Galípolo é ‘menino de ouro’ e tem condição de presidir BC, diz Lula

BELO HORIZONTE, MG, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira (27) que o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem condições de presidir o banco após o fim do mandato de Roberto Campos Neto.

“O Galípolo é um menino de ouro. Se tem um menino de ouro é Galípolo. Competentíssimo, de uma honestidade ímpar. Obviamente ele tem todas as condições para ser presidente do Banco Central. Mas nunca conversei com ele, nunca falei com ele [sobre isso]”, afirmou Lula em entrevista à rádio Itatiaia, em Minas Gerais.

O presidente da República afirmou não ter decidido pelo nome do sucessor no Banco Central e descartou antecipar a indicação. “Não quero indicar a para ser alvo de tiroteio. Capaz de morrer antes de tomar posse”, disse.

Por outro lado, Lula avaliou que a divulgação do nome pode “abaixar a bola” de Roberto Campos Neto. “Assim ele percebe que tem sucessor”.

“Vou indicar uma pessoa que primeiro entenda de política monetária. Segundo, que seja uma pessoa que goste e tenha compromisso com o Brasil.”

Galípolo (Política Monetária) segue favorito na disputa pela presidência do Banco Central, apesar de votar no Copom (Comitê de Política Monetária) pela interrupção da queda dos juros -diferentemente do que queria o governo Lula. Mas auxiliares de Lula afirmam que o presidente ainda não bateu o martelo sobre o indicado.

Roberto Campos Neto tem mandato na presidência do Banco Central até 31 de dezembro deste ano. Ele assumiu em 2021, indicado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na entrevista, Lula reclamou de ter durante metade do mandato um presidente do BC indicado pelo antecessor e voltou a fazer críticas a Campos Neto, afirmando que ele “enveredou por um caminho equivocado”.

“O Banco Central tem autonomia e o cidadão [Campos Neto] tem mandato. Eu ganhei as eleições para presidente e vou ficar dois anos com um presidente do BC indicado pelo adversário que pensa ideologicamente e economicamente diferente de mim, e antes de sair ele vai tentar apresentar coisas para 2025. Vou ter o presidente do Banco Central praticamente quando terminar meu mandato, isso não é correto.”

Roberto Campos Neto tem sido o alvo preferido das críticas de Lula. As falas são acompanhadas de reações do mercado financeiro. No dia 18, em entrevista à rádio CBN, Lula disse que Campos Neto tem lado político e trabalha para prejudicar o país.

Ele também comparou-o com o ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro e citou o jantar que o governador Tarcísio de Freitas (São Paulo) fez em homenagem ao presidente da autoridade monetária. Para o presidente, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) tem mais influência nas decisões de Campos Neto do que ele.

Na quarta-feira (26), Lula ironizou a reação do mercado financeiro à sua entrevista ao portal UOL, em que questionou a necessidade de cortar gastos para atingir um equilíbrio fiscal. O petista disse que o mercado “deve ter gostado” de suas declarações.

“Por que teve reação [do mercado financeiro]? Não teve reação, deve ter gostado. Mas quem votava em mim pode continuar votando”, afirmou o presidente.

A fala de Lula sobre corte de gastos provocou reação do mercado, com o dólar registrando alta de 1,16% e fechando cotado a R$ 5,518. Foi o maior valor nominal desde 18 de janeiro de 2022.

Nesta quarta (26), durante entrevista ao portal UOL, o presidente brasileiro colocou em dúvidas a necessidade de efetuar um corte de gastos para melhorar o equilíbrio fiscal do governo. Lula afirmou que será preciso analisar se a questão pode ser resolvida com aumento da arrecadação.

“O problema não é que tem que cortar. Problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão.”

Em entrevista à rádio Itatiaia, Lula negou a associação entre a subida do dólar e a declaração.

“Quando alguns companheiros falaram na imprensa de que o dólar tinha subido por causa da minha entrevista, fiquei que o dólar subiu 15 minutos antes da minha entrevista. Uma parte das pessoas quer viver de especulação. Tem gente apostando no dólar contra o real.”

ARTUR BÚRIGO E YURI EIRAS / Folhapress

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