RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma das cenas mais comentadas nos últimos dias em “Renascer” envolve Dona Inácia, interpretada por Edvana Carvalho, e Padre Santo (Chico Díaz). Nela, a cozinheira de José Inocêncio (Marcos Palmeira) menciona os orixás, elementos fundamentais de sua fé, e explica a relação de alguns deles com a natureza. Ela também fala sobre o Candomblé, religião de matriz africana.
“Foi de arrepiar, era um texto lindo. Com muita verdade, respeito e consistência como toda a novela, diga-se de passagem, do Benedito Ruy Barbosa e agora nessa readaptação do Bruno [Luperi]”, exalta Edvana. “Me emociono de ver a cena e me emociono vendo a repercussão”, completa.
Baiana, a atriz conta ter sido criada dentro do sincretismo do Candomblé, em Salvador. Além de sua vivência na religião, ela conta que a novela tem uma assessoria para tratar as questões relacionadas a este assunto e também sobre a representatividade dos povos originários.
“A novela está muito bem assessorada e tem que ser assim porque estamos lidando com a religião do outro, no meu caso. Não tem porque a gente rebaixar ou supervalorizar… Você pode escolher uma ou nenhuma, mas é preciso respeitar todas”, afirma.
Edvana reforça a preocupação não só dela como de toda a equipe com os assuntos que possam gerar discussões na sociedade. “Não quero falhar. Eu e todos nós, claro. Não quero falar uma coisa que seja uma inverdade ainda mais com essa estrutura feita há anos no país: as pessoas entendem de uma forma errada tudo o que vem do negro”.
A atriz também se diz honrada em interpretar a personagem vivida por Chica Xavier (1932-2020) na primeira versão da novela. “Dona Chica vem dessa geração de atrizes que nos inspiraram e abriram caminhos”, diz Edvana.
Ela presta uma sutil homenagem à veterana, usando um par de brincos com pedrinhas vermelhas. O acessório é bem semelhante ao que a personagem da versão original usava. “Achei emocionante e bonito que não fosse uma joia totalmente igual porque eu não faria uma mesma Inácia. É um sinal de gratidão às pretas que vieram antes de mim”.
ANA CORA LIMA / Folhapress