SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Gestor de ‘A Grande Aposta’ investe contra chips, o impacto do calor na inflação e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (16).
**GESTOR QUE ANTECIPOU CRISE DE 2008 TEM NOVO ALVO**
O gestor americano Michael Burry, famoso por ter “previsto” a crise imobiliária americana de 2008 e retratado no filme “A Grande Aposta”, investiu na queda das ações das empresas de chips semicondutores.
É o que mostram os documentos regulatórios sobre a posição de seu fundo Scion Asset Management no final de setembro.
ENTENDA
Os relatórios mostram que o fundo de Burry comprou opções de venda de um ETF (fundo de índice) que acompanha ações de fabricantes de chips.
O papel sobe 45% no ano, na esteira de resultados como o da Nvidia, que viu suas receitas dispararem com a demanda por chips de IA (inteligência artificial) e hoje vale US$ 1,2 trilhão (R$ 5,8 tri).
As posições vendidas garantem o direito de vender ações a um preço fixo no futuro. Na prática, o investidor aposta que os papéis vão cair no período estipulado, o que expressa uma visão pessimista sobre eles.
O valor nominal declarado pelo fundo sobre essa posição é de US$ 47,4 milhões, mas, como lembra a Bloomberg, ele reflete o preço dos papéis do ETF, e não o das opções que é bem menor.
Os documentos regulatórios também mostram que Burry encerrou sua posição que apostava contra o principal índice americano (S&P 500) e o de grandes empresas de tecnologia (Nasdaq).
A posição havia sido montada em algum momento durante o segundo trimestre e foi desfeita no trimestre seguinte, período em que as Bolsas americanas atingiram a máxima do ano.
Não é possível saber exatamente quando a aposta foi encerrada, mas os índices caíram cerca de 4% no terceiro trimestre.
RELEMBRE
Burry ganhou fama com suas apostas contra o mercado imobiliário dos EUA antes da crise financeira de 2008.
Ele é o principal personagem do livro “A Grande Aposta”, de Michael Lewis, que foi lançado em 2010 e ganhou uma adaptação para os cinemas cinco anos depois.
**INTERNET MAIS RÁPIDA DO MUNDO?**
A Huawei e a China Mobile disseram ter alcançado uma velocidade “estável e confiável” de 1,2 terabits por segundo em uma rede de internet com 3.000 quilômetros de distância, que liga Pequim ao sul do país.
O anúncio também cita que toda tecnologia usada na operação é chinesa.
As informações são da agência estatal de notícias Xinhua e não puderam ser checadas de forma independente, noticia a agência Bloomberg.
O projeto feito em parceria com a Universidade Tsinghua e a provedora de pesquisa Cernet.com atingiu a mesma velocidade que a Nokia afirmou ter alcançado em fevereiro.
No caso da rival finlandesa da Huawei, porém, o marco foi alcançado em uma rede de cerca de 118 quilômetros.
POR QUE IMPORTA
A China tem anunciado uma série de avanços tecnológicos para tentar mostrar ao mundo que não foi afetada pelas sanções americanas, principalmente as relacionadas ao acesso a chips.
↳ A Huawei surpreendeu o mercado há alguns meses com o lançamento do Mate 60 Pro, seu smartphone com conexão 5G algo que era impensável de ser feito sem os chips do Ocidente.
– A popularidade do novo celular foi um dos motivos que levaram Tim Cook, o CEO da Apple, à China para estreitar laços com o país.
Mais recentemente, a YMTC, principal fabricante local de chips de memória, lançou o chip 3D NAND. Ele foi descrito por uma consultoria especializada americana como o “mais avançado do mundo”.
**CALOR AMEAÇA INFLAÇÃO**
O calor intenso que atinge principalmente a região central do país já provoca impactos pontuais na inflação.
Se o fenômeno continuar nos próximos meses, na chegada do verão, a alta de preços pode ser ainda maior, dizem os economistas.
OS IMPACTOS DO CALORÃO NOS PREÇOS
↳ Do ar-condicionado: é o que sofre o maior impacto de curto prazo. Em outubro, os preços haviam subido 6,09%, segundo o IPCA, a maior alta desde 2020. A carestia também deve chegar aos ventiladores, que já somem das prateleiras.
↳ Dos alimentos: a permanência das altas temperaturas e o impacto do fenômeno climático El Niño, que altera o padrão de chuvas, afetam a produção de itens mais sensíveis ao clima, como verduras, legumes e frutas.
↳ Da energia: esses dias de calor já levaram ao acionamento de térmicas, que são mais caras. Se o país continuar com alto consumo, o impacto pode chegar às tarifas de luz.
O consumo de energia elétrica no Brasil bateu recordes em dois dias consecutivos, na segunda (13) e na terça (14). Nesta quarta, o feriado deu um alívio.
O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) garante que o sistema de energia nacional é “robusto, seguro, possui uma ampla diversidade de fontes e está preparado para atender às demandas de carga e potência da sociedade brasileira”.
O que explica a onda de calor: a soma de um bloqueio de pressão atmosférica, do El Niño e das mudanças climáticas que aumentam a frequência de eventos extremos, dizem especialistas.
**TOK&STOK QUER RETOMAR DNA**
Após ter entrado na onda das vendas digitais que foi surfada por praticamente todo o varejo na pandemia, a Tok&Stok agora quer colocar o pé no chão e voltar às origens.
A mudança de prioridade vem após a rede de móveis e decoração fundada em 1978 chegar a ter seu futuro ameaçado por juros altos, endividamento encarecido e pedidos de despejo.
O resgate veio em junho, quando os sócios fizeram um aporte de R$ 100 milhões e conseguiram renegociar R$ 350 milhões em dívidas bancárias. A empresa é controlada pelo fundo americano Carlyle desde 2012.
A fundadora Ghislaine Dubrule, que havia deixado o comando da companhia em 2017 para ir ao conselho de administração, agora volta para tocar o dia a dia da empresa.
“Retomar o DNA”: é assim que a executiva trata o início de seu novo período à frente da Tok&Stok. A varejista vai voltar a priorizar as grandes lojas físicas, com seus cenários prontos, coleções sazonais e parcerias com designers brasileiros e estrangeiros.
A fundadora diz que hoje a situação é estável e que o perigo de uma possível recuperação judicial ou extrajudicial ficou para trás, assim como o fechamento de mais lojas.
No fim de junho, quando anunciou sua reestruturação, a Tok&Stok contabilizava 17 lojas que não eram rentáveis e foram fechadas. Essas unidades eram, na maioria, do modelo studio, com cerca de 500 metros quadrados.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
MERCADO
Haddad ganha força para revisar meta em março, e ala do governo propõe plano para blindar obras. Proposta prevê uso de restos a pagar para garantir investimentos até março, quando compromisso fiscal seria reavaliado
MERCADO
Governo Lula dificulta trabalho nos feriados no comércio e favorece sindicatos; setor reage. Autorização deverá estar em convenção coletiva da categoria, diz nova regra do Ministério do Trabalho e Emprego.
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
IA em busca do Google inviabiliza jornalismo e cria risco de desinformação, dizem especialistas. Disponível nos EUA desde agosto, recurso passou a funcionar em português no dia 8.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress