Furto de energia elétrica bate recorde em 2023 e supera produção de Belo Monte

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O volume de energia elétrica furtada no Brasil bateu recorde no ano passado e ultrapassou a geração da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, a segunda maior do país.

Os “gatos”, como são conhecidas as chamadas “perdas não técnicas”, superaram a geração física média da usina localizada no Rio Xingu: enquanto Belo Monte produz 4.418 MW médios, a energia furtada ao longo de 2023 somou 4.655 MW médios.

Ou seja, se fossem uma usina de produção de energia elétrica, os “gatos” seriam a segunda maior do Brasil. No comparativo, essa “usina gato” também representa 60% do fornecimento da Itaipu para o mercado brasileiro.

Os dados são de um levantamento da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), feito com base em informações da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

O furto de energia acontece quando é feita uma ligação clandestina para desviar a energia elétrica sem que seja preciso pagar as concessionárias pelo serviço. Essa prática ilegal sobrecarrega as redes elétricas, encarece a conta de luz e pode causar curtos-circuitos ou incêndios.

“Os consumidores mais pobres são mais impactados pelo aumento da conta de luz, que tem, entre outros fatores, o peso dos altos índices de furto de energia registrados sobretudo em alguns estados do país”, diz a Associação, em nota.

Ao todo, a quantidade de energia elétrica furtada no ano passado chegou a 40,78 TWh —20% a mais do que o registrado em 2022, de 34,15 TWh. Em 15 anos, o acumulado supera 500 TWh, ou 500 milhões de MWh.

A região Norte é a de maior incidência de furtos: de toda a energia de baixa tensão fornecida em 2023, quase metade (46,2%) foi furtada.

O Amazonas é o estado com o maior número de perdas não técnicas. Lá, a energia furtada supera a energia cobrada na conta de luz e representa 117,8% do total fornecido.

É o Sudeste, porém, que mais pesa sobre o sistema elétrico, puxado pelo Rio de Janeiro (11,27 milhões de MWh furtados em 2023) e, depois, por São Paulo (6,98 milhões de MWh). Os “gatos” somaram 20 milhões de MWh na região no ano passado.

Entre 2012 e 2022, as perdas não técnicas na região Sudeste representaram 46,04% do total do país.

Furtar energia elétrica é crime previsto no artigo 155 do Código Penal, com pena de um a quatro anos de reclusão. As distribuidoras, porém, “não são capazes de reduzir o furto de energia sozinhas em áreas de alta periculosidade”, de acordo com a Abradee.

No Rio de Janeiro, áreas dominadas pela milícia são as que mais tiveram queixas de furto de energia, de acordo com levantamento de maio de 2023 feito pela Folha de S.Paulo.

*

TOTAL DE ENERGIA ELÉTRICA FURTADA POR ESTADO (EM %)

Em relação à energia cobrada na conta de luz

Estado – Total furtado

AC – 9,20

AL – 17,2

AM – 117,80

AP – 67,4

BA – 14,20

CE – 15,60

DF – 11,3

ES – 14,10

GO – 6

MA – 11,9

MG – 7

MS – 8,8

MT – 14

PA – 33,5

PB – 7,4

PE – 22,20

PI – 11

PR – 5,60

RJ – 62

RN – 3

RO – 28,70

RR – 11,5

RS – 8,9

SC – 7,7

SE – 4,4

SP – 10,9

TO – 2,7

‘Gatos’ no Amazonas são maiores do que a energia faturada na conta de luz, mas Rio de Janeiro e São Paulo têm as maiores perdas em volume

Fontes: Abradee e Aneel

TAMARA NASSIF / Folhapress

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