Governo anuncia projetos para isenção e novos encargos para 2026 e o que importa no mercado

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Governo anuncia projetos para isenção e novos encargos para o IR do próximo ano, Tesla é atingida pela bala perdida chamada Elon Musk e outros destaques do mercado nesta quarta-feira (19).

**RICOS NA MIRA**

Em projeto assinado pelo presidente Lula (PT) nesta terça-feira (18), o governo propôs a retenção na fonte de 10% sobre dividendos pagos por empresas a pessoas físicas quando esse valor superar R$ 50 mil por mês.

Por quê? A medida faz parte dos planos do Ministério da Fazenda de Fernando Haddad para taxar a renda dos mais ricos. Ela vem associada ao aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda.

Segundo o ministro, isso concentra os tributos em quem tem uma renda maior e onera menos aqueles que não fazem tanto dinheiro assim. Ainda, a taxação dos dividendos ajuda a equilibrar o buraco deixado por quem deixaria de pagar o IR caso o projeto dê certo.

↳ Se for aprovado ainda neste ano, a retenção na fonte começa em 2026.

Hoje, a distribuição de lucros e dividendos é isenta de tributos. A medida atingiria, na prática, quem ganha a partir de R$ 600 mil por ano.

A alíquota começa em zero e cresce de forma linear, até bater os 10% para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano (só em proventos).

ARREDONDAR PARA CIMA

A estimativa inicial para a alíquota sobre dividendos era de 7,5%. O desenho final da proposta cobra mais. Assim, o governo tem uma gordurinha extra para negociar no Congresso Nacional – que já se mostra resistente à ideia.

DE DENTRO PARA FORA

A taxação vai pegar também os estrangeiros que recebem proventos de companhias brasileiras. Para eles, não haverá valor mínimo para a retenção do imposto na fonte – todo valor será taxado.

Essa é uma forma de impedir que brasileiros passem a investir via contas estrangeiras para fugir dos tributos.

EM NÚMEROS:

– R$ 850 milhões são recebidos em dividendos por residentes no Brasil;

– R$ 300 bilhões são enviados para o exterior;

– R$ 34,12 bilhões é quanto o governo espera arrecadar com a retenção do imposto em 2026;

Dentre a arrecadação total, R$ 25,22 bilhões devem ser angariados sobre a remessa de dividendos ao exterior.

TIRA E DEVOLVE

Uma parte do que for arrecadado será devolvida aos contribuintes no ano seguinte, nos casos em que a alíquota efetiva – ou seja, o imposto que realmente pagam – já supere os 10% do imposto mínimo. A retenção, neste caso, seria uma dupla cobrança.

SIM, MAS…

A proposta de Haddad enfrenta resistências no Congresso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também defende a isenção, porém não concorda com a taxação dos mais ricos.

“Queremos discutir mais. Queremos discutir também pontos importantes no que diz respeito às isenções tributárias que hoje o Brasil tem”, disse Motta.

“Mudar para melhor, pode. Para piorar, jamais”, Lula respondeu.

**MUSK RODA NA GUERRA COMERCIAL**

A cidade de Toronto, no Canadá, anunciou ontem que cortou os incentivos financeiros para veículos Tesla comprados como táxis ou para caronas compartilhadas. A medida foi justificada como parte da resposta às tarifas impostas pelos EUA ao país vizinho.

ENTENDA

Toronto está incentivando seus moradores a adotar carros elétricos. Para isso, oferece uma redução nas taxas de licenciamento e renovação de aluguéis desses automóveis até o final de 2029.

Desde o início deste mês, os carros da Tesla, montadora de Elon Musk, não são mais elegíveis aos incentivos.

A prefeita da cidade, Olivia Chow, defende retrucar as tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump ao Canadá – 25% sobre os produtos importados da nação.

O país devolveu anunciando 29,8 bilhões de dólares canadenses (R$ 118,3 bilhões) em taxas retaliatórias sobre os EUA.

“Nós dissemos que se você quiser comprar um Tesla, vá em frente, mas não conte com o dinheiro do contribuinte para subsidiá-lo”, comentou a prefeita.

TESLA EM APUROS

Elon Musk esteve ao lado de Trump durante toda a campanha eleitoral, e desde janeiro, encabeça o Departamento de Eficiência Governamental americano (apelidado de Doge), criado neste mandato.

A fabricante de carros do megaempresário está enfrentando dificuldades, advindas, sobretudo, das falas e ações do próprio chefe.

Um gesto feito por Musk na cerimônia de posse de Trump foi interpretado como uma referência ao nazismo alemão por alguns, o que provocou um boicote à marca. Vendas e ações caem, enquanto concessionárias são vandalizadas.

Na Alemanha, as vendas da Tesla caíram 76% em relação ao mesmo período do ano passado.

Trump quer revogar muitos dos incentivos que seu antecessor democrata, Joe Biden, havia criado para a venda de carros elétricos. O portfólio da Tesla é formado exclusivamente por esse tipo de veículo, o que implica que ela também será atingida.

Uma parte da clientela da fabricante –que procura veículos elétricos– é composta por pessoas que se preocupam com a emissão de gases estufa. Com a defesa de Trump de combustíveis fósseis, elas não veem a Tesla como opção sustentável.

**A MAIOR COMPRA DA HISTÓRIA DO GOOGLE**

A Alphabet, dona do Google, acertou a compra da startup de cibersegurança Wiz por US$ 32 bilhões (R$ 181 bilhões), a maior aquisição na história do grupo. A informação foi revelada pelo Wall Street Journal.

QUEM?

A Wiz fornece serviços de segurança para dados armazenados na nuvem. Foi fundada por ex-alunos da unidade de inteligência cibernética de elite de Israel em 2020.

A empresa chamou a atenção no mundo dos softwares pelo crescimento impressionante em poucos anos. Ela conseguiu surfar na onda de migração das operações das empresas para a nuvem e acumular muitos clientes no trajeto.

Em 2024, atingiu US$ 500 milhões (R$ 2,83 bilhões) em receita recorrente anualizada e pretende dobrar o valor neste ano.

“Receita Recorrente Anualizada” é uma métrica usada por empresas que faturam com serviços sob assinatura ou softwares. Ela oferece uma visão da receita anual medida pelos acordos e contratos vigentes.

POR QUÊ?

Em uma era que olha cada vez mais para o desenvolvimento e refinamento da inteligência artificial, é necessário (ao menos tentar) estar um passo à frente no que diz respeito à cibersegurança.

Com a compra, a Alphabet mostra que está de olho no setor de softwares de nuvens e em novas formas de criar segurança para dados – antes que se torne vulnerável.

PRESSÃO BAIXA

A aquisição acontece em um momento mais lento do que o esperado para o mercado.

Investidores previam um ambiente propício para fusões durante o mandato de Trump e estavam otimistas com o que viria a ser a economia sob o novo governo.

A guerra comercial, as tarifas e a animosidade no comércio internacional frustraram essas expectativas – as companhias estão procurando segurança, em vez de aventuras.

Alguns temiam que muitas empresas da tecnologia se fundissem e, com isso, algumas ganhassem mais poder do que já têm. O próprio vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, disse acreditar que as big techs “têm poder demais”.

SAIU PELA CULATRA

Uma ação civil coletiva representando mais de 200 vítimas da criptomoeda $Libra, divulgada no X por Javier Milei, antes de colapsar, foi apresentada à Suprema Corte de Nova York, nos EUA, na segunda-feira.

RETOMANDO

Em fevereiro, Milei publicou um projeto que incentiva o investimento na criptomoeda $Libra para financiar pequenas empresas. O post na rede social X trazia um link para a iniciativa e uma imagem afirmando que ela era dedicada a promover o crescimento da economia argentina.

Com a repercussão entre os apoiadores do ultraliberal, a cotação do token disparou, e quem já o possuía, vendeu os ativos em alta – lucrou a beça. Quem ajudou a moeda a subir acabou perdendo muito dinheiro, já que o valor caiu muito depois da manobra.

↳ Deu o que falar na Argentina e o Congresso propôs investigar o presidente. A medida não foi para frente.

“Controlaram o preço e manipularam a dinâmica do mercado. Tiraram US$ 107 milhões de investimento (R$ 606 milhões), causando o colapso imediato de 94% do valor da criptomoeda”, escreve o processo.

OUTROS PERSONAGENS

O jornal local La Nación e o portal de notícias especializado em criptomoedas CoinDesk obtiveram mensagens de um dos criadores da $Libra, Hayden Davs, afirmando que fazia pagamentos ao governo argentino.

O dinheiro seria enviado à irmã do mandante, Karina Milei, que é secretária-geral da Presidência.

Davis e Milei se encontraram no ano passado.

OS ALVOS

O novo processo é conduzido pelo escritório de advocacia Burwick Law, voltado para ações do universo cripto. Ele foi protocolado nos EUA porque contempla pessoas de diferentes nacionalidades. Os acusados são:

Família Davis, dona da Kelsier Ventures, empresa responsável por divulgar e lançar a $Libra;

Julian Peh, da Kip Protocol, companhia de infraestrutura de IA (que também se reuniu com Milei);

Benjamin Chow, da Meteora, plataforma de finanças ligadas a ativos semelhantes.

E MILEI?

O processo o menciona ao dizer que “os esforços de promoção da $Libra receberam o apoio de alto nível do presidente da Argentina”, o que “criou uma aparência de legitimidade”.

O QUE PODE ACONTECER…

É incerto. Até o momento, o prejuízo para o ultraliberal argentino seria fazer com que um tema sensível ganhasse projeção nos EUA, um país muito importante para a sua política externa.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

É HOJE…

Copom divulgará taxa de juros. Qual a aposta? O mercado financeiro dá como certo que Selic terá alta de um ponto percentual e atingirá 14,25% ao ano.

UM FANTASMA RONDA O GOVERNO

O reajuste dos servidores públicos está atrasado – só pode sair com a aprovação da LOA (Lei Orçamentária Anual), que também está atrasada. Com isso, a ameaça de greve volta a assombrá-lo.

NOVIDADE ELETRIZANTE

A BYD anunciou o lançamento de baterias para carros elétricos com carregamento em cinco minutos, o que empolgou o mercado – as ações da fabricante subiram mais de 6% ontem na Bolsa de Hong Kong.

EM FAMÍLIA

Indicado de Lula para compor a diretoria da ANM (Agência Nacional de Mineração) – que fiscaliza mineradoras – José Fernando de Mendonça Gomes, tem filho e mulher trabalhando em empresas do setor.

AMINIMIGOS

Depois de rumores sobre confusões internas, Azzas 2154 afirma que não pensa em cisão. Há especulações de separação entre as duas empresas que compõem a holding: a Hering e a Arezzo&Co.

LUANA FRANZÃO / Folhapress

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