SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Camila Costa e a bola sempre foram inseparáveis. Era assim pelas fazendas de Ubiratã-PR, onde nasceu, e na escola, quando ela abria mão do vôlei com as meninas para jogar futsal com os garotos. O talento nas quadras levou a jovem à profissionalização e a garantir os estudos que os pais tanto desejavam. O que Camila não esperava é se tornar a melhor jogadora do mundo aos 32 anos.
Aos 15 anos, Camila e a família moravam no Mato Grosso do Sul e ela já se destacava em jogos escolares como atleta de futsal. Um convite para atuar em Pindamonhangaba surgiu e a jovem, com o apoio dos pais, decidiu abraçar a oportunidade. Ela foi com a irmã para o interior de São Paulo, encarou condições precárias de moradia e alimentação, porque acreditava que desta maneira conseguiria alçar voos maiores tanto no esporte como na educação.
“Eu nunca pensei que iria alcançar tudo isso. Os meus pais não teriam condições de me pagar uma faculdade, então a única exigência deles era que eu estudasse. Queriam que eu conquistasse isso com o futsal, que era o caminho que eu tinha para alcançar. Meu objetivo principal com o futsal, apesar de ser o que amo, era o de conseguir uma faculdade e me formar. Então, com o futsal, eu não tinha objetivos, não tinha perspectivas de título, seleção, muito menos de melhor do mundo… Eu brinco que depois de 2018, que foi quando me formei em educação física, o que veio com o futsal é bônus”, contou Camila ao UOL.
A ala chegou a recusar propostas no futebol de campo para terminar a graduação. Camila foi convidada para jogar na Europa, financeiramente compensava bastante e ela balançou, mas decidiu manter seu sonho vivo. Aos 32 anos, ela entende que não tem mais chance de encarar uma carreira diferente, mas gosta de acompanhar pela televisão.
“Eu não poderia abrir mão do meu último ano de faculdade para viver essas outras coisas ali. Optei por ficar, por me formar, mas foi algo que mexeu comigo, né, até pela questão financeira. Venho de uma família que nunca passou necessidade, mas que sempre teve o básico em casa. Eu tive vontade, sim, de ir para o campo, ainda mais agora que tem mais visibilidade”, destacou a brasileira.
A conquista como melhor jogadora do mundo veio após a bela campanha com o Stein Cascavel, time que Camila defende desde 2021 e onde conseguiu alavancar a carreira. Na equipe do Paraná, ela conquistou três campeonatos estaduais, uma Copa do Brasil, uma Taça Brasil, duas Supercopas do Brasil e três Copas do Mundo.
“No ano passado, eu tinha ficado entre as 10 melhores. Já tinha sido uma conquista. Não tinha muitas perspectivas dentro do futsal, pensando em títulos e em conquistas individuais. As convocações para a seleção já eram algo muito grandioso por ter alcançado”, comentou.
Daqui para frente, Camila quer elevar ainda mais seu nome no futsal mundial. No futuro, quando decidir pendurar as chuteiras, ela pretende exercer a profissão pelo qual tanto batalhou.
“Quando eu era pequenininha, como eu fui de fazenda, sempre tive contatos com os animais, o meu sonho era ser veterinária. Mas acabou que eu me envolvi tanto nesse meio do esporte que o caminho foi para a educação física e se eu puder escolher o que fazer quando deixar as quadras como atleta, eu gostaria de ser preparadora física”, disse.
BEATRIZ CESARINI / Folhapress