SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, que trocaram gentilezas em cerimônia no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (28), têm um histórico de bate-boca em sessões da corte.
Gilmar fez um pronunciamento na sessão no qual disse que a posse simboliza “colorido novo” e chamou o colega de um “destacado monografista”. Os dois se abraçaram ao final da fala.
“A história de Vossa Excelência, ministro Luís Roberto Barroso, é lastro seguro da dignidade que marca a posse que ora participamos”, disse Gilmar, acrescentando: “Seja feliz”.
Barroso retribuiu.
“Agradeço, honrado, sua bela oração em nome da corte e as palavras generosas a mim dirigidas que guardarei no coração”, disse.
O antagonismo entre os dois, anos atrás, ocorreu especialmente no contexto da Operação Lava Jato, que tem Gilmar como um de seus maiores críticos e Barroso como defensor.
Mais recentemente, já durante a pandemia da Covid-19, houve uma aproximação, em meio aos embates da corte com o governo Jair Bolsonaro. O ex-presidente chegou a anunciar que pediria formalmente no Senado o impeachment de Barroso.
Desde 2021, Gilmar é o decano da corte, agora presidida por Barroso. Em junho deste ano, os dois apresentaram um voto conjunto em processo sobre o piso salarial da enfermagem.
Em março de 2018, ocorreu o principal embate entre eles, em uma sessão que discutia doações de campanha. Naquele mês o STF estava às vésperas de decidir a respeito de pedido de habeas corpus do hoje presidente Lula no âmbito da Lava Jato.
Gilmar criticava, sem citar nomes, tentativa de “dar uma de esperto” na discussão de pautas do tribunal.
“Me deixa de fora desse seu mau sentimento. Você é uma pessoa horrível. Isso não tem nada a ver com o que está sendo julgado. É um absurdo Vossa Excelência aqui fazer um comício cheio de ofensas, grosserias. Já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim”, interrompeu Barroso.
E continuou: “O senhor é a mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia”.
“A vida para Vossa Excelência é ofender as pessoas. Qual a sua ideia? Qual sua proposta? Vossa Excelência é uma vergonha, é uma desonra para o tribunal. Vossa Excelência, sozinho, desmoraliza o tribunal. Está sempre atrás de algum interesse que não o da Justiça”, continuou.
Gilmar retrucou: “Vou recomendar ao ministro Barroso que feche seu escritório de advocacia”.
“É muito penoso para todos nós termos que conviver com Vossa Excelência aqui”, disse Luís Roberto Barroso em discussão com Gilmar em 2018.
Em outubro de 2017, Barroso acusou em sessão o colega de ter “parceria com a leniência em relação à criminalidade do colarinho branco”.
Na ocasião, Gilmar disse que Barroso foi o responsável por soltar o petista José Dirceu. E também ouviu: “Não sou advogado de bandidos internacionais”, em referência ao italiano condenado Cesare Battisti, para quem Barroso advogou antes de virar ministro.
Redação / Folhapress