SYDNEY, AUSTRÁLIA (UOL/FOLHAPRESS) – Atual melhor goleira do mundo e eleita a melhor da Copa, Mary Earps demorou até se firmar na Inglaterra. Peça importante durante o torneio, a jogadora do Manchester United decolou com a confiança da técnica Sarina Wiegman e ajudou a Inglaterra a chegar até a decisão do torneio.
LINHA DO TEMPO
Earps fez a estreia no time principal da Inglaterra somente em 2017 e foi chamada depois para a Copa do Mundo de 2019.
Com muita concorrência, ela era a quarta opção na posição e competia com nomes como Karen Bardsley, Carly Telford e Ellie Roebuck.
Copa do Mundo feminina
Em novembro de 2019 a arqueira foi titular contra a Alemanha, mas precisou de quase dois anos para voltar a ser convocada.
A chegada de Sarina mudou tudo para Earps, que terminou sendo a titular inglesa na Eurocopa e na Copa do Mundo.
Earps ganhou a luva de ouro e foi eleita a melhor goleira da Copa de 2023. Mesmo com a derrota na final para a Espanha, ela defendeu um pênalti de Hermoso e teve atuações de peso no vice-campeonato da Inglaterra.
PENSOU EM DESISTIR
Quando ganhou o prêmio de melhor do mundo, a arqueira disse “obrigada aos meus entes queridos que me pegaram no chão da cozinha alguns anos atrás. Isto é para quem já esteve em um lugar escuro. Há uma luz no fim do túnel.”
Para Mary Earps, de 30 anos, essa luz se manifestou em 2021. Ela já estava sem esperanças de voltar a ser chamada quando recebeu uma ligação da então nova treinadora Sarina Wiegman a convocando. Na época, ela não era titular no Wolfsburg, mas a passagem pela Alemanha foi importante. Anos antes, Earps fazia o que podia para equilibrar empregos de meio período para financiar a gasolina necessária para ir aos treinos.
Uma grave lesão de Ellie Roebuck acabou ajudando a goleira a ressurgir. Mary foi para a Copa de 2019 como terceira opção de Phill Neville. Depois disso, o treinador nunca mais a chamou.
“Nunca pensei que estaria em um time para um grande torneio novamente, muito menos começar uma final. Me lembro dos dias em que me sentia muito mal. Cheguei a um ponto em que senti que tinha chegado ao meu limite. Eu tinha dado uma boa chance ao futebol, mas não era bom o suficiente. Eu tinha responsabilidades, uma hipoteca e não estava dando certo”, disse Earps à BBC após a Euro.
SUPEROU
Na última temporada, foi a única a atuar em todos os jogos da liga inglesa e também a menos vazada.
Na Euro, a goleira começou todos os seis jogos da Inglaterra e foi fundamental para o título, sofrendo apenas dois gols no torneio. Antes, quando foi escolhida para ser titular, viu diversos críticos questionando a decisão de Wiegman.
Um dos que ajudou Earps nesse processo foi David De Gea, ex-goleiro do time masculino do United. Os dois trocam mensagens com dicas ou parabenizando por jogos com certa frequência.
Earps concluiu um curso de gerenciamento de informações e estudos de negócios na Loughborough University e tem um certo fascínio por negócios. Na pandemia, ela fez um curso de empreendedorismo.
PEDIU A CAMISA
Logo antes da Copa, Mary Earps disse que gostaria de comprar uma camiseta sua, mas ficou chateada quando descobriu que o item não estaria disponível para venda.
A Nike não produziu camisas de goleiras de nenhuma seleção da Copa.
“Para minha própria família, amigos e entes queridos não poderem comprar minha camisa, em um nível pessoal é realmente difícil. (…) É extremamente doloroso. Houve um aumento incrível da participação dos goleiros”, disse.
Durante o Mundial, Earps foi perguntada sobre o assunto e reafirmou que gostaria de ver à venda, mas preferiu não se aprofundar no tema justificando foco na Copa.
LUIZA SÁ / Folhapress