BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, demonstrou nesta sexta-feira (28) preocupação com a desvalorização do real, mas não indicou intervenção no mercado de câmbio.
Em participação por videoconferência em evento promovido pela FGV (Fundação Getulio Vargas), no Rio de Janeiro, Galípolo reconheceu que o real tem tido uma performance pior frente ao dólar do que as moedas de outras economias emergentes.
Ainda assim, o diretor reforçou que o BC não trabalha com uma meta de câmbio. “O câmbio flutuante está aí para absorver justamente mudanças que podem ocorrer por reprecificação, que podem ser provocadas por questões locais ou por questões estrangeiras”, disse.
O dólar voltou a operar em alta e atingiu R$ 5,585 na máxima da sessão desta sexta, em dia de disputa entre agentes de mercado pela formação da Ptax, uma taxa de câmbio calculada pelo BC que serve como referência para a liquidação de contratos futuros.
De acordo com Galípolo, a autoridade monetária segue atenta a uma possível disfuncionalidade no mercado de câmbio e tenta dimensionar o quanto essa performance pior do real em comparação com os pares representa um sinal adicional de atenção.
“A gente vai estar sempre olhando se há algum tipo de descolamento muito fora daquilo que está acontecendo com os nossos pares e o restante do mercado global, se existem algumas janelas ou questão de disfuncionalidade na curva ou na própria liquidez”, disse.
Segundo ele, há diversas razões que podem explicar a maior desvalorização do real. Entre elas, mencionou ruídos e “idiossincrasias domésticas”, citando como exemplo o racha na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC de maio.
“O Brasil detém um mercado mais líquido e historicamente é comum que se use o Brasil por ter uma porta de saída mais larga pela questão da liquidez que faz com que os nossos ativos sofram um pouco mais”, acrescentou.
Em 2023, o BC não realizou leilões extras de dólar -o que caracterizou a menor intervenção da autoridade monetária desde a adoção do regime de câmbio flutuante no país, em 1999. Neste ano, em abril, o BC vendeu 20 mil contratos de swap cambial ofertados em leilão adicional -o equivalente a US$ 1 bilhão.
NATHALIA GARCIA / Folhapress