para a gente colocar o Flamengo onde o Flamengo merece. Sozinho eu não vou conseguir, com certeza”.
Esse desafio pode parecer uma pressão gigante, gigantesca, mas para mim é um privilégio poder estar guiando o melhor elenco da América até o caminho onde eu quero levar. Filipe Luís
Recuperar Gabigol: “Eu sei da capacidade que tem o Gabriel, e não importa o tempo de contrato. Se são um ou dois meses, dois anos, cinco anos… Eu vou dar a vida não só por ele, mas por todos esses jogadores para poder melhorá-los individualmente e fazer com que eles joguem de uma forma coletiva e organizada. Que eles sejam uma peça dessa engrenagem, que façam a equipe funcionar”.
“Eu vou fazer de tudo que está no meu alcance para recuperar o melhor nível do Gabriel, o alto nível dele, o alto rendimento que ele tem, que ele já teve. Mas assim que ele começar a falar no campo, que ele começar a ser o Gabriel que eu conheci, com certeza ele vai recuperar os minutos para ter sequência e desempenhar o melhor futebol dele.”
FILIPE ASSINA ATÉ DEZEMBRO DE 2025
O ídolo do clube estará com o Flamengo até 31 de dezembro de 2025, e não interinamente. Marcos Braz, vice de futebol do clube, assumiu o erro pelo anúncio como “interino” em nota oficial.
Filipe estava no sub-20 e assume a equipe principal após a demissão de Tite na última segunda-feira. Ele já estreia nesta quarta contra o Corinthians, pela semifinal da Copa do Brasil.
Filipe era o único nome de consenso da diretoria neste momento após a demissão de Tite. Trazido como interino, ele assume um papel que Mário Jorge costumava fazer quando algum treinador saía.
Não houve uma grande necessidade de convencimento. A diretoria tomou a decisão sobre a demissão e comunicou ao ex-jogador, que prontamente se colocou à disposição.
O QUE MAIS ELE DISSE
Melhorar o time como um todo: “Não estou aqui só para melhorar o Gabriel, estou para melhorar a equipe e não só ele. Vou tentar melhorar o Gabriel, o Carlinhos, o Bruno Henrique… Vou dar todas as instruções, mas eu tenho que respeitar todos”.
Os prós de ter feito parte do elenco: “O pró é que eu conheço esse grupo como ninguém. Eu sei das lideranças, eu sei o que acontece. Eu estava presente durante cinco anos nesse mesmo grupo. Acho que chegaram só três ou quatro jogadores desde que eu me aposentei.
Separar o lado treinador: “Vou tomar decisões e eu sei, porque conheço todos eles, que vão incomodar alguns jogadores e que alguns deles vão ficar bravos comigo, mas não é com o Filipe Luís pessoa, é com o Filipe Luís treinador. Então é importante separar isso aí, que a maior forma de respeitar todos esses jogadores é treinando, deixando eles preparados para o jogo”.
Decisões profissionais: “As minhas decisões vão agradar alguns, outros não, mas o importante é que a cobrança e o elogio vão existir. Não vou dar tratamento especial. Quando for necessário, vou ter cuidado por algum deles. Obviamente que todos merecem ser tratados de forma diferente, mas sempre colocando a equipe e o Flamengo em primeiro lugar. Com esses valores é que eu me guio, para não confundir nunca amizade com profissionalismo”.
Trabalho de Tite: “Eu não quero me comparar com nenhum trabalho anterior, quero começar um novo Flamengo com a minha cara. Eu pego um time que não está um caos, não é um time que pega jogadores descompromissados. Tem organização, o Tite deixou muitas coisas boas de herança para esse time aqui, e deixou o time com uma vitória. Eu pego um time que, com os ajustes que eu vou fazer sobre o meu modelo e a minha forma de pensar o jogo, vai competir da melhor forma. Isso significa atacar bem e também defender bem. A minha maneira, né?”.
Ideias de jogo: “Eu quero que seja um time muito impressionante. Quero que seja um time muito incômodo para o adversário, que saiba competir muito bem em todas as fases do jogo e que seja um time compacto”.
Treinador jovem: “Eu não acredito que a idade te traga experiência, e sim as vivências que você teve. Eu tive muitas vivências no futebol. Mas, sim, sou um treinador jovem, não dá para fugir disso. E por mais que durante muitos e muitos anos eu já pensava como treinador, eu conversava com outros treinadores e ia visitá-los muitas vezes na Europa nas férias… Eu me preparei muito, mas não é a mesma coisa. Então, esse passo aqui pela base para mim era fundamental”.
Trabalho na base do Fla: “Conhecer, montar metodologia de treino para ver realmente se eu conseguia fazer o time jogar da maneira que eu sonhava. E pouco a pouco eu fui vendo essa evolução, fui me sentindo melhor, mais confortável no campo, montei uma comissão que me ajuda muito”.
Estreia contra o Corinthians: “Acho que o melhor para estrear é um jogo importante. Um jogo onde tem a pressão, tem peso, é uma semifinal. Nesse jogo não preciso motivar ninguém, os jogadores estão super motivados. Todos querem ganhar, todos querem passar, querem chegar nessa final, e para isso vamos ter que fazer um jogo de excelência. Ir tentando recuperar a confiança, que os jogadores se sintam cômodos e confortáveis com a bola, onde eles possam saber perfeitamente onde o companheiro está. E que a qualidade possa se juntar e aparecer cada vez mais nesse modelo de jogo”.
Comunhão com torcida: “Já aproveito pra pedir que essa comunhão exista durante o jogo, porque eu vi essa torcida ganhar para a gente. Eu senti essa energia e a gente precisa recuperar isso. Que o estádio não esteja dividido, que essa torcida esteja sempre animando o nosso time, que precisa muito”.
LUIZA SÁ E ANDRÉ MARTINS / Folhapress