França proíbe venda de fogos de artifício para feriado por medo de uso em protestos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após uma nova onda de protestos mergulhar a França no caos por dias, o governo proibiu a venda e o uso de fogos de artifícios e artigos pirotécnicos durante o fim de semana do dia 14 de julho, quando se comemora a Queda da Bastilha, marco do início da Revolução Francesa em 1789.

“Para prevenir o risco de perturbações graves da ordem pública, durante as festividades de 14 de julho até o dia 15 de julho está proibida venda, porte, transporte e utilização de artigos pirotécnicos e fogos de artifício em todo o território nacional”, lê-se no Diário Oficial deste domingo (9). A proibição não vai ser aplicada a profissionais autorizados nem a cidades que estejam organizando as celebrações –uma das mais importantes da França.

A medida havia sido antecipada pela primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, em entrevista ao jornal francês Le Parisien divulgada na noite de sábado (8). Ela garantiu “meios maciços para proteger os franceses durante esses dois dias sensíveis”.

Vendidos livremente, esses produtos foram usados por manifestantes em enfrentamentos à polícia durante os protestos contra a morte de um adolescente durante uma blitz, em 27 de junho. Naquele dia, Nahel, 17, foi parado em Nanterre, região metropolitana de Paris, por dois agentes. Um deles, que empunhava uma arma durante a ação, atirou quando o adolescente de origem argelina acelerou o carro. Ele morreu horas depois.

Protestos irromperam em diversas partes do país por uma semana, com a presença massiva de menores de idade. Essa característica fez as autoridades cogitarem, por exemplo, multar os pais dos manifestantes. A medida deve sair do papel, de acordo com a primeira-ministra, embora tenha encontrado resistência até mesmo dentro do governo. “Quando um adulto comete um ato desta natureza, podemos recorrer a uma multa. (…) Isso não é possível para menores. Vamos, portanto, construir um dispositivo que o permita”, afirmou ela ao jornal francês.

O atual ministro da Educação, Pap Ndiaye, ponderou a iniciativa quando a ideia surgiu, há pouco mais de uma semana. Para ele, responsabilizar os pais não significa castigá-los, mas ajudá-los a cuidar dos seus filhos. “Devemos ter em conta as dificuldades específicas de certas famílias. Quando uma mãe trabalha à noite, é ainda mais complicado para os filhos”, afirmou na ocasião.

Em meio às manifestações, o presidente Emmanuel Macron culpou as redes sociais pela difusão da violência. Ele disse ter pedido a apps como Snapchat e TikTok para retirar do ar os conteúdos que versem sobre violência urbana, por exemplo. “Às vezes temos a impressão de que alguns dos manifestantes estão vivendo nas ruas as cenas que videogames lhes ensinaram”, afirmou.

O presidente chegou a sugerir o corte de redes sociais quando as coisas “saíssem do controle”, mas depois recuou. Na quarta-feira, o governo afirmou que cogitava a “suspensão” de algumas das funções das redes sociais, como a geolocalização, e descartou a aplicação de um “apagão geral” em caso de distúrbios. Ao Le Parisien, Borne afirmou que “obviamente não vai privar os franceses de internet porque há violência”.

Redação / Folhapress

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