RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), anunciou nesta quarta-feira (28) o cronograma para as licitações do novo sistema de ônibus municipal, principal meio de transporte na cidade.
O plano prevê ações que devem durar até 2028, quando o novo sistema estará funcionando em sua plenitude, segundo o anúncio. Paes prometeu mudança pontuais a partir do primeiro semestre do ano que vem nas áreas que atualmente sofrem com o pior serviço nos coletivos.
“Não é uma mudança que vai acontecer na cidade de uma vez. Não é para amanhã. Mas vamos ter um cronograma bastante ousado e, a partir do ano que vem, já vamos ver áreas das cidades sendo completamente transformadas, com transporte digno e decente. Esse é o ponto de virada mais importante da história da mobilidade na cidade do Rio de Janeiro. Talvez mais importante que o próprio BRT”, disse o prefeito.
Atualmente, o serviço de ônibus está dividido em quatro consórcios por área da cidade. O novo sistema contará com 31 lotes a serem disputados pelas empresas.
As primeiras licitações serão lançadas este ano para atender os bairros de Campo Grande e Santa Cruz, áreas com o pior atendimento, segundo o município. A previsão é que número de ônibus que circula por essa região suba de 199 para 680 no primeiro semestre do ano que vem.
O cronograma das licitações foi fechado após um acordo judicial entre a prefeitura e os atuais operadores do sistema, cujo contrato ia até 2030.
O sistema de ônibus passa por uma crise desde a pandemia, em razão da queda no número de passageiros num modelo até então financiado apenas pela tarifa. O número passageiros, que foi de 74 milhões em 2019, caiu para 20 milhões em 2020, ano marcado pelas restrições de deslocamento. O quantitativo não foi recuperado, chegando a 65 milhões no ano passado.
Com a crise, mais de 15 empresas de transporte que compunham os consórcios encerraram as atividades e outras 11 entraram em recuperação judicial.
Em 2022, o município alterou a forma de remuneração dos consórcio, prevendo pela primeira vez na cidade o subsídio. Entre junho de 2022 e abril de 2025, foram gastos R$ 2,3 bilhões. Apesar de melhorias no atendimento de áreas antes abandonadas pelas empresas, a qualidade do serviço ainda é alvo de intensas críticas.
As empresas de ônibus na cidade ficaram marcadas pela Operação Ponto Final, que apontou um esquema de corrupção protagonizado por seus líderes. Um dos acusados era o próprio prefeito Eduardo Paes, que teria arrecadado caixa dois junto aos empresários para campanhas políticas. Ele sempre negou a acusação.
A partir de seu terceiro mandato, iniciado em 2021, Paes passou a buscar meios para alterar o contrato que ele próprio firmou em 2010 com as empresas, em seu primeiro mandato, a fim de melhorar os serviços.
“Estamos falando de um sistema que opera de forma pouco institucional, para ser educado, há muitos anos. A licitação [de 2010] era a possível naquelas circunstâncias”, afirmou ele.
A secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio, afirmou não ter como impedir que as atuais operadoras disputem as novas licitações. Mas afirmou que o pacote de investimento exigido nos editais fará com que apenas companhias financeiramente saudáveis entrem na disputa.
“Não podemos barrar pessoas específicas. Isso não é permitido pela lei de licitações. O que a gente pode fazer é requisito de qualificação. Estamos falando de uma frota nova. A empresa tem que mostrar saúde financeira para arcar com esse investimento”, disse ela.
A previsão é de que haverá 5.000 novos ônibus na cidade após a conclusão das licitações. Entre as mudanças, está exigência de que o veículo seja de piso baixo, a fim de melhorar a acessibilidade. Os novos operadores serão fiscalizados a partir de um índice de qualidade, com sete itens da avaliação.
Redação / Folhapress
