Gestores brasileiros acreditam que IA transformará economia, mas só 23% investiram na tecnologia

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Entre os gestores brasileiros, 99% afirmam acreditar que a IA (inteligência artificial) geradora (como o ChatGPT) transformará serviços e atividades industriais. Mas só 23% já fizeram investimentos significativos na tecnologia até o momento, mostra levantamento da consultoria de inovação Accenture.

Esse cenário indica a insegurança das empresas locais em apostar em inteligência artificial diante dos riscos de violação de direitos autorais e de erros causados por alucinações —quando a IA inventa respostas.

No restante do mundo, 47% dos gestores afirma não estar preparada para o ritmo de mudança tecnológica proporcionado pelas novas soluções de IA.

Para levantar esse prognóstico no relatório “Pulse of Change Index” obtido com exclusividade pela Folha, a Accenture entrevistou 3.400 executivos em cargo de direção de 20 países e 19 atividades econômicas. O objetivo era comparar as diferentes percepções sobre as inovações em curso.

As empresas que já começaram a investir em inteligência artificial devem começar a apresentar vantagens competitivas já em 2024, avaliou o diretor do Laboratório de Tecnologia da Accenture, Michael Biltz, em entrevista coletiva. “Os demais negócios terão de correr atrás dessa tendência.”

Blitz diz que suavizar os efeitos negativos dessa transição faz parte da responsabilidade dos gestores. “Esses profissionais precisam se antecipar aos reguladores e à pressão social.”

Na avaliação do diretor de tecnologia da Accenture, Adam Burden, as empresas precisam investir agora mais em pessoas do que na tecnologia, com o objetivo de capacitar força de trabalho especializada. “Ainda não existem profissionais especialistas em inteligência artificial na escala necessária”, diz.

Entre os respondentes do levantamento da Accenture, 88% diz que espera transformações mais aceleradas no ambiente corporativo em função do avanço tecnológico em 2024, do que já houve em 2023.

IA TERÁ IMPACTO EM 900 CARREIRAS

Já em 2024, a IA geradora deverá ter influência sobre 44% de todas as horas de trabalho em curso na indústria. Isso garantiria melhora de produtividade em 900 atividades profissionais, segundo a consultoria de tecnologia Accenture.

Essa transformação deve acrescentar entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões à economia global, estima a Accenture, a partir de 70 mil transcrições de reuniões de balanço de 10.542 empresas, no relatório “Technology Vision”. A análise foi feita com auxílio de inteligência artificial.

A consultoria deixou de apresentar profissões mais impactadas por avaliar que os impactos vão ser transversais em toda a atividade humana, segundo Burden.

A consultoria projeta que na média haverá ganho para a humanidade com altas de produtividade e lucratividade por parte dos negócios.

A Accenture projeta que já em 2025 os clientes estariam tão satisfeitos com o atendimento por chatbots quanto ficariam com uma chamada para um atendente humano. Em 2029, conselheiros de IA terão mais audiência do que buscadores tradicionais como o Google e o Bing.

Embora as transformações sejam profundas, o relatório não traz uma visão catastrófica.

Burden lembra que 60% dos trabalhos atuais não existiam em 1940, antes da invenção dos computadores. “A maioria das pessoas trabalhava com agricultura antes da segunda guerra mundial.”

O relatório cita a emergência de novas atividades profissionais como os engenheiros de prompt —especialistas em otimizar os comandos para inteligências artificiais, a fim de realizar tarefas específicas.

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LINHA DO TEMPO DA IA, SEGUNDO ACCENTURE

2012

Google anuncia o grafo de conhecimento, passo fundamental para a compreensão de sentido por máquinas

2019

Pesquisadores do Google anunciam o K-Bert, um grande modelo de linguagem que funciona a partir de grafos de conhecimento

2022

OpenAI lança ChatGPT

2023

Microsoft integra inteligência artificial da OpenAI ao buscador Bing

2025 (projeção a partir daqui)

Lìder em aviação civil anuncia que seus consumidores estão tão satisfeitos com atendimento de IA, quanto ficam com atendimento humano

2027

Adicionar informações falsas para confundir inteligências artificiais se torna um dos principais riscos de cibersegurança

2028

Grandes empresas terão chatbots próprios, treinados com a propriedade intelectual da corporação, para ajudar na gestão, no desenvolvimento de produtos e na conclusão de projetos

2029

Conselheiros baseados em IA terão mais tráfego orgânico na internet do que buscadores como Google e Bing

2031

Smartphones substituirão interface baseada em aplicativos para uma interação entre humano e máquina via linguagem natural.

PEDRO S. TEIXEIRA / Folhapress

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