Galípolo passa no teste, a farmacêutica de US$1 trilhão e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Galípolo passa no teste, a farmacêutica de US$1 trilhão e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (9).

**GALÍPOLO PASSA NO TESTE**

Chamado de “menino de ouro” pelo presidente Lula (PT), o economista Gabriel Galípolo foi aprovado pelo Senado para assumir o comando do Banco Central (BC) em 2025, no lugar de Roberto Campos Neto.

A aprovação teve 66 votos a favor e 5 contra, em votação secreta.

Ele terá um mandato de quatro anos, de 2025 a 2028.

Aos 42 anos, Galípolo será o presidente mais jovem do Banco Central desde que Armínio Fraga assumiu em 1999, com 41 anos.

Ele é o atual diretor de política monetária da instituição, indicado por Lula em 2023.

QUEM É

Palmeirense, leitor de Machado de Assis e Dostoiévsk, Galípolo é formado pela PUC-SP, onde também obteve o título de mestre em economia política.

Ele foi um dos conselheiros econômicos de Lula na campanha de 2022, depois de ter sido presidente do banco de investimentos Fator de 2017 a 2021. Conheça mais sobre Galípolo.

A SABATINA

Antes dos votos do plenário, ele foi aprovado por unanimidade na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos), com 26 votos, após quase quatro horas respondendo os senadores sobre diversos temas.

Abaixo, trago três temas abordados pelo futuro presidente da instituição:

1. Independência. Questionado sobre sua futura relação com o governo, afirmou que Lula garantiu que ele terá liberdade.

Em evento também nesta terça-feira (8), o presidente afirmou que as taxas de juros estão altas, mas que elas haverão de ceder.

Galípolo ressaltou aos senadores que, desde que entrou no BC, já subiu, cortou e manteve estável a taxa básica de juros (Selic).

Disse também que em momento algum sofreu pressão do presidente em suas decisões.

2. Autonomia. Esta será a primeira troca de comando desde que a autonomia do BC entrou em vigor em 2021.

Na sabatina, Galípolo elogiou a mudança, criticada diversas vezes pelo presidente e membros do PT.

Disse que o processo tem sido “bastante estável”, e que o BC não ultrapassa o limite de suas atribuições.

3. Inflação. Ele reafirmou o compromisso com o objetivo de levar a inflação em direção à meta de 3% ao ano. Ele disse, porém, que o processo de desinflação será lento e custoso.

Contra a parede? Apesar dos questionamentos, Galípolo foi poupado e até elogiado pelos parlamentares da oposição, que direcionaram as críticas à atuação do governo Lula.

– “Eu sinto que gerei, talvez, uma grande frustração na expectativa que existia de que, ao entrar no BC, fosse começar um grande reality show, com grandes disputas e brigas ali dentro”, disse.

PRÓXIMOS PASSOS

O Senado agora precisa comunicar a decisão, que publicará o decreto de nomeação. O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro.

No comando, Galípolo terá a missão de conquistar a confiança do mercado financeiro, que teme uma instituição leniente no combate à inflação.

No ano que vem, o BC terá maioria dos integrantes indicados pelo presidente Lula. Veja quem é quem na diretoria da instituição.

Em maio, um racha no colegiado provocou ruídos com o mercado e, desde então, os membros da cúpula tentam mostrar coesão.

Na última reunião do Copom, em setembro, Galípolo votou alinhado a Campos Neto em uma decisão unânime por um aumento dos juros.

**EM NÚMEROS**

A aprovação de Galípolo para o comando do Banco Central foi a que teve o maior consenso entre os senadores desde 1999.

No gráfico acima, é possível ver como o Senado tende a dar aval às indicações do presidente da República, algo de praxe no ambiente político do Brasil. Os votos costumam contar até com apoio da oposição.

Quando foi indicado à cadeira de diretor do BC, em 2023, Galípolo também foi bem, mas teve uma aceitação ligeiramente pior.

Até agora, o presidente Roberto Campos Neto era o nome com melhor aprovação. Foram 55 votos a 6 em 2019.

Em 1998, a indicação de Armínio Fraga por Fernando Henrique Cardoso teve um número relevante de votos contrários: 20.

**A FARMACÊUTICA DE US$1 TRILHÃO**

Já não é tarefa fácil para as empresas alcançarem um valor de mercado bilionário. Quem dirá um valor trilionário.

Mas o sucesso dos remédios para emagrecer Mounjaro e Zepbound deve levar a farmacêutica Eli Lilly a valer mais de US$1 trilhão (R$ 5,54 trilhões), entrando no clube das companhias mais valiosas do mundo.

A disparada das ações na Bolsa americana repete o fenômeno que também ocorreu na Europa com a fabricante do concorrente Ozempic.A Novo Nordisk, no entanto, hoje vale US$ 509,9 bilhões. (R$ 2,8 trilhões)

O valor de mercado da Eli Lilly, que também é a criadora do antidepressivo Prozac, é de US$ 823 bilhões ( R$ 4,5 trilhões). É a 11ª companhia mais valiosa do mundo.

Analistas preveem que o patamar de US$ 1 trilhão deverá ser rompido em breve. As companhias acima dele são apenas sete hoje.

Delas, apenas a petroleira Aramco não é do setor de tecnologia.

Veja:

Apple – US$ 3,4 trilhões

NVIDIA – US$ 3,3 trilhões

Microsoft – US$ 3,1 trilhões

Alphabet (Google) – US$ 2,1 trilhões

Amazon – US$ 1,9 trilhões

Saudi Aramco – US$ 1,7 trilhões

Meta Platforms (Facebook) – US$ 1,5 trilhões

DINHEIRO CERTO

As ações da farmacêutica americana estão em alta desde que o Mounjaro mostrou resultados melhores para perda de peso que os similares Ozempic, Wegovy, Saxenda e Victoza, da dinamarquesa Novo Nordisk. Entenda as diferenças.

Ele é capaz de levar à perda de até 15% do peso corporal em um ano, em comparação com 8% dos outros. Ainda não está disponível no Brasil.

O público de possíveis pacientes é um dos maiores para qualquer outro medicamento: são 100 milhões de americanos com obesidade e 1 bilhão de pessoas no planeta. No Brasil, seis em cada dez pessoas.

A projeção do Goldman Sachs é de que o mercado de remédios desse tipo alcance US$ 130 bilhões (R$ 719 bilhões) até 2030.

Na Dinamarca, a pequena economia do país passa por alterações profundas com as vendas bilionárias da empresa Novo Nordisk.

GARGALO

Para ver o lucro crescer, a Eli Lilly precisa, porém, aumentar a produção e ganhar escala.

Nos últimos quatro anos, foram investidos US$ 20 bilhões (R$ 108,8 bilhões) em fábricas. Nesta semana, mais US$ 4,5 bilhões (R$ 24,48 bilhões) foram anunciados para a produção de medicamentos que passam por ensaios clínicos.

ALERTA

A quebra das patentes dessa nova classe de remédios para emagrecer assusta a indústria farmacêutica.

O Saxenda já perdeu a patente no Brasil, e deverá ter genéricos em breve nas farmácias. A do Ozempic termina em 2026 por aqui.

Nesse cenário, a aposta da Eli Lilly é na pesquisa científica para lançar uma série de novos rótulos, como uma versão do Mounjaro em comprimido.

**IMPOSTO MENOR PARA AS ARTESANAIS**

O Ministério da Fazenda vai propor um valor menor para o “imposto do pecado” que incidirá sobre as cervejas artesanais.

A tributação sobre produtos nocivos faz parte do novo sistema de impostos criado pela reforma tributária no ano passado.

ENTENDA

No lugar dos cinco impostos atuais, as empresas pagarão apenas dois. A transição ocorrerá entre 2026 e 2033.

Em alguns casos, porém, será aplicado um terceiro imposto para desestimular o consumo de determinado bem ou serviço, chamado de Imposto Seletivo.

Álcool, cigarro e refrigerantes estão na lista.

O caso das cervejas tradicionais… As bebidas alcoólicas já são sobretaxadas, e a ideia é manter o percentual da carga tributária. O novo imposto apenas reunirá as cobranças atuais, garantindo mais transparência.

Cálculos feitos pela Folha de S.Paulo no simulador da reforma tributária do Banco Mundial preveem um imposto seletivo de 32,95% para refrigerantes, 46,35% para cervejas e 61,66% para demais bebidas.

Essas taxas, porém, só serão efetivamente conhecidas ao final da transição, em 2032.

… e o caso das artesanais. Como a regulamentação da reforma ainda está no Congresso, a ideia do governo é fazer um ajuste para os pequenos fabricantes de bebidas alcoólicas.

Produtores com produção de até 10 milhões de litros por ano deverão pagar menos que os 46% previstos para as grandes cervejarias.

A justificativa é que esses fabricantes já contam com um regime mais favorável, o que justificaria uma alíquota menor.

De acordo com a associação do setor Abracerva, das 1.847 cervejarias registradas no país, cerca de 1.800 são pequenas e médias.

↳ A produção dessas cervejarias, porém, representa apenas 1,5% do mercado.

Sim, mas… A Abracerva defende que as pequenas empresas sejam isentas.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

STF

Moraes libera volta do X, antigo Twitter, no Brasil, após empresa de Musk cumprir decisões. Decisão ocorre pouco mais de um mês após ministro ter determinado suspensão da plataforma.

BETS NO BRASIL

Estudo do Senado sobre bets já apontava riscos sociais e efeitos negativos sobre consumo. Relatório, que chegou até relator de proposta de regulamentação na Casa, antecipou antecipou problemas que agora pressionam governo e Congresso.

BNDES

Fundo do BNDES e da Vale para minerais estratégicos levantou interesse de R$ 3 bilhões. Valor, considerado alto, é a soma de todas as cartas de intenções apresentadas por candidatos a gerir o fundo.

MERCADO

Azul anuncia acordo com credores de R$ 3 bilhões, 92% da dívida; ações disparam. Dívidas serão trocadas pela emissão única de até 100 milhões de novas ações preferenciais da companhia.

VICTOR SENA / Folhapress

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