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Funcionários do Serviço de Verificação de Óbito em SP denunciam corpos empilhados e falta de equipe

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Serviço de Verificação de Óbito (SVO) da Universidade de São Paulo (USP) enfrenta problemas estruturais há mais de um ano, segundo funcionários. Os trabalhadores denunciam sobrecarga e ambiente de trabalho insalubre, enquanto as famílias em luto precisam lidar com a demora na liberação dos corpos de seus familiares.

O SVO é responsável por esclarecer a causa de morte em casos de óbito natural e sem assistência médica no município de São Paulo, além de fazer o transporte dos corpos. Os funcionários, responsáveis pelas autópsias, dizem que faltam macas e que os corpos se amontoam fora de câmaras frias, nos corredores do local, localizado na região central da cidade, próximo ao Hospital das Clínicas e à Faculdade de Medicina.

Segundo Solange Conceição Lopes, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o órgão está precarizado há mais de um ano, com contratações paradas e sem obras de infraestrutura. Com menos funcionários, o serviço de autópsia demora a ser feito, acumulando corpos fora e aumentando o tempo de espera da família.

“Às vezes, há dois corpos em uma maca, onde deveria haver apenas um. As pessoas, muitas vezes, pesam mais de 100 ou 200 quilos, e o trabalhador tem que lidar com esse tipo de situação. Isso está trazendo desconforto tanto para as pessoas que trabalham como também para as famílias, que ficam ali aguardando várias horas. É um serviço muito necessário para a população, principalmente a mais pobre”, diz a diretora do Sintusp.

Lopes afirma também que os turnos de trabalho foram reduzidos de três para dois e chegam a 36 horas. Os corpos que chegam à noite esperam até a manhã para serem tratados.

Um funcionário, que preferiu não se identificar, disse à Folha que alguns corpos são colocados na garagem do local para liberar espaço. Ele conta que os trabalhadores denunciaram ao sindicato e à ouvidoria da USP, apesar de temerem ser demitidos. Segundo este funcionário, a diretoria do SVO teria ameaçado punir quem falasse com a Vigilância Sanitária, e uma pessoa teria sido demitida por justa causa.

Em maio de 2024, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenação de Vigilância em Saúde da Prefeitura de São Paulo (Covisa), notificou a USP por questões estruturais, de higiene e falta de equipamento adequado para os técnicos, como máscaras de proteção, luvas e botas especiais.

Segundo a diretora do sindicato, reuniões com a diretoria da SVO não surtem efeito e a reitoria da USP é a responsável por realizar as mudanças necessárias.

A Folha de S.Paulo entrou em contato com a SVO, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

A reitoria da USP informou em nota que, em 2024, após reuniões realizadas com a Covisa, foi definido que uma obra, estimada em mais de R$ 2 milhões, seria feita para sanar os problemas estruturais apontados. Segundo o gabinete, uma parte dela já foi executada e a execução final deve ser licitada a partir de agosto de 2025.

“Cabe ressaltar que se trata de um projeto complexo, em que as obras de adequação devem ser planejadas de maneira a não comprometer o atendimento à população, pois que não há outro serviço de verificação de óbitos no município”, diz o comunicado.

Sobre a contratação de servidores, a USP diz que, nos últimos 12 meses, foram incorporados seis novos colaboradores para as áreas técnicas estruturais e ainda há três processos de contratação em andamento.

A Universidade disse ainda que todos os EPIs (equipamento de proteção individual) necessários para as atividades são disponibilizados para os servidores nos termos da legislação vigente e que a carga horária de trabalho dos servidores segue rigorosamente o disposto no contrato de trabalho.

LUÍSA MONTE / Folhapress

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