Fuad tem 53% dos votos válidos em BH contra 47% de Engler

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Na véspera da eleição de segundo turno em Belo Horizonte, o atual prefeito Fuad Noman (PSD) aparece com 53% das intenções de votos válidos, à frente do deputado estadual Bruno Engler (PL), com 47% dos votos válidos.

É o que aponta pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (26). No levantamento anterior, de quinta-feira (24), o nome do PSD aparecia com 54% dos votos válidos, contra 46% do adversário.

Os votos válidos excluem os em branco e nulos e são os únicos considerados pela Justiça Eleitoral para calcular os resultados oficiais. Para conquistar o cargo de prefeito, o candidato precisa obter 50% mais um dos votos válidos, e não totais.

O Datafolha ouviu 1.674 eleitores da capital mineira na sexta-feira (25) e neste sábado. A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, nível de confiança de 95% e foi registrada na Justiça Eleitoral com o número MG-01286/2024. O levantamento foi contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo.

Em relação aos votos totais, quando são considerados aqueles que vão votar em branco, nulo, ou que não sabem, Fuad aparece com 48% (eram 46% na anterior), contra 42% de Engler (tinha 39%). Nesse quesito, 7% disseram que votariam em branco, nulo ou nenhum, e 4% não souberam responder.

Já na pesquisa espontânea, na qual os entrevistadores não apresentam aos eleitores o nome dos candidatos, o atual prefeito marca 37% (eram 35%), enquanto Engler tem 28% (eram 29%).

Outros 6% dizem que vão votar “no 22” (Engler) e 4% que votarão “no 55” (Fuad). Há ainda 2% que afirmam que votarão no atual (Fuad).

Nesse item, 16% não sabem responder, 7% afirmam que anulariam, votariam em branco ou em nenhum, e 1% citou outras respostas.

Do total de entrevistados, 87% afirmam que estão decididos sobre seu voto. Dos eleitores de Fuad, 91% dizem estar decididos, enquanto essa fatia para os de Engler é de 84%. Em relação ao número do voto do candidato, 75% mencionaram corretamente, e 23% não sabem ou citaram um número incorreto.

No primeiro turno da eleição, no dia 6, o deputado estadual, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alcançou 34,4% dos votos válidos, enquanto o atual prefeito registrou 26,5% dos votos.

Em relação à rejeição, o cenário é estável ante a pesquisa anterior do Datafolha. Engler aparece à frente nesse quesito, citado de forma negativa por 48% dos entrevistados. Já 36% dizem que não votariam de jeito nenhum em Fuad.

Após um início de segundo turno morno, a reta final do segundo turno na capital mineira esquentou com trocas de acusações entre os candidatos e chuva de direitos de resposta em rádio e TV. A quantidade de inserções foi tamanha que a propaganda eleitoral, que deveria ter acabado na sexta, foi estendida para o sábado.

De acordo com a campanha de Fuad, o candidato teve direito a 84 minutos de direitos de resposta –considerando inserções em rádio e TV– de sexta até a véspera da eleição.

A Justiça Eleitoral afirmou que a campanha de Engler veiculou informações inverídicas e descontextualizadas sobre a gestão do prefeito em relação a um posto de saúde e quando o associou a um contrato de concessão de transporte público municipal no qual ele não teve participação.

O deputado também havia conseguido direito de resposta a ser exibido neste sábado, mas a decisão foi revertida em instância superior.

Outro assunto que foi bastante usado pelo entorno do candidato do PL e rendeu direito de resposta a Fuad foram as alegações sobre o livro “Cobiça”, escrito pelo prefeito e publicado em 2020.

O deputado e seus aliados passaram a expor trechos do livro em programas eleitorais e nas redes sociais, em que afirmaram que o livro era “pornográfico” e relatava um estupro coletivo de uma criança de 12 anos.

A Justiça Eleitoral derrubou as publicações e afirmou que o trecho citado é parte de uma narrativa fictícia “sem qualquer apologia ou incentivo a tais atos”.

As acusações em relação ao livro foram repetidas em um vídeo publicado pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), apoiador de Engler e que possui 11 milhões de seguidores em apenas um perfil de uma rede social.

O livro foi um dos temas usados por Engler para atacar Fuad no debate promovido pela TV Globo na sexta. Em resposta, o prefeito afirmou que o adversário é o “rei das fake news”.

Fuad, 77 , usou cinco minutos de sua fala inicial para acusar o adversário, de 27, de ser inexperiente, lembrou que ele não tomou a vacina contra a Covid-19 e disse que ele esteve ausente em 47% das sessões da Assembleia Legislativa.

Já o deputado, que chegou a apresentar um tom mais moderado durante o primeiro turno, falou que sua atuação deveria ser medida pela produtividade e que não queria ter a experiência que o prefeito possui. Ele ainda criticou a gestão de Fuad no transporte público, tema que marcou toda a campanha da capital mineira.

Questionados pelo Datafolha se assistiram ao debate, 75% dos entrevistados disseram que não. Quando o universo de eleitores foi perguntado qual candidato se saiu melhor “pelo o que você viu ou ficou sabendo”, 23% disseram que foi Fuad, e 20%, Engler. Nesse recorte, a margem de erro é de quatro pontos percentuais.

Outro assunto que pautou o segundo turno foram os aliados políticos.

De um lado, Engler fez atos com Bolsonaro, Nikolas e divulgou vídeos de apoio dos governadores de Minas, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Já Fuad evitou eventos com candidaturas de esquerda derrotadas no primeiro turno e que o apoiaram na segunda etapa do pleito. Também descartou o apoio do presidente Lula (PT), derrotado na cidade nas eleições de 2022.

A estratégia foi adotada pela campanha do prefeito para não afugentar o eleitorado de centro e de direita que votou em Mauro Tramonte (Republicanos) e Gabriel Azevedo (MDB), respectivamente terceiro e quarto colocados no primeiro turno.

Segundo o Datafolha, 54% dos que optaram por Tramonte agora declaram voto em Fuad, e 32% em Engler. No eleitorado de Gabriel, 64% escolhem o atual prefeito, e 31%, o deputado do PL.

ARTUR BÚRIGO / Folhapress

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