SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Forças da Venezuela impuseram um cerco à embaixada da Argentina em Caracas na noite desta sexta-feira (6).
Ao menos quatro patrulhas, sendo duas da agência de inteligência venezuelana e duas da polícia, seguiam na área na tarde deste sábado (7), segundo a agência de notícias AFP. Além disso, agentes do regime estabeleceram nos arredores do prédio um posto de controle para verificar a identidade dos passantes.
O local está sob custódia do Brasil desde 5 de agosto, quando a ditadura chavista expulsou de sua capital os diplomatas de Buenos Aires. As tensões diplomáticas entre o regime e os países ao seu redor se acirraram após as eleições presidenciais que deram um novo mandato a Nicolás Maduro no final de julho, acusadas de fraude.
Seis pessoas estão asiladas na embaixada, todas ligados à oposição ao regime.
Segundo o relato de um desses asilados, Pedro Urruchurtu Noselli um dos coordenadores da campanha da líder oposicionista María Corina Machado, homens encapuzados e armados cercaram o prédio por volta das 19h.
Vídeos publicados no seu perfil no Instagram mostram carros das forças de segurança patrulhando pela rua, em ações que seguiam neste sábado (7). “Cada vez maior a presença de funcionários encapuzados. Fecharam o trânsito para veículos na rua”, escreveu Noselli.
Ele acrescentou que o edifício estava sem eletricidade, algo que outra refugiada na missão diplomática, Magalli Meda, corroborou no X, de acordo com a agência AFP.
A ministra da Segurança argentina, Patricia Bullrich, disse que o Sebin, o serviço secreto venezuelano, cercou o prédio “com o objetivo de entrar e violar todas as normas internacionais”.
Em mensagem de áudio dirigida aos venezuelanos, Bullrich disse que “estamos consternados com o que está acontecendo, a possível incursão e tomada da embaixada argentina, que neste momento está sob a bandeira do Brasil”.
A Venezuela comunicou o Brasil que revogou a custódia do país sobre a missão, mas o Itamaraty disse que pretende permanecer à frente dela até que a Argentina designe um novo país para representar seus interesses em Caracas.
“Este é um chamado a toda a comunidade internacional, a todos os venezuelanos, para resistir a essa brutalidade do regime absolutamente autoritário e ditatorial de Maduro”, prosseguia o áudio de Bullrich. “Nós, argentinos, estamos absolutamente decididos a não permitir que nossa embaixada seja roubada ou que haja uma intromissão.”
Mais de 2,4 mil pessoas foram presas desde as eleições, realizadas em 28 de julho. Ná última segunda-feira (2), a Justiça da Venezuela emitiu uma ordem de prisão contra Edmundo González, 75, o candidato que representou a coalizão opositora na eleição.
O pedido de prisão foi feito pelo Ministério Público, associado ao chavismo. O procurador-geral, Tarek Saab, o encaminhou dias depois de González ignorar pela terceira vez uma intimação da Justiça para que prestasse depoimento no escopo de uma investigação iniciada após opositores acusarem fraude no pleito.
Redação / Folhapress