‘Foi como se o chão sumisse’, diz morador de prédio esvaziado em Praia Grande

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – “Foi como se o chão desaparecesse por um momento.” O jornalista Pedro Henrique Oliveira, 40, estava em seu apartamento nesta terça (13) quando escutou um barulho.

Pedro mora com a mulher, uma filha de cinco anos, um filho de 11 e o sogro no edifício Giovannina Sarane Galavotti, em Praia Grande, litoral paulista, esvaziado na tarde após apresentar danos estruturais. Não houve feridos.

“Escutamos um barulho, um estouro, como se o prédio tivesse dado um soco para baixo. Não sabia o que estava acontecendo. Abri a porta e vi os vizinhos também sem entender o que se passava”, conta o morador.

Em seguida, conta, desceu de elevador até a garagem e, ao chegar, escutou outros dois barulhos, mas fracos. “Depois no grupo de WhatsApp apareceu o síndico pedindo para que todos saíssem do prédio”, diz Pedro.

Ainda não se sabe o que pode ter provocado o dano estrutural no edifício. Em nota, porém, aponta que o problema afetou três pilastras do prédio, que tem 23 pavimentos, mais o subsolo.

Ao todo são 133 apartamentos distribuídos em 19 andares de moradias. Parte dos apartamentos é de veraneio. Cerca de 250 pessoas moram permanentemente no edifício. Não há prazo para que voltem a suas casas

“A Prefeitura de Praia Grande informa que o edifício Giovannina Sarane Galavoti, localizado na avenida Jorge Hagge, número 80, no Bairro Aviação, ficará interditado totalmente até que o condomínio apresente uma série de documentações técnicas”, diz o município, em nota.

Uma série de documentos foi requisitada ao condomínio e à empresa responsável pela obra, a Construtora e Incorporadora de Imóveis JR, que diz que “prontamente deslocou engenheiros e técnicos [ao edifício] para identificar suas causas”.

“Tão logo os laudos sejam emitidos, a construtora não se eximirá de prestar assessoria aos condôminos”, afirma a construtora.

Obras de escoramento das pilastras começaram a ser realizadas e devem ser concluídas até o final desta quarta (14). Outra medida adotada foi o esvaziamento da caixa-d’água do prédio, segundo a prefeitura.

A engenheira civil Fabiana Albano, diretora de Relações Institucionais do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo), afirma que, como o problema ocorreu em pilastras do prédio, fica caracterizada uma sobrecarga na estrutura do edifício.

“Isso pode ter ocorrido por três fatores: erro no projeto, erro na execução do projeto ou uma obra que tenha sido realizada depois de o edifício estar pronto”, afirma Albano.

A engenheira diz ainda ser possível a reestruturação dos pilares. “Hoje existem várias tecnologias para isso”, afirma. A obra, porém, frisa a representante do Crea, é complexa e precisa ser feita por profissionais especializados.

Os moradores começaram por volta das 19h desta terça a ter acesso momentâneo e coordenado a seus apartamentos, apenas para pegar roupas e documentos. Diante do quadro, muitos ainda buscam onde ficar.

Pedro Oliveira estava com a família até esta terça em um hotel, mas vai se transferir para um imóvel de aluguel por aplicativo. “Estamos guardando todos os recibos para depois ver como vai ficar a questão do reembolso”, afirma.

Segundo a prefeitura, uma investigação sobre o que pode ter provocado os danos estruturais ao edifício será feita pelo Polícia Civil e por uma empresa de consultoria que será contratada pela construtora e pelo condomínio.

LEONARDO AUGUSTO / Folhapress

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