RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Bairro do Rio de Janeiro onde ocorreu a série de furtos no último sábado (26), durante show do DJ Alok na praia, Copacabana teve aumento no número de furtos de celulares de janeiro a julho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.
A estatística não inclui os furtos de agosto, como os registrados no dia do show.
Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública), que compila ocorrência da Polícia Civil do Rio, mostram que as duas delegacias de Copacabana registraram 1.029 furtos de celulares de janeiro a julho de 2022. No mesmo período deste ano, essas delegacias fizeram ocorrência 1.322 furtos, um aumento de 28%.
Os números devem ser ainda maiores, já que nem todas as vítimas fazem boletim de ocorrência.
Procurada, a Polícia Militar afirmou que “o 19º BPM (Copacabana) distribui os esforços do policiamento ostensivo com foco nos dados apontados pela mancha criminal, visando coibir e prevenir práticas delituosas”.
A corporação disse também que utiliza patrulha motorizada no bairro para atuar com mais rapidez e que aumentou o efetivo do policiamento por meio do RAS (Regime Adicional de Serviço), pago aos policiais para o cumprimento das horas a mais de trabalho.
As estatísticas de furto devem aumentar em agosto. A Polícia Militar afirma ter conduzido cerca de 500 pessoas às delegacias durante o chamado “show do século”.
Mais de 150 objetos perfurocortantes foram apreendidos, entre facas, alicates, estiletes e até bisturis, de acordo com a PM. A corporação não disse quantos celulares foram recuperados.
As ocorrências de sábado foram registradas nas duas delegacias de Copacabana e na delegacia do Leblon, onde 17 maiores de idade foram presos e 15 menores de idade foram apreendidos. Outras centenas de pessoas foram levadas às unidades policiais e liberadas em seguida.
“Os suspeitos foram detidos durante as abordagens das equipes da PMERJ posicionadas nos principais acessos ao palco montado nas areias, e em ações de policias do serviço reservado, que estavam espalhados em meio ao público”, disse a Polícia Militar do Rio, em nota.
Para o evento na praia, realizado em celebração ao centenário do hotel Copacabana Palace, equipes de PMs fizeram esquema semelhante aos do Réveillon e Carnaval de rua: barreiras policiais foram montadas nos principais acessos ao bairro e abordagens foram realizadas aos grupos suspeitos a pé e em ônibus.
A presença dos agentes, entretanto, não impediu a realização de furtos. Em Botafogo e Laranjeiras, bairros da zona sul próximos a Copacabana, grupos aproveitavam semáforos fechados e ruas engarrafadas para tentar furtar celulares de motoristas, passageiros e pedestres.
A maquiadora Michelle Muniz saiu de Inhaúma para assistir ao show. Ela demorou cerca de uma hora no caminho até Copacabana e ficou menos de 40 minutos na praia. Foi embora assim que percebeu que havia perdido o celular.
“Tenho certeza que fui furtada. O bolso da calça era apertado e difícil de o aparelho cair”, disse Michelle, que não registrou ocorrência.
“Era tanta chuva e tanta confusão que não tive paciência de procurar uma delegacia e fazer boletim.”
O número de furtos de celulares em Copacabana já havia dobrado nos anos anteriores. Em 2021, ano ainda marcado pelo esvaziamento das cidades em razão da pandemia de Covid-19, houve 1.060 ocorrências. Em 2022, quando a circulação aumentou e praias já estiveram lotadas no verão, foram 2.130.
A polícia registra furtos como ações sem emprego de violência ou ameaça, diferentemente dos roubos, que também aumentaram em Copacabana foram 271 ocorrências de roubo de janeiro a julho de 2023 nas delegacias do bairro, 23% a mais do que em 2022, que teve 220 ocorrências.
No evento de sábado, além de celulares, carteiras e cordões foram outros objetos visados. Uma jovem presente ao show, que não quis se identificar, disse ter sofrido uma tentativa de furto do colar que usava no pescoço.
Horácio Magalhães, presidente da SAC (Sociedade de Amigos de Copacabana), avaliou como positiva a estrutura montada pela Polícia Militar.
“Nos locais onde houve revista, não teve problema. Os casos foram periféricos. Essas galeras se valem da condição numérica e viram um desafio para as forças de segurança”, disse Magalhães.
O presidente da associação de moradores, no entanto, questionou o tipo de evento realizado.
“Tivemos aqui na praia, há alguns meses, a Orquestra Ouro Preto com o Diogo Nogueira. Foi absolutamente tranquilo. Até os vendedores ambulantes reclamaram que não estavam vendendo nada. Depende da natureza do evento, do tamanho da propaganda que é feita. O Alok é um DJ badaladíssimo e traz um público maior.”
YURI EIRAS / Folhapress