RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O show de Gloria Gaynor nesta sexta (20), no Rock in Rio, pareceu um baile dos anos 1970. A diva da disco music foi uma das atrações do palco Sunset no “dia das mulheres”, com lineup quase todo dedicado a atrações femininas.
Elegante e vestida toda de branco, Gaynor mostrou que o vozeirão grave e profundo está a todo vapor mesmo aos 81 anos. Ela teve ajuda dos backing vocals, mas impressionou pela técnica e pelo sentimento que botou nas performances, sem desafinar ou sair do tom em nenhum momento.
Isso tudo para uma plateia que mal a conhecia. Antes do show começar, o Sunset estava quase vazio, mas quando ela subiu ao palco, o público já era grande -e comentava que ela era a cantora de “I Will Survive”, hino gay que gerou um dos grandes momentos deste Rock in Rio.
A performance botou abaixo a plateia, que cantou e dançou ensandecida a música –momento à altura da comoção pelo hit “Girls Just Wanna Have Fun”, com Cyndi Lauper, minutos antes, no palco Mundo. O dia, claro, era das mulheres, mas estava tomado também por homens gays, maioria no show da americana.
Foi um momento de comunhão e celebração, em que mal dava para ouvir a voz da cantora, que deixou os fãs berrarem a letra da música. A plateia pulou, se abraçou e bateu leques com as cores da bandeira do orgulho LGBTQ+.
“I Will Survive” foi o ápice do show, mas Gaynor segurou a apresentação quase toda com a energia lá em cima. Cantou músicas próprias, como “Goin’ Out of My Head”, e sua versão de “Never Can Say Goodbye”, dos Jackson 5, mas em vez de apostar em canções menos conhecidas de seu repertório, manteve o clima de banda de baile e encheu o repertório de sucessos alheios -alguns até recentes.
Foi de “Unstoppable”, de Sia, a “Killing me Softly”, de Lauryn Hill e os Fugees, passando por “Like I’m Gonna Lose You”, de Meghan Trainor, um medley de Donna Summer e “Happy”, de Pharrell. Nesta última, deixou o palco brevemente enquanto um de seus músicos assumia os microfones, cheio de energia e danças acrobáticas.
O show só ficou menos intenso em um momento gospel -temática que ela explorou em “Testimony”, disco de 2019. Gaynor também apresentou uma canção inédita, “Reaching for the Gold”, de batida disco bem a seu estilo, que disse integrar seu próximo álbum. Ela ainda afirmou que tem um documentário chamado “The Story of my Life” prestes a ser lançado.
Esta foi a oitava passagem de Gaynor pelo Brasil, desde 1995 até o ano passado. Ela teve um sucesso estrondoso nos anos 1970 durante a explosão da música disco. Bombou com “I Will Survive” em 1975 e com outros hits no auge do gênero que defende até hoje.
*O jornalista viajou a convite da Natura
LUCAS BRÊDA* / Folhapress