‘Fui brava, hoje não mais. Já estou velha e cansei’, diz a diretora Amora Mautner

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Uma das poucas diretoras de núcleo da Globo, Amora Mautner, 48, tem fama de competente —e de brava também. O primeiro conceito, ela aceita de bom grado, mas para o segundo torce um pouco o nariz. “Já fui brava, hoje em dia eu não sou mais não. A gente vai amadurecendo e muda, né? Já estou velha e cansei, sabe?”

Depois de um hiato de dois anos, ela está de volta ao comando de uma novela. Trata-se de “Elas por Elas”, que classifica como uma dramédia (gênero que combina elementos de drama e comédia). É também o primeiro remake de uma carreira de 28 anos.

Ela diz estar adorando trabalhar na releitura da obra de Cassiano Gabus Mendes, produzida originalmente em 1982 e agora revisitada pela dupla Thereza Falcão e Alessandro Marson. Com a expertise de mais 20 produções no currículo, Amora afirma que a trama não foi escolhida à toa pelo comando da emissora para ocupar o horário das 18h a partir da próxima segunda-feira (25).

Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

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Pergunta – Você tem quase 30 anos de Globo e há oito anos é diretora de núcleo, aliás, uma das primeiras a furar essa bolha ainda extremamente machista na emissora e agora você vai dirigir uma novela, “Elas por Elas”, sobre mulheres e sobre amizade feminina…

Amora Mautner – Me sinto privilegiada por poder dirigir uma novela sobre mulheres, com mulheres e jogar luz nesse universo feminino. É necessário falar com muitas pessoas sobre a força feminina hoje e cada vez mais amanhã.

P. – Dizem que você é uma diretora exigente e até um pouco brava. É verdade?

A. M. – Acho que eu já fui brava, hoje em dia eu não sou mais não (risos). A gente vai amadurecendo e muda, né? Já estou velha e cansei, sabe?

P. – Como tem sido voltar a trabalhar todos os dias nos Estúdios Globo? Você estava afastada desde “Verdades Secretas 2”, há pouco mais de dois anos.

A. M. – Venho trabalhar feliz da vida. Sério. Tenho um elenco maravilhoso nas mãos e estou tendo a oportunidade de uma troca bem bacana com os atores.

P. – “Elas por Elas” é um drama? Um suspense?

A. M. – Defino como uma dramédia [gênero que combina elementos de drama e comédia]. Estudei muito as clássicas americanas como “O Casamento do Meu Melhor Amigo” e “Quatro Casamentos e Um Funeral”. Também estudei um pouco mais a ideia da mise-en-scène [expressão francesa utilizada para designar todos os elementos –da interpretação dos atores, ao cenário, passando por figurino, iluminação e sonoplastia, entre outrs– que compõem a encenação] para costurar as cenas. Resumindo: depois que as protagonistas se encontram, tudo vai ser sobre elas. É uma novela que quase não tem tramas paralelas.

P. – É seu primeiro remake…

A. M. – É… Na verdade, chamo de releitura. Thereza Falcão e Alessandro Marson [os autores] pegaram a estrutura dos personagens, a escaleta principal e as tramas de Cassiano Gabus Mendes e atualizaram muitas coisas.

P. – O que foi atualizado, por exemplo?

A. M. – Tinha uma troca de bebês que hoje em dia não seria possível. Temos ultrassonografia, então não daria para enganar se é menina ou menino em uma gravidez. Eles adaptaram de uma outra forma também com suspense. Sem falar que a original tinha 100 capítulos e essa tem 160. Ou seja: eles tiveram que acrescentar quase mais meia novela.

P. – Gosta de releituras?

A. M. – Gosto muito. Ainda mais com esses autores tão únicos como o Cassiano. Acho muito legal poder trazer esses autores para um público que não os assistiu. Há mais de 40 anos, ele trouxe o protagonismo feminino para a teledramaturgia! Olha o quão moderno ele era.

P. – O horário das seis na Globo, geralmente, é ocupado por novela de época ou um drama moderno. Por que uma releitura de um clássico da teledramaturgia?

A. M. – Isso foi uma escolha dos meus chefes maravilhosos José Luiz Villamarim e Amauri Soares. Não posso falar por eles, mas acho que eles estão querendo dar alegria para o público. Eles estão de olho e sabem muito sobre a audiência. Sabem o que o público vai gostar, né? São as pessoas que definem tudo e têm um olhar aguçado sobre isso.

P. – Acha que o público vai gostar de “Elas por Elas”?

A. M. – Vai amar. Antes de liberar cada capítulo, assisto três vezes e estou amando.

P. – Como assim? Você assiste três vezes o mesmo capítulo?

A. M. – A primeira vez, vejo para colocar no tempo e mexer no que tiver que mexer. Depois, vejo outra vez para olhar o som e a terceira com som e color. Só depois disso, libero.

P. – O que é uma novela de sucesso?

A. M. – Sucesso é audiência. A palavra sucesso tem a ver com a meta alcançada e uma das nossas metas é alcançar cada vez mais pessoas. Cada vez mais pessoas assistindo o nosso produto. Amo fazer novela e a gente quer chegar ao máximo de casas possíveis. A nossa meta é sempre que a maior parte da população queira ver as nossas novelas.

ANA CORA LIMA / Folhapress

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