Gêmeas paraguaias brilham no futsal brasileiro e já confundiram árbitra

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Dentre os oito irmãos da família Britez, o talento com a bola no pé ficou para as gêmeas Andrea Lorena e Andrea Paola, de 25 anos. E quis o destino que as paraguaias viessem ao Brasil para se transformar em dois dos grandes nomes do futsal mundial.

Lore e Pao, como são conhecidas, estão entre os principais destaques do Taboão Magnus, um dos clubes mais vencedores da modalidade no Brasil e no mundo, e ambas jogam de ala. A parceria de vida natural pela relação de irmãs gêmeas foi para as quadras e deu muito certo.

“Nossa relação é muito boa. Todo mundo que conhece a gente se surpreende pela forma como a gente se trata, que a gente vive e convive. Quando uma fica doente, a outra já se prepara porque também vai ficar. Temos uma relação muito boa, de muito amor, respeito, cumplicidade. A gente se ama muito. Isso reflete em quadra, fora de quadra. E as pessoas ao nosso redor sempre falam ‘que da hora’. E é da hora mesmo”, contou Lore.

Lore ainda explicou a sensação de brilhar ao lado da irmã gêmea, principalmente em outro país.

“Jogar ao lado da Pao é um momento único, eu sou muito grata a Deus por ter mandado nós duas juntas e gostando do mesmo esporte. É uma sensação única. Nós temos uma conexão muito forte. A gente sabe quando a outra está no dia ou não está. A gente vai se ajudando, se falando. É muito bom, é maravilhoso”, explicou.

“EMPURRÃO” DA MÃE

Lore e Pao começaram no futsal aos 13 anos. Jogar um dia no Brasil era algo quase inimaginável para as duas. Tanto que, quando a primeira oportunidade apareceu, elas não levaram a sério.

“Estamos no Brasil há seis temporadas. Foi muito louco, nunca pensamos e nem acreditamos que estaríamos jogando no Brasil. Minha mãe sempre acompanhou a gente nos jogos. E pensávamos que ela não deixaria a gente vir pro Brasil. O Alê, nosso preparador de goleiros, mandava mensagem desde 2016 perguntando se queríamos vir pro Brasil. Eu respondia, mas não dava muita bola”, contou Lore.

Mas foi justamente a mãe, Castorina, a maior incentivadora pra que as duas saíssem de casa para se tornarem referências no futsal feminino brasileiro e mundial.

“Fomos falar com a nossa mãe, eu disse pra ela que nunca falava nada porque pensava que ela não nos deixaria ir. Aí ela falou ‘como assim? Claro que vou deixar vocês irem. Vocês já cresceram, são adultas, maiores de idade. Se vocês querem ir, podem ir. Vocês já sabem o que querem, o que é certo e errado. Só não vão para lá pra ficar chorando o dia todo'”, lembrou.

“Eu e a Pao ficamos em silêncio. A gente não esperava essa resposta dela. Aí conversamos e decidimos vir pro Brasil. Nós choramos muito, somos muito unidos como irmãos, somos oito. Foi uma decisão muito louca, foi da hora. Viemos, a gente falava pouco português, mas entendia. Foi muito desafiador”.

A cada ano, a decisão se mostra mais acertada. Com as duas, o Taboão Magnus se consolidou como um dos maiores clubes do mundo. O time está nas semifinais da LFF e é finalista da Copa do Brasil pelo sexto ano seguido.

Já as paraguaias seguem se destacando, conquistando títulos e prêmios individuais. Atualmente, Pao é uma das artilheiras da LFF.

CARTÃO PRA IRMÃ ERRADA

Jogar ao lado da irmã gêmea pode proporcionar momentos inusitados. E foi justamente em uma partida contra o Brasil que Pao e Lore conseguiram aproveitar a semelhança física para impedir uma expulsão.

“Quando éramos menores, éramos mais parecidas. Estávamos jogando contra o Brasil, com 17 anos. Eu fiz uma falta na Amandinha, já tinha cartão. Eu seria expulsa. Fiz a falta, fui no fundo e veio a Pao na minha frente. A árbitra confundiu e deu cartão pra Pao. A Amandinha ficou falando ‘é pra irmã dela’. E quando ela falou, eu pedi pra sair do jogo, ser substituída. A menina entrou, o jogo começou… A Pão levou o cartão por mim (risos)”, lembrou Lore.

As duas até hoje são presença frequente nas convocações da seleção paraguaia. Recentemente, elas representaram o país na Copa América da modalidade.

LUIZ FRANCO / Folhapress

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