Formatura de projeto antidrogas da Polícia Militar de SC em igreja evangélica gera críticas

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O uso de dependências de igrejas evangélicas para formar alunos do Proerd (Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência), realizado pela Polícia Militar de Santa Catarina, gerou críticas e questionamentos de usuários nas redes sociais.

O projeto atende estudantes do quinto ano do ensino fundamental, e as formaturas costumam ser feitas em ginásios escolares. Mas solenidades recentes ocorreram em diferentes templos religiosos, como mostrou o perfil oficial do 4º Batalhão da PM no Instagram.

Em uma publicação, a corporação mostra a cerimônia realizada no dia 18 de junho com centenas de crianças enfileiradas nos bancos de uma Igreja Universal, no centro de Florianópolis. A postagem foi alvo de questionamentos sobre a laicidade do Estado.

Procurada, a Polícia Militar não se manifestou até a publicação desta reportagem.

Em seu perfil, a PM respondeu afirmando que o espaço da igreja foi cedido gratuitamente e foi escolhido por não ter dado despesa aos cofres públicos. A página ainda chegou a sugerir a usuários que quem tivessem alguma “proposta/ideia ou solução para sanar este e outros grandes desafios da segurança pública” teriam as portas abertas.

A cerimônia teve a presença do prefeito de Florianópolis e pré-candidato à reeleição, Topazio Neto (PSD), que usou suas redes sociais para compartilhar vídeos ao lado das crianças.

A publicação de Neto também rendeu comentários de usuários e de opositores políticos. O vereador Leonel Camasão (PSOL-SC) alegou doutrinação religiosa. “Eles falam em ‘escola sem partido’, mas aparelham igrejas e a polícia para se perpetuar no poder. O Estado e a escola são laicos”, escreveu no X (antigo Twitter).

“Que absurdo” definiu uma usuária. Outra questiona “Até quando vão querer e tentar impor essa absurda e inconstitucional mistura entre política e religião?”.

A formatura mais recente do Proerd ocorreu nesta terça-feira (25) em Florianópolis, na Igreja Mais de Cristo, uma vertente que surgiu da Assembleia de Deus.

ALÉXIA SOUSA / Folhapress

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