BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Gol Linhas Aéreas disse na quinta-feira (2) que entre os documentos apresentados pelo tutor do cachorro Joca constava laudo veterinário que atestava que o animal estava apto para viagens aéreas e que não havia qualquer limitação de tempo. O cão morreu após ter sido enviado para o destino errado pela Gol.
A declaração foi dada em resposta à Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor). O órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública notificou a companhia para que prestasse esclarecimentos sobre a denúncia da morte do cão da raça golden retriever em transporte aéreo em 22 de abril.
“Vale ressaltar que a GOLLOG, assim que identificado o transporte para Guarulhos, manteve contato com o tutor oferecendo as opções e relatando o estado do Joca até o embarque dele de retorno para Guarulhos partindo de Fortaleza. Em respeito à privacidade do sr. João [Fantazzini, tutor], essas mensagens trocadas não serão apresentadas”, disse a empresa.
Joca deveria ter sido levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop (MT), mas foi colocado de forma equivocada em uma aeronave que embarcou para Fortaleza. O animal foi mandado de volta para Guarulhos, e quando o tutor chegou para encontrá-lo, o cachorro já estava morto.
A Senacon considerou a resposta insatisfatória. Para a secretaria, a companhia ainda precisa dar informações sobre o laudo do veterinário com a causa da morte e discutir novos procedimentos para embarque de animais antes do término da suspensão de 30 dias. O prazo foi adotado pela empresa após a morte do cachorro.
De acordo com o secretário Wadih Damous, a pasta pretende estabelecer padrões para um transporte de animais adequado e confiável, evitando futuros incidentes como este. “A empresa respondeu à notificação, mas não ofereceu as respostas necessárias para entendermos o ocorrido no transporte do Joca. É pouco”, disse.
Um dos esclarecimentos solicitados diz respeito à metodologia e política de transporte de animais pela companhia, além de informações sobre os procedimentos de reparação no caso atual.
De acordo com o tutor, o veterinário tinha dado um atestado médico indicando que o animal suportaria uma viagem de duas horas e meia, mas, com o erro, Joca não suportou as quase oito horas no avião.
Com a chegada de Joca no voo de Fortaleza para Guarulhos, foi constatada a ausência de sinais de vida. A GOLLOG afirma que acionou um médico veterinário e comunicou o fato ao tutor, que já estava em Guarulhos.
“A segurança do terminal de cargas foi acionada para autorizar o ingresso do sr. João na área controlada e os colaboradores da GOLLOG o acompanharam em todo o percurso até a caixa de transporte onde estava o Joca. Nesse momento, foi informado que o médico veterinário acionado pela GOLLOG estava a caminho, entretanto o tutor solicitou a presença de um médico veterinário de sua confiança”, diz.
A empresa ainda afirma que ofereceu assistência de alimentação, transporte para quaisquer deslocamentos, hospedagem, assistência psicológica e remarcação ou disponibilização das passagens aéreas que fossem necessárias, além de remoção, necrópsia e suporte funerário.
A Gol diz que animais com mais de 10 kg viajam no porão das aeronaves, com prioridade de embarque e desembarque. A aceitação do transporte de animais depende da verificação de 29 itens, em especial a documentação apresentada pelo cliente, embalagem apropriada e hidratação.
A Senacon também pediu à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para participar das discussões sobre a regulamentação do transporte aéreo de animais, tema levantado com a morte de Joca.
O órgão do MJ quer, ainda, ouvir o tutor João Fantazzini. Ele afirma que a caixa onde o animal era transportado estava com identificação incorreta. Segundo ele, o advogado que o representa viu que a caixa tinha a inscrição “este é o cão Kiara” com destino a Manaus.
ANA POMPEU / Folhapress