Futebol do Vasco segue sob responsabilidade da SAF, diz Pedrinho

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Presidente do Vasco da Gama, o ex-jogador Pedrinho afirmou nesta quinta-feira (16) que a decisão da Justiça de tirar o controle da SAF (Sociedade Anônima de Futebol) da empresa 777 Partners não faz com que o futebol do clube retorne às mãos do clube associativo.

“O futebol não vai voltar para o associativo. O futebol permanece e permanecerá com o Vasco SAF. Isso é definitivo. Não tem a menor hipótese de acontecer o contrário. A SAF continuará para sempre”, afirmou Pedrinho durante conversa com jornalistas em São Januário.

Segundo o cartola, o que muda é que a SAF passa a ser gerida pelo clube, que detém 30% de participação na sociedade, e não mais pela 777, ao menos até que haja uma decisão definitiva da Justiça.

A liminar que afastou a 777 do comando da SAF vem após solicitação feita pelo clube de que o grupo econômico apresentasse uma garantia de um aporte de R$ 270 milhões previsto em contrato. A 777 se negou a apresentar as garantias, o que levou à ação do clube na Justiça.

“Nunca tive problema nenhum com relação a sociedade em si. O meu problema nunca foi e nunca será com a SAF. A SAF permanecerá. O meu problema era cumprimento de contrato. Era legitimidade financeira. Onde diversas vezes nós pedimos garantias financeiras”, disse Pedrinho.

O ex-jogador revelado pelo clube e hoje dirigente acrescentou que todo o planejamento esportivo e financeiro do futebol continua com a SAF. “Seria muito fácil para mim lavar minhas mãos, ficar sentado na cadeira esperando o caos acontecer e depois de tudo falar para vocês que eu avisei”, afirmou Pedrinho.

Ele disse ainda que a decisão de entrar na Justiça contra a 777 foi uma promessa de campanha, que era fiscalizar e cobrar o sócio majoritário da SAF do Vasco, detentor de 70% das ações da sociedade.

“A ação é exclusivamente de proteção à Vasco SAF. Justamente para não acontecer o que aconteceu hoje com o time belga”, disse o presidente do clube, em referência à decisão da Justiça belga de bloquear nesta quinta-feira os ativos da 777 no país, onde a empresa comanda o clube Standard Liège.

“Eu sou vascaíno antes de ser presidente do Vasco. Que fique muito claro para alguns oportunistas. Eu sou vascaíno e todas as ações que estão sendo tomadas são por proteção a você, torcedor”, afirmou o ex-jogador, com passagens por Palmeiras, Santos, Fluminense e seleção brasileira.

“A minha intenção sempre vai ser de fazer o melhor para o Vasco. Não pense que eu estou feliz de entrar na ação. E a culpa não é minha de ter que entrar na ação. Eu fiz isso por vocês [torcedores] E vou pagar o preço que eu estou pagando, até o fim. Mas eu fiz isso por vocês, com a melhor das intenções, para o Vasco e a SAF não quebrar.”

CONSULTORIA COBRA DÍVIDA DE R$ 5,1 MILHÕES DA SAF DO VASCO

Em meio ao processo de litígio com a 777 Partners, a SAF (Sociedade Anônima do Futebol) que comanda o Vasco foi notificada pela KPMG Consultoria por uma dívida referente a serviços de assessoria financeira durante o processo para a criação do modelo clube-empresa.

A consultoria alega uma dívida de cerca de R$ 5,1 milhões, valor que faz parte de honorários previstos em contrato, que chegam a R$ 24.489.796.

A notificação foi encaminhada à empresa norte-americana que, além de possuir 70% das ações da SAF do Vasco, teria se responsabilizado com o pagamento dos custos do serviço.

Em nota, a KPMG afirma que busca uma solução em consenso com a SAF e com a associação do Vasco, a partir da quitação do débito ou “apresentação de proposta firme para a quitação dos referidos valores”.

De acordo com a notificação enviada pela KPMG, a SAF reconhece o débito e, em dezembro de 2023, teria feito um pedido de parcelamento, alegando falta de caixa. Inicialmente, a consultoria aceitou o argumento, mas diante de novos atrasos, resolveu enviar a notificação.

Procurada pela reportagem, a 777 não comentou a situação até a publicação deste texto. O impasse ganhou um novo contorno na quarta-feira (15), quando a 4ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aceitou um pedido do Vasco e tirou o controle da SAF das mãos da empresa dos EUA.

A decisão, em caráter liminar, assinada pelo juiz Paulo Assed Estefan, suspende os efeitos do contrato de venda da SAF à 777. Dessa forma, o comando do futebol vascaíno volta para os dirigentes da associação, presidida por Pedrinho.

“Eu fiz isso pelos torcedores, para evitar que a Vasco SAF quebre. Eu entrei para pagar preço que eu sei vou ter que pagar, eu vou passar por esse processo difícil, mas vocês vão entender o porquê disso”, disse o presidente do Vasco, nesta quinta-feira (16), em entrevista.

O pedido do Vasco se baseou no artigo 477 do Código Civil e levou em consideração as recentes notícias relacionadas à situação financeira da 777, que enfrenta processos nos EUA por fraude.

Com o contrato suspenso, a Justiça também determinou uma empresa independente para elaborar laudo econômico-financeiro sobre as operações contábeis denunciadas pelo clube.

Procurada pela reportagem, a assessoria do Vasco não respondeu ao pedido para comentar sobre a dívida cobrada pela KPMG

LUCAS BOMBANA / Folhapress

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