Fogo em parque de Brasília continua apenas no subterrâneo e por brasas

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os incêndios no Parque Nacional de Brasília e na Reserva Biológica (Rebio) da Contagem, também no Distrito Federal, diminuíram nesta quinta-feira (19) e atualmente não há mais chamas altas nestes locais.

As queimadas agora se resumem ao fogo subterrânes e em brasas, que ainda produzem fumaça.

Atualmente existem quatro frentes de fogo, três delas dentro do parque nacional e que já caminham para extinção, e uma na Rebio, que é a mais ativa. Os dois locais são geridos pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

Apesar de ainda haver produção de fumaça, ela é muito menor e já não causa o impacto de outros dias na cidade de Brasília, que chegou a ficar coberta por uma névoa pesada de fuligem durante três madrugadas seguidas.

O incêndio no parque nacional começou no domingo (15) e se intensificou muito na segunda-feira (16), quadruplicando de tamanho em poucas horas.

Até aqui, o governo do Distrito Federal já identificou três suspeitos de terem ateado fogo nas margens do parque, conhecido como Água Mineral, e causado a queimada.

Um segundo incêndio começou, também na segunda, na Reserva Biológica da Contagem.

Ambos foram controlados já na terça-feira (17), e as ações de combate por parte dos brigadistas e do ICMBio seguem atualmente.

Nesta quarta (18), a Folha visitou regiões de mata de galeria do parque nacional, onde acontecem os incêndios subterrâneos, e registrou o momento em que os agentes encontraram uma anta, viva, mas queimada pelo fogo.

O animal agora está sob cuidados do zoológico da capital federal.

É um animal macho e jovem (tem entre 5 e 10 anos e já vive de forma independente no habitat), que pesa 73 kg. Ele teve suas quatro patas queimadas, perdeu as unhas em razão do fogo e inalou fumaça, de acordo com boletim sobre o seu estado de saúde.

Não há registro de animais mortos até aqui.

O fogo subterrâneo acontece com a queima de matéria orgânica acumulada em camadas abaixo da terra. Também chamado de incêndios de turfa, eles são comuns no pantanal, mas também acontecem nas matas de galeria do cerrado. São difíceis de combater porque podem arder por dias e até semanas no subsolo, sem serem detectados na superfície a olho nu.

“Esse tipo de incêndio é muito perigoso. Pelo menos ele é mais lento [para se alastrar que os da superfície], mas é muito difícil de conseguir conter”, afirmou o sargento Pires, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal.

A expectativa é que o trabalho nesses locais ainda dure cerca de sete dias, se a situação se mantiver como está, mas há casos em que o cenário se prolonga por semanas.

Alguns destes focos atualmente estão em matas de galeria, vegetação que fica à beira dos rios e é muito mais sensível ao calor, por exemplo, que as plantas mais tradicionais de cerrado a céu aberto.

Sua destruição ameaça a existência de bacias hidrográficas e, portanto, de todo o ecossistema ao seu redor –agentes do parque já projetam que ações de regeneração da mata serão necessárias após os incêndios.

JOÃO GABRIEL / Folhapress

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