SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) instalou grades na rua dos Protestantes, onde está fixada a maior aglomeração de usuários de drogas na região central de São Paulo, para a criação de um “corredor da saúde”, nome usado pelo governo estadual para a iniciativa.
Os cavaletes de ferro foram colocados na terça-feira (18) e servem para delimitar o espaço ocupado pelos usuários e deixa uma faixa da rua livre. A Folha apurou que a ideia do governo estadual é permitir a aproximação dos agentes de saúde e liberar o fluxo de carros, interrompido neste trecho da rua por causa do fluxo de dependentes. Outro objetivo é manter o tráfico de drogas mais exposto para permitir a atuação das polícias.
Com isso, formou-se um triângulo na rua dos Protestantes. Além das grades de ferro, o espaço nas outras duas extremidades por um tapume e barreiras de concreto enfileiradas.
Nesta terça, foram contabilizadas 242 pessoas na cracolândia, a menor concentração desde o dia 30 de janeiro, quando foi registrado o mesmo número na contagem realizada duas vezes por dia por drones da GCM (Guarda Civil Metropolitana) e da Polícia Militar.
Há cerca de seis semanas a média que beirava 600 pessoas por dia ficou abaixo de 400, no período da tarde.
Em quase um ano, uma série de mudanças da gestão da cracolândia por parte dos entes públicos impactou o comportamento dos dependentes. Em vez de ficarem o dia todo no mesmo ponto, grupos maiores passaram a se movimentar com mais frequência pelo centro.
Entre os motivos citados pelos usuários para manter a rotina itinerante estão o aumento das prisões, sobrevoo constante de drones e a proibição por parte da polícia de acessarem a rua dos Protestantes com mochilas, sacolas, bolsas ou bicicletas, usadas supostamente para esconder a droga.
O fluxo da cracolândia se fixou na rua dos Protestantes após ocupar por cerca de quatro meses o entorno da rua Santa Ifigênia. A proximidade dos usuários com o centro comercial de produtos eletrônicos levou a uma série de cenas de violência e confusão, sucessivos saques nas lojas e protesto de comerciantes por mais segurança.
MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress