SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio a uma recuperação judicial nos Estados Unidos, a Gol informou nesta terça-feira (14) que teve um prejuízo líquido ajustado de R$ 130 milhões no primeiro trimestre deste ano. No mesmo período do ano passado, a companhia havia relatado lucro ajustado de pouco mais de R$ 136 milhões.
Nos três primeiros meses deste ano, a demanda da empresa marcou 8,97 milhões de RPK, indicador que representa a quantidade de passageiros transportados por quilômetro. O número caiu 4,1% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
A queda foi impulsionada pelo mercado doméstico, no qual a empresa registrou tombo de quase 9% na demanda, na mesma base de comparação. Para passageiros internacionais, houve crescimento de 39,6%.
No mesmo período, a companhia diminuiu sua oferta em cerca de 4%.
A leva de resultados da Gol divulgada nesta terça é a primeira desde que a companhia aérea entrou com pedido de Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial no Brasil) na Justiça dos Estados Unidos, no fim de janeiro. Na ocasião, a empresa anunciou US$ 8,3 bilhões em dívidas.
Segundo a Gol, do US$ 1 bilhão garantido em financiamento de empréstimo DIP (sigla para “debtor in possession”), modalidade específica para empresas em situação financeira difícil, US$ 550 milhões foram sacados até o final do primeiro trimestre deste ano.
Em comunicado divulgado junto aos resultados, o diretor-presidente da companhia, Celso Ferrer, afirmou que a Gol manteve “uma abordagem disciplinada no controle de custos” e que a empresa avançou no processo de reestruturação.
A receita operacional líquida da empresa aérea fechou os três primeiros meses em torno dos R$ 4,7 bilhões, uma queda de 4,2% na comparação com o primeiro trimestre de 2023.
Já o Ebitda recorrente, indicador que mede a geração de caixa, cresceu 15% na comparação interanual e chegou a pouco mais de R$ 1,4 bilhão.
Entre janeiro e março, a Gol informou ter recebido duas novas aeronaves do modelo Boeing 737 MAX 8. No mesmo período, a companhia devolveu um Boeing 737 NG, como parte do processo de renovação de frota, disse a empresa aérea.
Em 31 de março deste ano, a GOL possuía uma frota de 142 aeronaves Boeing, sendo 46 modelos 737 MAX, 90 modelos 737 NG e seis cargueiros 737 800BCF.
Em fevereiro deste ano, a companhia em recuperação judicial chegou a ir à Justiça dos Estados Unidos dizer que a Latam estava envolvida em “uma campanha deliberada e coordenada” para tentar arrendar aeronaves e interferir em sua propriedade.
Na ação, a Gol citou a entrevista de Jerome Cardier, CEO da Latam, à Folha publicada no mesmo mês. “A Gol está com vários aviões parados. Quem sabe a gente pode colocá-los para voar”, disse o executivo em um trecho usado na ação.
Logo depois, a Latam afirmou ao tribunal americano que a Gol estava “abusando da lei de falência para obter informações comerciais confidenciais sobre os planos de frota da Latam”. A empresa disse também que os aviões Boeing 737 são usados por muitas aéreas no mundo.
O setor aéreo brasileiro atravessa uma crise e vem tentando negociar recursos com o governo federal. Representantes do mercado e as próprias companhias costumam reclamar da judicialização e do preço do querosene de aviação, entre outros fatores que elevam o custo operacional no Brasil, segundo o setor.
Nesta segunda-feira (13), a Azul divulgou um prejuízo líquido ajustado de R$ 324,2 milhões no primeiro trimestre. O número representa uma melhora de 55% em relação ao resultado negativo registrado pela companhia aérea no mesmo período do ano passado.
Apesar do prejuízo, a companhia divulgou recorde no Ebitda, que mede a geração de caixa, para um primeiro trimestre. O indicador alcançou a marca de R$ 1,4 bilhão, crescimento de 37,4% na comparação com o início do ano passado.
Também neste mês, a Latam divulgou um lucro líquido aos controladores para o primeiro trimestre de pouco mais de R$ 258 milhões.
RAIO-X | GOL
Fundação: 2001
Prejuízo líquido ajustado no 1º trimestre de 2024: R$ 130,2 milhões
Frota: 142 aeronaves Boeing, em 31 de março de 2024
Funcionários: 13.694
Principais concorrentes: Azul e Latam
PAULO RICARDO MARTINS / Folhapress