NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – O deputado George Santos se apresentou, nesta sexta-feira (30), à juíza que vai presidir seu caso em um tribunal federal de Long Island, em Nova York.
É a primeira vez que o deputado republicano filho de brasileiros volta à corte, depois do indiciamento, no mês passado, por 13 acusações de crimes que incluem lavagem de dinheiro, fraude, declarações falsas e desvio de verbas públicas A sessão durou apenas seis minutos; estavam Santos, seu advogado Joe Murray e quatro promotores federais, além da juíza Joanna Seybert, nomeada em 1993 por Bill Clinton.
O clima entre réu e promotores era cordial. O republicano chegou com uma calça bege e um paletó de terno cinza, com o cabelo alisado para trás. Ao contrário do ambiente caótico que marcou a audiência de indiciamento em maio, com empurra-empurra e cotoveladas na escadaria do tribunal, a presença da mídia foi menor e as câmeras foram confinadas à calçada do outro lado da entrada do majestoso edifício -uma joia modernista rara na arquitetura de tribunais americanos, projetada por Richard Meier.
Quando a juíza perguntou à defesa quanto tempo era necessário para examinar os mais de 80 mil documentos que enviaram a Santos esta semana, o advogado começou a responder louvando sua relação de traballho -“maravilhosa”- com um dos promotores, Ryan Harris.
A acusação ofereceu 14 de setembro como data para a próxima audiência. Murray pediu que fosse antecipada para 7 de setembro, de modo a acomodar a volta do Congresso das férias ao final do verão americano. Os documentos da promotoria são parte da “discovery”, a fase do processo em que a acusação revela ao réu tudo o que já acumulou sobre as acusações.
À Folha de S.Paulo, Santos havia avisado que não falaria à imprensa na saída do tribunal, e cumpriu a promessa. Na saída do tribunal, ele foi recebido por um pequeno protesto organizado por eleitores do seu distrito. Entre eles, estava Richard Osthoff, um veterano que acusa Santos de ter provocado a morte de sua cadela, ao roubar doações que recolheu por meio uma ONG nunca registrada pelo governo.
Apesar de ter mantido um tom de desafio à credibilidade do extenso caso do governo federal contra ele, uma investigação iniciada logo após sua posse, em janeiro, o deputado parecia preocupado em não irritar a juíza com declarações provocativas.
Disse à Folha, porém, que não considera voltar atrás da decisão de concorrer à reeleição em 2024. Nesta semana, o líder republicano da Câmara, Kevin McCarthy, afirmou em entrevista que não quer ver Santos reeleito e que o partido vai alinhar outros candidatos para a primária eleitoral.
LÚCIA GUIMARÃES / Folhapress