SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Estreante na Globo em “Justiça 2”, Giovanni Venturini, 32, comemora o prestígio que ganhou com a série. O personagem, descrito por ele como “babaca”, representou para o ator mais do que um papel qualquer, mas a fuga do estereótipo atribuído a pessoas com deficiência na dramaturgia.
Na trama, Elias é primo de Carolina (Alice Wegmann), que denuncia seu tio Jayme (Murilo Benício) por abuso sexual. Quando o tio sai da cadeia, Elias se torna aliado de Jayme, prestando apoio a ele, mesmo após o rompimento com a família.
“É muito importante ser visto como um ser humano. Normalmente, as pessoas com deficiência dentro da dramaturgia, dentro da arte no geral, são vistas como coitadinhas, como vítimas, como um seres imaculados, que sofrem, que são exemplos de superação”, avalia Giovanni. “Esse personagem é mais um cara babaca como tantos outros.”
Natural de São Paulo, o ator, que é formado em turismo, começou a se dedicar às artes em 2012, quando foi convidado para uma participação em “Família Imperial”, série de Cao Hamburger exibida pelo canal Futura e pelo Disney Channel Brasil. Antes, se envolveu no teatro como palhaço em um projeto social que realizava visitas em orfanatos, asilos e hospitais infantis.
No SBT, integrou o elenco do remake de “Chiquititas” e de “Cúmplices de um Resgate”. Também foi ganhador do prêmio de melhor ator no Festival de Cinema de Brasília de 2022 pelo curta “Big Bang”. Na Globo, já tentava papéis havia tempo, até ser convidado para “Justiça 2”.
“Várias produções de elenco falavam: ‘Nossa, tem um personagem que é a sua cara; seu teste foi muito bom; o diretor está aqui, fascinado com o seu trabalho’, mas sempre batia na trave”, conta. “Sempre tinha uma coisa que acontecia e chamavam outra pessoa.
Desta vez, quando Manuela Dias viu seu trabalho, apresentado pela produção de elenco, não hesitou em convocar Giovanni. “Me chamaram por causa do meu trabalho, não tem nada ligado à questão da deficiência”, comemora ele.
“Eu acho que tem muitos lugares que a gente ainda precisa ocupar, a gente ainda não foi visto em muitos lugares dentro da dramaturgia, e acho que esse era um dos lugares que a gente precisava ocupar também”, diz ele sobre o posto de vilão.
Na vida pessoal, Giovanni vive relacionamento com a dançarina Lívea Castro. Após publicar stories contando que nunca havia namorado pessoas com nanismo, um site noticiou que ele havia dito que não namoraria alguém com a deficiência, o que ele rebate: “Você acha que eu, sendo uma pessoa com nanismo, teria preconceito com outras pessoas com nanismo? Isso não tem cabimento”.
“Pegaram uma frase totalmente descontextualizada, colocada de uma outra forma. Era um vídeo que eu fiz, daqueles de caixinhas de pergunta”, diz ele. “Estou muito feliz no meu relacionamento, a minha companheira não tem nanismo, mas isso não significa nada para mim. E termino o vídeo dizendo isso: eu me interesso exclusivamente por pessoas, independente da condição física”, completou.
LUÍSA MONTE / Folhapress