G7 volta a focar Guerra da Ucrânia e pressiona China por elo com a Rússia

PUGLIA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – Os líderes do G7 fizeram um chamado à China em relação à Guerra na Ucrânia, pedindo maiores esforços na promoção da paz internacional e expressando “profunda preocupação” com o apoio do país de Xi Jinping à Rússia de Vladimir Putin.

Na declaração final da cúpula, divulgada nesta sexta-feira (14), o grupo apela para que seja encerrada a transferência de materiais que serviriam de insumos para o setor de defesa de Moscou.

“Encorajamos a China a apoiar uma paz abrangente, justa e duradoura, baseada na integridade territorial. O apoio contínuo da China à base industrial de defesa da Rússia está permitindo que a Rússia mantenha sua guerra ilegal na Ucrânia, com implicações significativas e amplas”, diz trecho do documento.

Iniciada na quinta, a cúpula do G7 realizada em Borgo Egnazia, na Puglia, chega ao fim neste sábado (15), com as considerações finais da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que ocupa a presidência rotativa do bloco.

Os líderes também reiteram no comunicado que vão continuar tomando medidas contra entidades na China e em outros países que apoiam materialmente a “máquina de guerra” russa, incluindo instituições financeiras chinesas que facilitem a aquisição, por Moscou, de itens para sua indústria defensiva. “Tomaremos medidas robustas contra aqueles que ajudam a Rússia a contornar nossas sanções.”

O conflito na Ucrânia foi o principal tema dessa edição, com o anúncio, após meses de negociações, de um empréstimo de US$ 50 bilhões para Kiev. O novo aporte será viabilizado com o uso de dinheiro russo congelado em instituições principalmente localizadas na Europa.

“A Rússia deve encerrar sua guerra de agressão e pagar pelos danos que tem causado à Ucrânia”, diz o texto, que cita o valor de US$ 486 bilhões, estimados pelo Banco Mundial.

Em um cenário em que a composição do G7 pode sofrer mudanças significativas até sua próxima edição –possivelmente daqui a um ano, no Canadá–, os líderes buscaram acelerar as garantias de apoio à Ucrânia. A principal preocupação é com uma eventual derrota do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em novembro. Com Donald Trump na Casa Branca, a postura em relação ao apoio a Kiev e à Otan seria abalada.

Sobre a guerra Israel-Hamas, a declaração diz que o grupo está unido no apoio à proposta de acordo apresentada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no mês passado. Organizada em três fases, o plano prevê o cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns e uma espiral de paz que leve à solução de dois Estados. Segundo o americano, quem hoje impede a efetivação da proposta é o Hamas.

A declaração do G7, no entanto, não deixa de cobrar Israel por mais responsabilidade em sua resposta ao grupo terrorista palestino. “Estamos profundamente preocupados com as consequências para os civis das operações terrestres em Rafah e com a possibilidade de uma ofensiva militar em grande escala que teria consequências ainda mais terríveis para a população”, diz o texto, citando a cidade palestina no extremo sul da Faixa de Gaza em que ficaram concentradas centenas de milhares de deslocados internos pelo conflito. “Apelamos ao governo de Israel para que se abstenha de tal ofensiva”, dizem os líderes.

Entre as prioridades listadas pela presidência italiana do G7, além de menções ao continente africano e à inteligência artificial, há um destaque para a passagem sobre imigração. O tema é prioritário para ao menos quatro dos sete líderes do grupo. Além da Itália, endureceram medidas recentemente os EUA, o Reino Unido e a França –os três últimos sob a sombra de eleições que se aproximam.

Na declaração final, o G7 diz também que o fenômeno será enfrentado com foco nas causas da imigração irregular, esforços para gestão de fronteiras e redução do crime organizado transnacional, além de caminhos seguros e regulares para a migração. Em um dos bordões mais pronunciados por Meloni sobre o tema, o documento diz que o bloco irá combater o tráfico de imigrantes.

Depois de um intenso debate nos bastidores diplomáticos, a versão final do documento excluiu qualquer menção direta ao aborto. O tema havia sido inserido na declaração do G7 anterior, em Hiroshima, no Japão. A mudança teria sido feita após atuação dos diplomatas do governo italiano. No lugar, uma menção a “direitos sexuais e reprodutivos”.

“Reiteramos os nossos compromissos no comunicado dos líderes de Hiroshima relativamente ao acesso universal a serviços de saúde adequados, acessíveis e de qualidade para as mulheres, incluindo saúde e direitos sexuais e reprodutivos abrangentes para todos”, diz.

MICHELE OLIVEIRA / Folhapress

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