Fumaça deixa 160 mil alunos sem aulas no Acre

RIO BRANCO, AC (FOLHAPRESS) – Alunos das escolas públicas no Acre ficaram sem aulas por duas semanas por causa da forte fumaça de incêndios. Rio Branco tem umas das piores situações entre as as brasileiras nesta quinta-feira (19), segundo o Monitor de Qualidade do Ar da Folha.

No total, 160.683 estudantes deixaram de ir à escola devido ao clima insalubre.

Os dados de Rio Branco apontados pelo monitor seguem o Índice de Qualidade do Ar (AQI, na sigla em inglês). O índice usualmente vai de 0 a 500, mas pode superar esse valor. Quanto maior o número, pior a qualidade do ar naquela região.

Na capital acreana, a taxa registrava 171 as 17h desta quinta, o que indica ar insalubre. Apenas Cuiabá (com 194) e Porto Velho (192) estavam em situação pior. Mais cedo, Rio Branco chegou a liderar o ranking.

A capital de Rondônia tem sofrido com os efeitos do tempo seco e das queimadas.

Em Rio Branco, creches e escolas municipais, que reúnem 21,6 mil crianças, fecharam as portas. Já no sistema estadual, foram 139 mil alunos sem aulas. As unidades foram reabertas nesta segunda-feira (16).

O governo do Acre já havia decretado situação de emergência em saúde pública no dia 20 de agosto por causa do volume crescente de focos de incêndios, da seca dos rios e da vulnerabilidade da população ao consumo de água imprópria.

“Se eles não tivessem suspendido as aulas, eu não iria trazer minha filha nesse período”, conta a comerciária Mirtes Lourenço Brito, na saída da escola Menino Jesus, em Rio Branco, onde a filha de 7 anos estuda.

O conteúdo dos dias em que as unidades de ensino permaneceram fechadas devem ser dados no futuro. “A diretoria de ensino vai reprogramar o calendário para garantir o cumprimento dos duzentos dias letivos”, disse a secretária municipal, Nabiha Bestene.

Na rede estadual, segundo o secretário de Educação Aberson Carvalho, a reposição dos dias letivos fica a cargo de cada escola. “Orientamos para o envio de atividades no período, para que os alunos não ficassem totalmente ociosos”, disse.

As escolas enviaram exercícios aos estudantes via WhatsApp. Na rede privada, segundo o governo, a suspensão ficou a cargo de cada escola.

ALTA DE QUEIMADAS

Segundo levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Acre teve o maior número de queimadas no mês de julho em oito anos, com 544 focos detectados. Em 2023, tinham sido 212 focos de queimadas. Ou seja, um aumento de 156%.

Para tentar conter as queimadas, o estado lançou a Operação Sine Ignis (Sem Fogo) no final de agosto. As ações são coordenadas pela Casa Civil, Defesa Civil e pela Secretaria do Meio Ambiente.

O ar de Rio Branco registrou 428.8 µg/m³ (microgramas de poluentes por metro cúbico) considerado insalubre para a saúde humana, 29 vezes mais poluído que o aceitável pelos órgão de monitoramento.

Segundo o presidente do Imac (Instituto de Meio Ambiente do Acre), André Hassem, a fumaça que cobriu o Acre não é causada apenas pelas queimadas locais, mas também tem origem nos estados de Rondônia, e Amazonas e na Bolívia.

O órgão aplicou mais R$ 4,5 milhões em multas e embargos a propriedades envolvidas em queimadas ilegais. “Isso significa que os infratores terão restrições, como a impossibilidade de realizar financiamentos ou vender gado,” afirmou. As equipes do Imac, diz ele, estão atuando em campo para coibir crimes ambientais.

JAIRO BARBOSA / Folhapress

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