RIO DE JANEIRO, RJ, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em blocos espalhados pelo país, foliões botaram a criatividade para sair às ruas. O ex-presidente Jairo Bolsonaro (PL) foi um dos alvos principais das graças exibidas em fantasias, que também brincavam com o atual cenário da dengue e até com a necessidade de emprego.
“A mais criticada, porém a mais amada”, brinca a redatora e roteirista Maíra Athayde, 36, ao explicar sua fantasia de carteira de trabalho em bloco no Rio
A inspiração da fantasia, conta ela, surgiu a partir do debate que passou a perceber entre a geração mais nova. Se era melhor a autonomia de freelancer ou a estabilidade garantida pela CLT.
“A CLT é um direito pelo qual a gente lutou por muito tempo. Se hoje ela está desatualizada ou não é compatível com os novos tempos, cabe a nós lutar para mudá-la”, diz.
Athayde ainda brinca que ela, como freelancer, está usando para atrair uma contratação definitiva.
“Dizem que sou lenda, mas estou aqui para provar que eu existo”, brinca, entrando no personagem.
A operação da Polícia Federal desta semana, que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de abolir o estado democrático de direito, também foi lembrada pelos foliões no Carnaval.
A pesquisadora Natashe Monte, 36, se reuniu com os amigos para sair de passaporte apreendido do ex-mandatário.
“A gente estava no bar e ficamos conversando sobre a operação e o que tinha acontecido. Pensamos até em sair de pepita de ouro”, diz a Monte, fazendo referência ao que foi apreendido na casa do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, preso na última quinta-feira (8).
Confira tudo sobre o Carnaval pelo país A pesquisadora completa: “Mas a gente decidiu que queremos fazer todas as etapas até Bolsonaro for preso. Vamos comemorar”.
A foliona Cristina Riggitano foi outra que se inspirou na operação da Polícia Federal de quinta-feira. Na fantasia, com roupa de presidiária, ela segurava uma pasta com a frase “decreto do golpe”.
A inspiração para uma fantasia de carnaval foi quase imediata quando o economista Henrico Angelo, 26, soube da operação da Polícia Federal contra o ex-presidente.
“Queria uma fantasia que dialogasse com a realidade e que também fosse interativa”, afirma ele, que é morador de São Paulo e participava da folia na região de Pinheiros, zona oeste.
A fantasia faz alusão aos mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF. A frase “toc, toc, toc. Quem é?” estampa uma placa em formato de porta pendurada no pescoço de Angelo. “É a Polícia Federal”, diz a mensagem no interior.
O folião conta que a ideia simples tem funcionado para atrair a atenção na festa. “Estão todos entusiasmados com a verdade vindo à tona”.
CAMILA ZURUR, BRUNA FANTTI E LEONARDO ZVARICK / Folhapress