SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Comitê de Ética da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos divulgou nesta quinta-feira (16) um relatório em que diz ter encontrado “evidências substanciais” de que o deputado pelo Partido Republicano George Santos violou leis federais.
O documento é fruto de uma investigação de quase nove meses contra o deputado, e abre caminho para uma nova tentativa de expulsá-lo da Casa menos de um mês depois de uma moção para cassar seu mandato ser rejeitada no plenário por 213 votos contra 179. Na própria quinta, um dos membros do Comitê de Ético afirmou que entrará com uma ação para destituir o republicano, segundo afirmou o jornal americano The Washington Post.
Santos, que é filho de brasileiros, foi eleito há um ano para representar o terceiro distrito de Nova York, que inclui partes de Long Island e o Queens. Ele perdeu a disputa no mesmo local em 2020.
Pouco depois da publicação do relatório, o político afirmou em sua conta no X, o antigo Twitter, que não renunciaria, prometendo “manter seu compromisso com os valores conservadores” em seu tempo restante no Congresso. Ele acrescentou, porém, que não se candidataria à reeleição, segundo ele porque sua “família merece mais do que estar sob a mira da imprensa o tempo todo”.
Segundo o jornal The New York Times, todos os membros do Comitê votaram para encaminhar as conclusões ao Departamento de Justiça, afirmando que o deputado “está aquém da dignidade exigida por seu cargo e trouxe sério descrédito à Câmara”.
O órgão se absteve de indicar medidas punitivas no texto. Mas diversos deputados já haviam anunciado que votariam pela cassação de Santos se o órgão encontrasse provas de conduta criminosa ou de grave violação ética por parte do deputado.
Santos é alvo de 23 acusações na Justiça, uma lista que inclui de fraude e lavagem de dinheiro a conspiração para cometer crimes contra os EUA e roubo de identidade crimes dos quais ele diz ser inocente.
Várias dessas alegações foram corroboradas pelo relatório que o Comitê de Ética submeteu à Câmara. Em 56 páginas, ele reúne evidências de que Santos usou fundos de campanha para fins pessoais, enganou doadores e forneceu dados falsos ou incompletos sobre suas finanças, entre outros.
As infrações que mais chamam a atenção no texto se relacionam, contudo, com os destinos espúrios que o então candidato teria dado ao dinheiro dos fundos de ambas as suas campanhas, de 2020 e 2022.
O documento do Comitê de Ética revela, por exemplo, que Santos usou mais de US$ 2.000 (quase R$ 10 mil na cotação atual) dessa verba em resorts em Atlantic City, cidade em Nova Jersey conhecida por seus cassinos, em julho de 2022, mesmo que não haja registros de eventos políticos ocorrendo lá no período.
Além disso, um antigo funcionário da campanha de Santos disse ao subcomitê de investigação não se lembrar de “nenhum evento de campanha ou de captação de recursos” na cidade naquela data. Contou, no entanto, que sabia que Santos costumava apostar em cassinos, em geral acompanhado do marido.
O relatório ainda descreve uma despesa de cerca de US$ 3.000 (cerca de R$ 15 mil) com estadia em um Airbnb que o deputado havia identificado como um “gasto com hospedagem”. Segundo seu calendário de campanha, porém, ele passou o fim de semana da despesa em questão nos Hamptons, balneário frequentado pela elite nova-iorquina.
O subcomitê ainda encontrou desembolsos extras com hospedagem e transporte em Las Vegas em seu cartão de crédito da campanha em dezembro de 2021, período em que o deputado estaria em sua lua de mel, segundo afirmou à sua equipe.
Além das viagens, destacam-se no relatório os gastos de Santos com serviços e procedimentos estéticos. Duas transações foram identificadas como “[aplicação de] botox” pela tesouraria de suas campanhas: uma de US$ 1.400 (R$ 6.800), de 2022, e outra de US$ 1.500 (R$ 7.285), esta da campanha de 2020 em que ele saiu derrotado.
Santos ainda teria usado US$ 4.127,80 (R$ 20 mil) do fundo de campanha em uma compra na grife de luxo Hermès e quantias menores para pagar contas de seu cartão crédito, refeições, estacionamento e produtos na loja de cosméticos Sephora.
Redação / Folhapress