SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Governo de São Paulo vai contratar professores para um programa de recuperação em matemática e em língua portuguesa, voltado a escolas com notas baixas.
O projeto-piloto, publicado nesta terça-feira (25) em uma resolução da secretaria estadual de Educação, envolve a contratação de 400 docentes, 200 para cada disciplina. Eles darão três aulas semanais a estudantes do fundamental 2 (6º a 9º ano) de 200 escolas selecionadas por 20 diretorias de ensino da capital.
Segundo a pasta da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), serão investidos R$ 21 milhões nesse programa, que acontece no segundo semestre, e a intenção é expandir em 2025 no total, a rede de ensino paulista tem mais de 5.000 escolas e mais de 3,2 milhões de alunos.
Serão escolhidas escolas que estão abaixo da média no Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo), que mede quanto os alunos aprenderam e em quanto tempo. Para isso, o índice se baseia no desempenho dos estudantes no Saresp, sistema de provas aplicadas pelo governo estadual no 3º, 5º, 7º e 9º ano do ensino fundamental, além do 3º ano do ensino médio.
A resolução definirá que as turmas de recuperação deverão ter, no máximo, 15 alunos. Os professores poderão fazer turmas para cada ano escolar ou misturando estudantes de diferentes séries, com base em suas defasagens. A recuperação acontecerá em parte do horário da grade curricular já dedicada a português e a matemática.
O governo afirma que a prioridade serão alunos com dificuldades básicas em leitura, escrita e operações matemáticas. Os estudantes serão selecionados pelos seus professores de português e matemática em conjunto com os contratados para o programa de recuperação. Além do Saresp, serão consideradas as notas dos alunos na Prova Paulista, aplicada pelo governo a cada bimestre nas escolas.
O grupo selecionado para a recuperação fará ainda uma prova diagnóstica para avaliar a defasagem e o nível de aprendizagem em cada uma das disciplinas.
O material didático, que, segundo o secretário de Educação, Renato Feder, já está na gráfica para impressão, será dividido em quatro cores, cada uma para um nível. Conforme o aluno avança, ele passa do vermelho para o amarelo, o verde e o azul.
Feder, que tem uma carreira como empresário de tecnologia e é conhecido, e muitas vezes criticado, por centrar esforços em plataformas digitais para as escolas estaduais, ressaltou que o material da recuperação será impresso. No ano passado, ele havia dado início a um plano de trocar todos os livros didáticos impressos do fundamental 2 por material digital, e teve de recuar depois da forte reação negativa da sociedade.
O secretário também afirmou à Folha de S.Paulo que “a maioria desses encontros [da recuperação] não envolve a tecnologia”. “Teremos alguns momentos em que os alunos farão alguns exercícios no computador para percebermos a evolução deles. Será uma vez por semana ou uma vez a cada duas semanas”, afirmou.
Segundo ele, a secretaria deve publicar nos próximos dias o edital para a contratação dos professores, que passarão por formação entre o final de julho e começo de agosto.
Na metade de agosto, de acordo com Feder, a recuperação deverá começar. “Essas aulas serão quase como particulares”, afirmou o secretário. “Esperamos que esses professores tutores consigam resgatar alunos com defasagem maior. Vamos medir se dois, três meses serão suficientes para isso. Conforme os primeiros alunos selecionados evoluírem, outros poderão ser chamados para a recuperação.”
PROCESSO SELETIVO
O processo seletivo para os tutores acontecerá em julho e será aberto a professores da rede ou que tenham contratos temporários. Além da prova, haverá entrevista dos candidatos com os diretores regionais de ensino. A prioridade será dada àqueles com formação em pedagogia ou curso normal superior e em licenciaturas de português e matemática.
Cada uma das 200 escolas do projeto-piloto receberá dois tutores, um de português e um de matemática, e eles terão jornadas de 25 horas semanais.
Dois pesquisadores em disparidade educacional e em programas internacionais de recuperação de aprendizagem, professores de Educação da Universidade de Stanford (Estados Unidos), irão avaliar o impacto do projeto de tutoria de São Paulo: o brasileiro Guilherme Lichand e a norte-americana Susanna Loeb.
LAURA MATTOS / Folhapress