Filme já é importante sem o Oscar, diz Fernanda Torres sobre ‘Ainda Estou Aqui’

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Cotada para ser indicada ao Oscar de melhor atriz por “Ainda Estou Aqui”, Fernanda Torres pensa que o longa-metragem tem boa chance de receber pelo menos uma nomeação na categoria de filme internacional. Mas não é isso o que mais importa agora, ela diz.

“Muito vem se falando sobre o prêmio, e estamos trabalhando para receber indicações em outras categorias, além de filme internacional. Mas o filme por si só é um acontecimento, ele é uma porta de entrada para o mundo. O Oscar é muito importante por várias questões, mas não é a medida de tudo”, disse a atriz.

Torres seguiu falando sobre o Oscar de melhor atriz que Fernanda Montenegro perdeu para Gwyneth Paltrow em 1999 por “Central do Brasil”. “Quando mencionam o prêmio da mamãe, eu tento explicar que se um ator brasileiro, falando português, é indicado, ele já ganhou. Tem que ir para lá sem expectativa porque não vai levar a estatueta. Só explicando isso para as pessoas já ficarem contentes.”

A atriz conversou com a imprensa em entrevista coletiva do filme em São Paulo, no Espaço Augusta, ao lado do diretor do filme, Walter Salles, e do ator Selton Mello. Ele interpreta Rubens Paiva, um ex-deputado que foi morto pelo governo federal durante a ditadura. Mas a protagonista é sua esposa, a Maria Eunice de Fernanda Torres, que precisa lidar com o luto enquanto busca justiça pelo marido e cria sozinha seus cinco filhos.

“É um filme que fala do passado para iluminar o presente”, diz Mello, com lágrimas nos olhos. Ele leu “Feliz Ano Velho” na adolescência, livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do Rubens Paiva retratado no filme. “Me marcou muito. Nunca poderia imaginar que um dia interpretaria o pai dele.”

Marcelo, que também escreveu o livro que deu origem ao filme, disse na coletiva que “Ainda Estou Aqui” é “tipo de filme que as pessoas estavam com saudade de ver”. Ele dá risada ao compará-los com as franquias de super-heróis feitas por Hollywood, lembrando que o novo “Coringa” está sendo considerado um fracasso.

O filme do vilão do Batman, que tem Lady Gaga como coprotagonista, foi exibido no Festival de Veneza, bem como “Ainda Estou Aqui”, e Paiva lembra que lá ele já tinha sido mal recebido. “Agora a competição é entre Fernanda Torres e Lady Gaga”, ele brinca.

Sobre os méritos do filme, Torres diz que um dos maiores deles é fazer os jovens entenderem o sofrimento que muitas pessoas viveram na ditadura.

“Eu sei o que é viver num país fechado para o mundo, com muito medo. Vejo que parte dos jovens hoje acham que nosso problema é a democracia. Eu tenho certeza que esses mesmos jovens não gostariam de viver no país que eu vivi, e talvez esse filme ajude ele entender os motivos.”

GUILHERME LUIS / Folhapress

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