Filipinas reagem a disputa marítima e convocam embaixador da China

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos Jr., convocou nesta segunda (7) o embaixador que representa a China em seu país para explicar um incidente marítimo do fim de semana envolvendo as duas nações e um disputado banco de areia no mar do Sul da China.

“Nosso ministro das Relações Exteriores convocou o embaixador Huang Xilian e entregou uma nota com fotos e vídeos do que aconteceu. Aguardamos sua resposta”, disse à imprensa Bongbong, como também é conhecido o líder filipino, filho do ditador Ferdinand Marcos.

No sábado (5), a Guarda Costeira chinesa teria usado canhões de água e feito “movimentos perigosos” contra navios filipinos que escoltavam embarcações com suprimentos para suas tropas mobilizadas no banco de areia Ayungin, ou Second Thomas, como também é chamado. “Foi uma ação ilegal e perigosa”, afirmou a Guarda Costeira das Filipinas em um comunicado.

Ninguém ficou ferido durante o incidente, mas um dos dois barcos filipinos que transportavam suprimentos não conseguiu completar sua missão.

Pequim reivindica grande parte desse território, pelo qual transitam trilhões de dólares em mercadorias por ano, apesar das reivindicações de Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã, que circundam o mar.

A China ignorou uma decisão de 2016 do Tribunal Permanente de Arbitragem, com sede em Haia, que considerou sem fundamento a reivindicação histórica de Pequim sobre a maior parte desse mar.

Para Jonathan Malaya, um alto funcionário do Conselho de Segurança Nacional das Filipinas, o episódio de sábado foi uma situação “de Davi contra Golias”, mas não vai impedir a permanência de seu país no local.

“Nunca abandonaremos o banco de areia Ayungin”, continuou Malaya, ao afirmar que não atenderia ao pedido de Pequim para remover um navio de guerra do local, intencionalmente aterrado em 1999 para reforçar as reivindicações de soberania das Filipinas. “Continuaremos reabastecendo as tropas no navio encalhado pelo tempo que for necessário”, disse Malaya em entrevista coletiva em Manila, capital filipina.

A China, por sua vez, alega ter adotado as “medidas necessárias” contra barcos que teriam entrado ilegalmente em suas águas territoriais. Em um comunicado divulgado nesta segunda, Pequim disse que já havia dito para as Filipinas não enviarem materiais para reparos nem reforços em grande escala ao navio de guerra aterrado.

O uso de canhões de água pela China contra barcos filipinos não foi inaugurado no sábado —em novembro de 2021, embarcações de Manila foram atingidas durante uma missão para fornecer comida e água para soldados mobilizados no banco de areia.

O episódio mina os esforços para fortalecer a confiança entre Manila e Pequim. Os laços entre as duas nações ficaram tensos sob a gestão do presidente Bongbong, que escolheu voltar sua atenção para seu aliado tradicional, os Estados Unidos. Washington expressou seu apoio a Manila e acusou a China de “ameaçar a paz e a estabilidade regionais”.

No início de abril, o governo filipino anunciou quatro novas bases militares que serão usadas pelos EUA. Uma delas fica perto do mar do Sul da China; a outra, não muito longe de Taiwan.

A China criticou o acordo, dizendo que ele “põe a paz e a estabilidade regionais em risco”, e no final daquele mês, se envolveu em um incidente semelhante ao de sábado. Na ocasião os dois países se acusaram de fazer manobras perigosas e provocativas com seus navios de patrulha no mar do Sul da China em um episódio que quase terminou em colisão.

Redação / Folhapress

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