Gene Simmons, do Kiss, responsabiliza gravadoras pela decadência do rock

PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – Gene Simmons tem 74 anos e estava em casa, aposentado após encerrar as atividades do Kiss, grupo que ele e Paul Stanley lideraram por meio século, quando o telefone tocou. Era um amigo, promotor do festival Summer Breeze, convidando-o para se apresentar no evento, que acontece em São Paulo este mês.

Simmons então juntou velhos amigos e ressuscitou a Gene Simmons Band, sua banda solo, que não se apresentava desde 2018. “Vai ser divertido”, diz o cantor e baixista, por telefone, de Los Angeles. “Não preciso usar aquela maquiagem pesada do Kiss e vamos só nos divertir. Aproveitei e marquei oito shows na Europa depois disso.”

A Gene Simmons Band se apresenta no festival Summer Breeze em 26 de abril, como atração principal do dia, que terá ainda shows de Sebastian Bach, Mr. Big e Biohazard.

Além de Simmons no baixo e vocal, a banda terá os guitarristas Vince Neil, Sebastian Bache Zach Throne, além do baterista Brian Tichy. O repertório é composto por clássicos do Kiss e músicas da carreira solo de Simmons. “Vamos tocar algumas faixas de ‘Asshole’ [disco solo lançado em 2004], que eu adoro.”

A entrevista aconteceu semanas antes do anúncio da venda do catálogo e da marca registrada do Kiss para a empresa sueca Pophouse, num negócio estimado em 300 milhões de dólares, mais de R$ 1,5 bilhão.

A Pophouse foi fundada pelo músico Björn Ulvaeus, do grupo ABBA. Ulvaeus e a Pophouse criaram o show “ABBA Voyage”, um concerto virtual realizado em Londres que trouxe avatares dos integrantes do grupo substituindo os artistas de carne e osso.

No show de despedida do Kiss, realizado em 2023 no Madison Square Garden, em Nova York, Simmons e Stanley anunciaram aos fãs que ali “começava uma nova era para o Kiss”. A previsão é que os shows da banda com avatares aconteçam em 2027.

Ao ser questionado se poderia dar mais detalhes sobre essa nova, Simmons diz que é surpresa. “Vai deixar até o mais obsessivo fã do Kiss, aquele que já viu todos os nossos shows e conhece todos os nossos produtos, de queixo caído.” Mas quando começa essa nova era? “Ah, isso é segredo”, ele responde. “Vamos revelar quando for a hora certa. Afinal, você não quer descobrir em julho o que vai ganhar de Natal, não é mesmo?”

Se está animadíssimo com o mundo virtual, Simmons não parece tão feliz com o estado da indústria musical. “O rock está acabando, não há uma banda nova que seja tão relevante ou influente. Mas, por outro lado, vemos artistas como Taylor Swift, cuja turnê acaba de bater recordes de bilheteria. Por que ela faz tanto sucesso e o rock está em crise?”, ele questiona.

“Acho que isso tem a ver com a falência do modelo de negócios das gravadoras, que começou há uns 20 anos, quando discos passaram a ser baixados por qualquer um. As gravadoras demoraram a perceber o perigo que aquilo representava e agora estão pagando o preço. Elas deveriam ter lidado com essa questão de maneira muito mais agressiva”, afirma Simmons.

ANDRÉ BARCINSKI / Folhapress

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